A importância da nutrição complementar no combate à broca da cana
Estima-se que até 5 bilhões de reais são perdidos anualmente devido a essa praga no Brasil
Ao longo do tempo, os test drives de máquinas executados para a revista Cultivar Máquinas tomaram o rumo da contextualização. Mais que testar uma máquina, especificamente relatando suas características e sua performance no campo, nossos testes passaram a relatar experiências de produtores, em culturas específicas, utilizando os diferentes modelos comerciais das máquinas. Portanto, após vários testes com os tratores LS, inseridos em realidades específicas, como horticultura, fruticultura, videira e produção leiteira, para esta edição de dezembro trazemos ao leitor da revista Cultivar Máquinas uma situação bastante interessante e característica, que é a produção de frutas de mesa, especificamente o caju, a pitaia e a lichia, em que o cliente utiliza o trator LS modelo R65.
Para conhecer melhor a inserção do modelo R65 nestas culturas fomos visitar o maior produtor de caju do estado de São Paulo, senhor Donizete Aparecido Leme, proprietário do Sítio Cajueiro e produtor da marca Caju Nogueirense, no bairro São Bento, zona rural do município de Artur Nogueira, São Paulo.
O cajueiro é uma árvore de médio porte, grande para uma frutífera, e que impõe certas restrições à movimentação de máquinas, principalmente nas atividades de roçada e transporte. O fruto do cajueiro (Anacardium occidentale) é a castanha, e o caju, tido como fruto de mesa, na verdade é um pseudofruto, ou seja, uma massa suculenta que se forma entre o pedúnculo floral e a castanha. Muito gostoso e visualmente muito atraente, este produto tomou um grande valor comercial ao longo dos anos, principalmente no centro do País. Contudo, devido às condições climáticas do estado de São Paulo não serem tão adequadas para a produção da castanha como na região Nordeste do País, esta passa a ser considerada como um subproduto do caju.
A variedade CCP76, instalada no Sítio Cajueiro, foi desenvolvida pela Embrapa e é denominada Caju Vermelho, próprio para consumo como fruto de mesa. É uma variedade de caju anão, assim denominado, pois tende a estender os ramos, a partir do tronco, para os lados, que se curvam e inclusive chegam a tocar o chão, tendendo a abrir a copa. No sítio, o senhor Donizete, com a experiência dos anos de trabalho, costuma realizar uma poda de formação e condução no formato de taça, favorecendo a iluminação do centro da planta pelos raios solares e a colheita manual. Esta condução em forma de taça foi acentuada pelo produtor nos últimos dois anos, quando verificou que além das vantagens anteriormente mencionadas, o controle da antracnose foi bastante efetivo. Como a antracnose é uma doença relacionada à umidade, a aeração provocada pela poda diminuiu a incidência e consequentemente a necessidade de aplicação de produtos fitossanitários. Segundo o produtor, apenas com esta providência a produção passou de 12 mil para 22 mil caixas por ano, o que trouxe renda e ânimo para seguir investindo tempo e realizando as práticas necessárias.
Atualmente, o pomar está com 19 anos, a partir da implantação, e está em plena produção, não mostrando nenhum sinal de declínio de produtividade.
Durante o ciclo de produção é necessário realizar várias roçadas para a limpeza da área e, para isso, utiliza-se o trator LS R65 com uma roçadeira marca Kamaq, modelo 172, acoplada aos três pontos do sistema hidráulico. Também são necessárias várias aplicações de inseticidas e fungicidas em que se utiliza o trator LS acoplado a um turboatomizador.
Além disso, outra utilização do trator LS modelo R65 é no transporte do produto do pomar para o pavilhão onde ocorre a classificação, o beneficiamento e o acondicionamento dos frutos em embalagens, bem como o armazenamento na câmara fria. Em cada caixa são colocados entre seis e dez frutos, dependendo do tamanho. Este período de produção, que vai de novembro a maio, consome muitas horas-máquina e muito deslocamento.
A intensidade de uso da mão de obra é variável, uma vez que a colheita é feita seletivamente, tirando apenas os frutos em ponto ótimo de colheita. Trata-se de um trabalho executado em meses, todos os dias, alguns com mais intensidade que outros. A mão de obra é toda familiar e requer normalmente cinco pessoas, sem horário para iniciar ou terminar, com frequente trabalho noturno. Ao casal e aos filhos se agregam outros familiares próximos e alguns amigos, nos picos de trabalho. Há dias em que poucos frutos são colhidos, já em outros dias há coincidência de maturação e as jornadas de trabalho se estendem. Visto que o cajueiro é uma árvore de grande porte, a colheita é feita manualmente até onde se alcança e com auxílio de um recolhedor, que nada mais é do que um saco de tecido, preso na extremidade de um cabo comprido.
