Tratos culturais em abacaxi – tratamento de indução da floração

Pesquisador explica como uniformizar o florescimento e a frutificação do abacaxizeiro, concentrando a colheita num período curto e de melhor perspectiva econômica.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

As épocas de floração e colheita do abacaxizeiro podem ser antecipadas de modo artificial, com o uso de alguns produtos químicos aplicados no "olho" ou roseta foliar da planta. Essa é uma prática comum e importante para a exploração comercial do abacaxizeiro, tendo em vista que a produção com base na floração natural é incerta e desuniforme. A finalidade é uniformizar o florescimento e a frutificação, concentrando a colheita num período curto e de melhor perspectiva econômica. Serve também para distribuir a produção durante alguns meses, em função da procura de frutos.

A substância mais usada é o carbureto de cálcio, que pode ser preparado do seguinte modo: em uma vasilha com capacidade para 20 litros e com tampa, colocam-se 12 litros de água limpa e fria, e em seguida 50 a 60 gramas de carbureto de cálcio; fecha-se bem a tampa e sacode-se a vasilha, até não se ouvir mais a efervescência ou chiado da reação. Logo depois, coloca-se a água com o carbureto em uma outra vasilha que tenha uma mangueira, ou então em um pulverizador costal do qual tira-se o bico (para evitar pressão no líquido), e aplicam-se 50 ml da solução (mais ou menos um copinho de café) no "olho" da planta.

A mistura do carbureto com a água pode ser preparada do mesmo modo, no próprio pulverizador. Neste caso, para evitar entupimentos e desgaste ao equipamento, o carbureto de cálcio deve ser colocado num saquinho de aninhagem ou pano, antes de ser misturado na água para dissolver. 0 carbureto pode ser aplicado também na forma sólida (cerca de 0,5g por planta) em períodos chuvosos, contanto que tenha água no centro da roseta foliar.

Outra substância que pode ser usada é o etefon (produto comercial Ethrel ou similar), que é aplicado por pulverização sobre toda a planta ou também no centro da roseta foliar. A solução é preparada do seguinte modo: num pulverizador costal, colocam-se 20 litros de água, mais 10 a 20 mL) do produto comercial Ethrel (24% ingrediente ativo) e acrescentam-se 400 gramas de uréia e sete gramas de cal de pintura. Depois de preparada, aplicam-se de 30 a 50mL da solução por planta.

Em dias mais quentes, a indução floral com o etefon tende a ser menos eficiente e também pode causar diminuição no número de mudas produzidas pela planta. Um outro aspecto que deve ser considerado é que a pulverização com o etefon sobre toda a planta pode determinar florescimento precoce em mudas do tipo rebentão, porventura existentes por ocasião do tratamento de indução floral.

A aplicação dos produtos indutores da floração deve ser feita à noite ou nas horas menos quentes do dia (início da manhã ou final da tarde), ou ainda em dias nublados, sempre em plantas com mais ou menos um ano de idade e bem desenvolvidas. Isto é, as plantas devem ter um metro ou mais de altura e a folha mais comprida (folha ‘D’) deve estar com 80 g ou mais. Observar, também, o desenvolvimento da planta, pois quanto maior a base ou tronco da planta, maior será o fruto. Na definição da melhor época para a indução da floração, deve-se considerar a possibilidade de colher os frutos num período quando os preços sejam mais altos, a exemplo de fevereiro a maio. Mas, em geral, a colheita na região deve se estender, no máximo, até outubro. Levar em conta que o espaço de tempo entre o tratamento de indução da floração e a colheita é de, aproximadamente, cinco a seis meses.

Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical

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