O Nordeste é a maior região produtora de bananas do Brasil com 39% do total produzido. Além disso, o cultivo da bananeira é de considerável importância sócio-econômica para a região por ser fonte de renda principalmente para pequenos agricultores.
Em Sergipe, os problemas fitossanitários, principalmente relatos da ocorrência do Moko da bananeira em algumas localidades do Baixo São Francisco têm sido um entrave para o crescimento e manutenção das áreas de cultivo.
O Moko da bananeira é causado pela bactéria
Ralstonia solanacearum
raça 2, considerada uma praga quarentenária A2 com ocorrência nos Estados da região Norte com exceção do Acre e em Sergipe, no Nordeste.
Em Sergipe, os principais sintomas da doença observados nas bananeiras são: maturação desuniforme dos frutos no cacho e escurecimento interno do pseudocaule, engaço e frutos.
A disseminação da bactéria pode ocorrer de diferentes formas, dentre as quais se destacam o uso de ferramentas infectadas, contaminação de raiz para raiz ou do solo para a raiz e por insetos visitadores de inflorescências.
Em Sergipe a doença foi constatada no ano de 1987 e, ainda hoje aparecem focos esporádicos da doença coincidindo com o início das chuvas no Estado, geralmente por volta do mês de março.
O principio de controle do Moko é baseado na erradicação e em práticas quarentenárias que visam prevenir a entrada da bactéria em regiões isentas da doença. Observações da sintomatologia da doença em Sergipe parecem indicar que a transmissão da bactéria ocorre, provavelmente, pela visita de insetos às inflorescências uma vez que há um gradiente de severidade dos sintomas de cima para baixo nas plantas infectadas.
Devido a reincidência da doença, é possível que a bactéria permaneça na área associada a alguma planta hospedeira ou inseto transmissor. Existem mais de 234 espécies de plantas hospedeiras da
R. solanacearum
descritas na literatura, e a infecção nas mesmas pode ser latente ou sintomática.
Caso estas plantas estejam presentes nas áreas produtoras, serão potenciais fontes de inóculo da bactéria para a cultura de interesse econômico. Isolados da bactéria
R. solanacearum
raça 2 também têm habilidade de infectar e colonizar a bananeira sem causar sintomas, provavelmente pelos cultivos em locais com condições ambientais distintas.
Diante da importância do Moko para a bananicultura e do escasso conhecimento sobre da doença na região, estudos da população da bactéria e da epidemiologia da doença foram iniciados em 2009, pela Embrapa Tabuleiros Costeiros, juntamente com a Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) e com o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Ao final deste estudo espera-se obter dados sobre a epidemiologia da doença, fundamentais para o estabelecimento de um programa de erradicação do Moko da bananeira em Sergipe. O controle do Moko utilizando variedades resistentes seria a melhor estratégia a ser empregada, porém até o presente não existem cultivares comerciais resistentes a doença, razão que reforça a aplicação de outras práticas e estratégias de controle baseadas em diferentes investigações.
Viviane Talamini
Pesquisadora da Embrapa Tabuleiros Costeiros
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