Como o Brasil pode mudar seu papel no mercado global de trigo
Por Isadora Jaeger, especialista agronômica da Agrobravo
Na cultura do milho, o preparo periódico do solo proporciona diversos efeitos para sua implantação, sendo um deles a velocidade de emergência de plântulas.
O milho (Zea mays L.) está entre os três cereais mais cultivados do mundo (Teixeira & Costa, 2010); somente no Brasil, a produção foi cerca de 70 milhões de toneladas na safra 2015/2016, o que manteve o país como o terceiro maior produtor do mundo (CONAB, 2016). Essa grande produção é parte destinada a indústria de alimentos para obtenção de produtos como: milho doce em conserva, farelo, fubá, farinha de milho, etc; e outra parte destinada a alimentação animal, como exemplo a silagem.
Para que a produção atinja resultados significantes, é necessário o cuidado constante desde o preparo do solo até a colheita. Isso inclui o tempo para a emergência de plântulas que, em condições ideais ocorre de quatro a cincos dias após a semeadura, enquanto que, em condições desfavoráveis esse tempo pode ser prolongado em duas semanas ou mais (Magalhães & Durães, 2002). Outro ponto importante que deve ser analisado é o tipo de preparo de solo utilizado.
O sistema de plantio convencional é muito utilizado na cultura do milho, pois é responsável por proporcionar melhoras na eficácia de desenvolvimento da planta e dos atributos do solo, além de diminuir ou eliminar possíveis problemas causados por certas pragas, visto que este tipo de plantio é o que causa mais danos (Oliveira & Bezerra, 2013). Entretanto, os equipamentos utilizados no preparo de solo podem influenciar no desenvolvimento e na produtividade do milho.
O preparo de solo convencional proporciona diversos efeitos para a instalação e manutenção da cultura do milho. Isto posto, foi conduzido um estudo em um dos campos experimentais da Universidade Federal de Viçosa, Campus Rio Paranaíba – MG, que possui média de 1100 metros de altitude, com o objetivo avaliar a influência do arado de discos, enxada rotativa e da grade aradora intermediária no processo de velocidade de emergência de plântulas híbrido MG 744 MORGAN. A área foi classificada como um LATOSSOLO VERMELHO – AMARELO distrófico, textura argilosa, sendo cultivada com grãos desde o ano 2014 com os mesmos sistemas de preparo.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado (DIC) com três tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos do preparo de solo: arado de discos, grade aradora intermediária e enxada rotativa. Assim, resultando em um total de doze unidades experimentais, onde cada parcela é constituída por uma área de 100 m² (10 x 10 m), estas são separadas por espaços, também de 100 m², destinados ao tráfego de máquinas, manobras e regulagens dos equipamentos.
Na semeadura do milho para silagem, utilizou-se o híbrido MG 744 MORGAN que apresenta um ciclo de 115 dias (do plantio até a colheita de grãos), em um estande de 72.000 sementes ha-1 e produtividade esperada de 50.000 kg de grãos ha-1, espaçamento entre as fileiras de 50 cm e em torno de 60 dias para ensilar. A semeadura foi feita em uma profundidade média de três cm, utilizando MAP 10 50 00 em uma dosagem de 300 kg ha-1 como adubo de plantio, para a adubação de cobertura foi utilizado ureia protegida em uma dosagem de 400 kg ha-1, não foi efetuado nenhum tratamento das sementes.
Para a determinação da contagem do número de plântulas emergidas foi utilizado um intervalo de dois metros na fileira central. Segundo Carvalho Filho et al. (2006) considerou-se como plântula emergida aquela que rompesse o solo, podendo ser vista a olho nu, de algum ângulo qualquer. A demarcação de dois metros na fileira central foi efetuada da seguinte forma: iniciando-se no limite da parcela, mediram-se dois metros, fixou-se uma estaca, a partir dessa estaca mediram-se mais dois metros, onde fixou uma segunda estaca, assim a contagem das plântulas emergidas foi feita no intervalo entre as estacas. Logo, a contagem foi efetuada diariamente até que houve a estabilização do número de plântulas por três dias consecutivos, de acordo com o proposto por Silva (2002), então se obteve a partir da equação (1) (Edmond e Drapala, 1958), o número médio de dias para a emergência de plântulas.