A produção média é de aproximadamente 150 caixas por pé. Embora existam falhas, em função da perda de plantas no período de instalação, atualmente podem ser contabilizados em torno de 200 pés em plena produção.
Toda a produção é limpa, classificada, embalada e colocada em câmara fria. Após, segue para a Ceasa em São Paulo e para o Mercado Público de São Paulo, o Mercado Municipal Paulistano, em um transporte terceirizado. Uma pequena parte da produção é vendida diretamente a consumidores e pequenos comerciantes, que vão ao sítio para comprar. O descarte do que não é considerado fruto de mesa é vendido por peso a clientes diretos, para a produção de polpa e suco.
Outra fruta produzida no Sítio Cajueiro é a pitaia ou fruta do dragão. É uma espécie exótica, proveniente da América Central, que está em alta no Brasil. No Sítio Cajueiro se produzem diferentes variedades, tendo aproximadamente 350 pés de pitaia branca e mil pés de pitaia roxa, divididas em duas áreas.
A produção é feita em estruturas de sustentação, conhecidas como parreira de pitaia, constituídas por postes e linhas de madeira, onde a planta se sustenta. A produção da fruta para o consumo ocorre na mesma época do cajueiro, de novembro a maio, com colheita totalmente manual e cuidadosa. O ciclo de produção é muito rápido, indo do botão floral, no espinho, ao fruto em aproximados 60 dias.
É uma fruta de mesa voltada às pessoas que buscam produtos saudáveis. Uma vez que é rica em vitaminas, como a C e a do complexo B, principalmente a B3, além de minerais, como ferro, cálcio e fósforo, ao mesmo tempo em que apresenta baixo poder calórico, seu consumo se relaciona aos processos dietéticos.
Em termos de manejo há a necessidade de cuidados, principalmente com fungos e insetos, o que induz à necessidade de aplicação de fungicidas e inseticidas durante a primeira fase do ciclo de produção. Para isso, se utiliza o turboatomizador acoplado ao trator LS R65, que faz a aplicação em uma entre linha, atingindo os dois lados da parreira.
No pomar de pitaia, instalado no Sítio Cajueiro há anos, a produção está estável e duraria muitos anos em plena produção se não fosse a necessidade de manutenção da estrutura, que por ser de madeira se deteriora com o tempo. Atualmente, são 1.350 pés que proporcionam uma produção de aproximadamente cinco caixas por pé durante os meses de novembro a maio.
No cultivo da pitaia, o trator LS R65, além de realizar a pulverização, é utilizado na roçada entre linhas da parreira e no transporte do produto da área de produção ao pavilhão, com auxílio da carreta agrícola.
A terceira cultura frutífera do Sítio Cajueiro é a lichia, que é um fruto que se dá em cachos e tem maturação próxima à época das festas de final de ano, por isso é um produto com alto valor de comercialização neste período do ano. Consequentemente, após a virada do ano o preço cai e só volta a subir quando o produto fica escasso no mercado.
A colheita é totalmente manual, quebrando-se todo o cacho, inclusive com o uso de escadas para auxílio da colheita nos ramos altos. O ponto de colheita aparece quando a cor passa do amarelo ao vermelho e a proporção de polpa/casca muda, aumentando a polpa e diminuindo a espessura da casca. Em geral, o pico de colheita ocorre em apenas duas semanas no mês de dezembro, embora esta tenha sido atrasada devido à ocorrência de geada na região.
No Sítio Cajueiro há aproximadamente 220 pés, com produção aproximada de 100kg por pé. A venda é por peso, em sacos de 10kg, e é realizada para clientes que se deslocam até o sítio.
Um dos maiores problemas desta cultura é o ácaro da falsa ferrugem, que pode ser combatido através da aplicação de enxofre utilizando um pulverizador tratorizado. Outro problema é o tripes, que se combate com aplicações de inseticidas.
O modelo R65 plataformado que encontramos no Sítio Cajueiro foi adquirido na loja filial em Mogi Mirim da JA Máquinas, concessionária LS Tractor. Com matriz em Jaú, SP, a concessionária é uma das mais atuantes na comercialização da marca. A região em que a filial de Mogi Mirim atua engloba 72 munícipios, com clientes relacionados à fruticultura e à produção de grãos (milho e soja, principalmente), além de outras atividades importantes como a pecuária (de corte e de leite) e a horticultura nas regiões metropolitanas. Os principais modelos da LS que são comercializados na região são os tratores pequenos e os de médio porte.
