
Bemisia tabaci é popularmente conhecida como mosca-branca, sendo uma das principais pragas agrícolas no Brasil e no mundo.
Classificação taxonômica:
- Domínio: Eukaryota (organismos com células eucarióticas; contêm núcleo celular e organelas membranosas)
- Reino: Animalia (organismos multicelulares heterotróficos que se alimentam por ingestão)
- Filo: Arthropoda (caracterizado por animais com corpo segmentado, exoesqueleto quitinoso e apêndices articulados)
- Classe: Insecta (insetos, grupo caracterizado por três pares de pernas, corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen, e geralmente presença de asas)
- Ordem: Hemiptera (insetos que possuem aparelho bucal adaptado para sugar seiva vegetal)
- Subordem: Sternorrhyncha (insetos fitófagos especializados, como cochonilhas, pulgões e moscas-brancas)
- Família: Aleyrodidae (família específica das moscas-brancas, caracterizada por pequenos insetos brancos ou amarelados que infestam plantas)
- Gênero: Bemisia (gênero que inclui várias espécies de moscas-brancas especializadas em hospedeiros vegetais)
- Espécie: Bemisia tabaci
No Brasil, são reconhecidos pelo menos quatro biótipos diferentes: B, Q, BR e N.
- Biótipo B: o mais comum e amplamente distribuído no Brasil. É considerado um vetor eficiente de diversos vírus de plantas.
- Biótipo Q: também conhecido como MEAM1 (“Middle East-Asia Minor 1”). Trata-se de biótipo invasor originário da região do Mediterrâneo. Cientistas o consideram um vetor mais eficiente de vírus em comparação com o biótipo B.
- Biótipo BR: nativo do Brasil. Tem sido relatado principalmente em regiões de climas tropical e subtropical. É menos eficiente na transmissão de vírus em comparação com o biótipo B.
- Biótipo N: ainda pouco estudado no Brasil. Foi identificado em algumas regiões do país a partir de 2015.
Culturas atacadas
A mosca-branca possui um amplo espectro de plantas hospedeiras. Entre as culturas de interesse econômico mais afetadas estão: soja, algodão, feijão, tomate, pimentão, batata, repolho, melão, abóbora e uva.
Além disso, várias plantas daninhas também podem hospedar a praga, mantendo sua presença durante a entressafra.
Biologia
A mosca-branca apresenta metamorfose incompleta. Ela passa por um ciclo de desenvolvimento que inclui três estágios principais: ovo, ninfas (juvenis) e adulto, sem uma fase de pupa verdadeira como ocorre na metamorfose completa.
- Ovos: são pequenos, alongados e geralmente depositados na face inferior das folhas. Eles são inicialmente de cor clara, mas escurecem à medida que o embrião se desenvolve.
- Ninfas: emergem e permanecem fixadas na planta, alimentando-se continuamente da seiva floemática. As ninfas passam por quatro ínstares, sendo que o primeiro ínstar é móvel (chamado de "crawler"), enquanto os demais são sésseis.
- Pupa: no último instar, as ninfas entram na fase de pupa, caracterizada por mudanças morfológicas que preparam o inseto para a fase adulta.
- Adulto: são pequenos insetos alados, com aproximadamente 1 mm de comprimento, de coloração branca ou amarelada. Eles possuem asas cobertas por uma camada de cera, que confere a aparência branca característica.
A reprodução pode ser sexual ou partenogenética, sendo influenciada por fatores como temperatura e disponibilidade de alimento.
Uma fêmea pode colocar de 100 a 300 ovos durante sua vida. O ciclo completo varia de 20 a 26 dias, dependendo da planta hospedeira.
Ecologia
O inseto é altamente adaptável e ágil, podendo voar longas distâncias auxiliado pelo vento.
Ele se alimenta sugando a seiva das plantas, causando danos diretos e indiretos.
As populações podem se manter altas durante a entressafra em plantas daninhas, aumentando a pressão na safra seguinte.
Danos
Os danos causados pela mosca-branca incluem:
- Sucção da seiva: adultos e ninfas sugam a seiva das plantas, enfraquecendo-as e reduzindo o crescimento e a produtividade. Pode levar ao murchamento e queda precoce de folhas.
- Toxinas: durante a alimentação, a mosca-branca injeta toxinas que causam desordens fisiológicas na planta, como deformações nas folhas e redução da capacidade fotossintética.
- Excreção de honeydew: a liberação de substâncias açucaradas (honeydew) cria uma camada pegajosa nas folhas, que serve de substrato para o crescimento de fungos como a fumagina. Isso reduz a fotossíntese e compromete a qualidade e produtividade das plantas.
- Transmissão de vírus: a mosca-branca é vetor de geminivírus e de outros vírus que causam doenças que podem levar à redução drástica da produtividade.
- Aumento da pressão de outras pragas: a presença da mosca-branca e os danos que ela causa podem favorecer o desenvolvimento de outras pragas e doenças na cultura.
Controle
O manejo da mosca-branca exige uma abordagem integrada:
- Controle cultural: uso de mudas saudáveis e eliminação de plantas hospedeiras e restos culturais.
- Controle químico: uso criterioso de inseticidas, respeitando o intervalo de segurança e evitando aplicações consecutivas do mesmo princípio ativo, conforme preconizado pelo IRAC.
- Controle biológico: apesar de limitado no Brasil, o uso de fungos entomopatogênicos como alternativa ao controle químico tem mostrado potencial promissor.
- Controle legislativo: adoção de períodos de vazio sanitário e escalonamento do plantio para evitar picos populacionais.
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