As atividades humanas vêm, ao longo dos séculos, modificando, destruindo e empobrecendo os biomas existentes no planeta. Evidências recentes mostram que a maioria das espécies vegetais existentes estão entrando em declínio, como resultado dessas atividades. Os estudos científicos demonstram que boa parte das espécies endêmicas e nativas de algumas regiões estão sendo substituídas por um número muito menor de outras espécies, e que estas, se desenvolvem melhor nos ambientes modificados por ações de cunho humano.
Esse tipo de atividade destrói, ao longo dos anos, biomas importantes como a Floresta Atlântica e o Cerrado no Brasil, por exemplo, que possui uma enorme biodiversidade, com grande quantidade de espécies endêmicas tanto da fauna quanto da flora e que, de acordo com Myers et al. (2000), é considerada um dos “hotspots” mundiais com áreas prioritárias para conservação, ou seja, com alta biodiversidade, e ameaçadas no mais alto grau.
Alguns autores alertam e definem esse tipo de substituição e diminuição da diversidade nos fragmentos florestais como um processo de simplificação ou homogeneização biológica. Tabarelli et al. (2009) observam que em fragmentos florestais a simplificação dos ambientes nas comunidades arbóreas pode vir a reduzir a riqueza de espécies, aumentando o número de árvores pioneiras e diminuindo as árvores de grupos ecológicos típicos de florestas não perturbadas (secundárias e clímax). Neste contexto os remanescentes florestais tornam-se cada vez mais semelhantes em composição de espécies e grupos ecológicos.
Um fato muito marcante acompanhando esse processo é que a maioria dos fragmentos florestais, principalmente os que estão circundados por uma matriz antrópica, vem sofrendo com o isolamento geográfico e a redução de suas áreas. Além desses fatores, os remanescentes são afetados por outras perturbações que podem interagir ao processo de fragmentação e simplificação biológica. Fragmentos florestais são usualmente degradados por incêndios, corte das árvores e a caça e essas mudanças alteram drasticamente sua ecologia aumentando ainda mais o processo de homogeneização em sua composição e estrutura (LAURANCE e COCHRANE, 2001).
É óbvio que mais estudos precisam ser realizados entorno dos efeitos do processo de fragmentação e da dinâmica biológica desses remanescentes. Um dos pontos principais seria o de determinar quais fatores estão ligados ao fato de que os fragmentos florestais se assemelhem a áreas em estágio inicial ou intermediário de regeneração.
A compreensão do processo de simplificação ou homogeneização biológica será um desafio, porque ainda faltam muitas pesquisas que tratem dos diferentes aspectos, bastante complexos, da diminuição da biodiversidade, como por exemplo, a extinção e introdução de espécies invasoras. Soluções para a contenção desse processo devem ser desenvolvidas e discutidas, além de serem colocadas como prioridade no sentido de conservar e recuperar a biodiversidade que ainda possuímos.
Biólogo, Mestre e Doutorando em Ciências Florestais
Engenheira Florestal, Mestranda em Engenharia Florestal
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