O motor que equipa este modelo é da marca LS, modelo L4AL T1- Tier 3. O motor tem quatro cilindros, com 2.621cm3 e 16 válvulas, com turbocompressor, que produz uma potência máxima de 65cv a 2.500rpm (norma ISO TR 14396) e torque máximo de 203Nm a 1.600rpm.
A transmissão sincronizada Synchro Shuttle oferece 32 marchas à frente e 16 marchas à ré, com super-redutor (creeper). A tomada de potência (TDP) é independente com acionamento eletro-hidráulico e três velocidades, 540, 750 e 1.000 rpm. O eixo dianteiro é motriz com acionamento mecânico.
O sistema hidráulico tem vazão total de 46,8 litros/minuto e o sistema de engate de três pontos de categoria II alcança pressão máxima de 167kgf/cm2 e capacidade de levante de até 2.100kgf na rótula. O controle remoto é do tipo independente com duas válvulas na versão standard e três válvulas como opcional, apresenta vazão máxima de 31,2 litros/minuto. O trator testado estava equipado com pneus 250/80-18 na dianteira e 14.9-24 nos rodados traseiros.
Estiveram conosco durante este trabalho o gerente da loja, Ademir Chiquetti Júnior, o Sidinei Lorencetti, consultor de vendas da loja, e Rodrigo Barbará Silva, coordenador comercial da LS Tractor para o estado de São Paulo.
O senhor Donizete Aparecido Leme é morador do Sítio Cajueiro, localizado no município de Artur Nogueira, São Paulo, que além do caju, da pitaia e da lichia, tem áreas de cultivo de figo da Índia e amora silvestre como plantas de exploração comercial.
Paranaense de nascimento e paulista por adoção nos contou um pouco da sua história de vida, quando da chegada a São Paulo e mais especificamente à região, onde acabou se estabelecendo. Após um pequeno período de busca de oportunidade de trabalho no Mato Grasso, no final da década de 1980, e como disse “espantado” do estado onde nasceu pela geada de 1993 que quase dizimou os cafeeiros paranaenses, seguido pelo surto de bicudo que atacou a lavoura de algodão em meados de 1995.
Sem muita alternativa, chegou em busca de trabalho e oportunidade. Iniciou, em 2002, a implantação das mudas de cajueiro que hoje explora e se orgulha de ser um dos pioneiros e exemplo de produção para outros produtores. Sem nenhuma preocupação, ele contou das suas experiências, conquistas e insucessos com a cultura, sendo hoje uma referência para outros produtores, relacionando-se com pesquisadores da Embrapa e produtores de outros estados, principalmente do Ceará.
O primeiro contato do senhor Donizete com a marca LS, e particularmente com o modelo R65, foi em uma apresentação feita pelo concessionário regional JA Máquinas, de Mogi Mirim, SP. Ele era cliente de outra marca e logo que adquiriu o LS e passou a usá-lo, reconheceu algumas características positivas. Ele considera o modelo R65 da LS um trator completo, pelas opções que oferece e pelos itens que já traz na versão básica. Na comparação com o seu trator antigo ele ressalta a questão do conforto, que inclusive induz nos filhos a vontade de trabalhar com este trator.
Atualmente com 400 horas de uso, as principais operações em que o LS R65 está envolvido são a roçada e o transporte, onde ele se mostra muito econômico. Inclusive, o senhor Donizete realizou medidas de consumo, encontrando valores gerais em torno de três a 3,5 litros de combustível por hora. Agora, o próximo passo é utilizá-lo com o pulverizador.
Em termos gerais, ele se declara muito satisfeito, principalmente pelo envolvimento e motivação para o trabalho por parte filhos, que comparam o sistema de reversão e o câmbio do R65 com o de um automóvel. Contou-nos que ele coloca as marchas mais usuais, que são a 3a e a 4a, e que os filhos gostam de realizar a troca de marchas, passando desde a primeira até a marcha de trabalho.
Também, quanto à manutenção se declarou muito satisfeito, pois até agora foram necessários apenas a troca de óleo lubrificante do motor e o abastecimento diário com combustível.
Mostrou entusiasmo pela adaptação que fez no trator, retirando a escada do lado esquerdo e colocando no lugar uma caixa de ferramentas, que utiliza para levar ao campo as ferramentas de trabalho utilizadas nos pomares de caju.
Passar o dia e ouvir o senhor Donizete foi um prazer. Além de ter grande conhecimento sobre as culturas que cultiva e o trator que opera, ele compartilha suas experiências sem egoísmo e com alegria.
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A fertirrigação é um dos métodos mais avançados e eficientes de aplicação de fertilizantes que garante nutrição diretamente à zona raiz da cultura durante todo o período de cultivo