Em que: M - número médio de dias para a emergência das plântulas de milho; N1 - número de dias decorridos entre a semeadura e a primeira contagem de plântulas; G1 – número de plântulas emergidas na primeira contagem; N2 - número de dias decorridos entre a semeadura e a segunda contagem de plântulas; G2 - número de plântulas emergidas entre a primeira e a segunda contagem; Nn - número de dias decorridos entre a semeadura e a última contagem de plântulas; Gn - número de plântulas emergidas entre a penúltima e a última contagem. Os dados coletados foram tabulados e submetidos à análise de variância e em seguida aplicou-se o teste de Tukey para comparação entre as médias.
Os sistemas de preparo de solo não influenciaram estatisticamente no número médio de dias para a emergência das plântulas de milho (Tabela 1), concordando com o apresentado por Magalhães & Durães (2002). Observações semelhantes foram verificadas por Nagahama et al. (2016), onde avaliaram os atributos agronômicos do sorgo forrageiro submetido a cinco sistemas de preparo do solo e quatro velocidades de deslocamento do conjunto mecanizado, em que, não houve diferença estatística na velocidade de emergência das plântulas.
Não existiu diferença estatística também para a média do número de plântulas emergidas no último dia de avaliação em cada tratamento assim, pode-se deduzir que a semeadura foi feita de forma homogênea e eficaz. Em vista disso, há uma semelhança com os resultados de Carvalho Filho et al. (2006), que avaliaram o efeito de cinco equipamentos de preparo do solo sobre o desenvolvimento e a produtividade da cultura da soja (Glycine max L. (Merril)), onde não obtiveram diferença estatística na marcha de emergência das plântulas de soja.
Pelos dados apresentados pela Tabela 2 é possível verificar que o equipamento de preparo convencional do solo utilizado não inferiu na produtividade do milho para silagem. Portanto, é possível recomendar o uso de qualquer máquina para a realização do preparo primário do solo. Entretanto, por proporcionar melhor capacidade operacional (Silva, 2015), a grade aradora é mais recomendada para a realização do preparo do solo.
A escolha da máquina e/ou implemento agrícola utilizado no preparo do solo é um ponto a ser observado com cautela, visto que o equipamento de preparo de solo utilizado pode provocar maior, ou menor erosão do solo, como por exemplo: caso haja problemas de erosão laminar de solo, a grade aradora não é recomendada para o preparo do solo, pois a ação da máquina promove maior revolvimento da camada superficial do solo, predispondo este ao risco da erosão.
Os equipamentos de preparo de solo utilizados neste trabalho não reduziram a velocidade de emergência e produtividade do milho silagem, quando comparados entre si (Tabela 1 e Tabela 2). Isso demonstra que a utilização destes promove um preparo de solo adequado com boas condições às sementes e às plantas e, consequentemente, sucesso no estabelecimento da cultura no campo (Modolo et al., 2011).
O bom preparo de solo proporcionado por estes equipamentos alteram positivamente as pressões laterais que atingem as sementes e, assim, melhoram a emergência das plântulas (Stout et al., 1961). Além disso, o bom condicionamento do solo destaca-se como um fator importante de estabelecimento da cultura no campo (Brown et al., 1996).
Então, com o resultado deste trabalho, pode-se concluir que mesmo sendo utilizados sistemas de preparo diferentes não houve influência na velocidade de emergência das plântulas de milho, no número de plantas emergidas no último dia analisado e produtividade do milho para a silagem. Sendo assim, todas as máquinas avaliadas podem ser consideradas eficazes para o preparo do solo, perante as variáveis avaliadas da cultura do milho, no entanto é preciso considerar as condições locais e do produtor para a escolha correta do equipamento a ser utilizado.
Luiz Fernando Costa Ribeiro Silva; Letícia Almeida; Lucas Oliveiros de Andrade; Alberto Carvalho Filho; UFV
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