O pulgão da raiz tradicionalmente era referido como praga da cultura do arroz de sequeiro nas regiões Sudeste e Central do Brasil.
Em arroz irrigado, no Rio Grande do Sul, o pulgão
(Sasaki), (Homoptera: Aphididae) tem sido mais freqüente em lavouras da região da Fronteira Oeste, onde, nos últimos cinco anos, os índices de infestação têm aumentado, principalmente após o advento do cultivo sobre as taipas, onde as plantas são mais danificadas pelo inseto.
Em novembro passado foram constatados surtos na localidade de Ponche Verde, no Município de Dom Pedrito, causando danos severos em 290 hectares de arroz. Segundo o arrendatário da área, o pulgão da raiz atacou plantas recém emergidas, reduzindo em cerca de 45% a população destas. A constatação do inseto em Dom Pedrito, fora da região tradicional de ocorrência, a Fronteira Oeste, é indicativo de que a praga encontra-se em processo de expansão no Rio Grande do Sul.
Antes de infestar plantas de arroz, o pulgão da raiz se alimenta e reproduz em plantas daninhas e outras gramíneas, contudo, permanecendo exposto à ação de inimigos naturais, que podem reduzir sua população. No período que antecede a inundação dos arrozais o pulgão passa a alimentar-se dos colmos e raízes das plantas de arroz, próximo ao nível do solo. As plantas atacadas amarelecem, murcham e morrem. Dependendo do nível de infestação pode ocorrer redução drástica da população de plantas, comprometendo o estabelecimento da cultura.
Nos Estados Unidos, o aumento da área de cultivo do arroz do cedo (semeaduras precoces) é apontado como um dos fatores responsáveis pela intensificação dos danos causados pelo pulgão, visto o desenvolvimento de sua população iniciar em período de temperaturas amenas, no início da primavera. Por outro lado, é considerado que tal condição de temperatura pode restringir o crescimento das plantas de arroz e o desempenho de inimigos naturais do pulgão. Neste contexto, torna-se importante considerar que na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, área significativa de arroz é semeada mais cedo, em meados de setembro, época de temperaturas mais amenas (cerca de 18ºC), o que pode ser ali uma das causas da maior intensidade de danos do inseto. A lavoura danificada, em Ponche Verde, foi instalada em 2 de outubro de 98, portanto, ainda em época com predominância de temperaturas amenas.
Para evitar danos do pulgão da raiz, é recomendável vistoriar os arrozais, em períodos de 3 a 5 dias, da emergência das plantas à inundação. Áreas onde o solo permanece estruturado (com torrões) são mais propensas às infestações. Havendo evidência de que o nível de infestação do inseto está aumentando e a população de plantas de arroz diminuindo, a alternativa de controle mais viável consiste em inundar imediatamente a lavoura. Em Ponche Verde, a inundação das áreas infestadas, cerca de 5 dias após a emergência das plantas, interrompeu o ataque da praga, criando condições de recuperação do arrozal. Apesar do uso de inseticidas químicos também ser recomendado, no Brasil não existem ainda produtos oficialmente registrados para controle do inseto em arroz irrigado. Ademais, aplicações curativas de formulações líquidas ou granuladas, na superfície do solo, geralmente são ineficientes, por não atingirem a maioria dos pulgões, instalados sob torrões. Perante a atual situação de ocorrência do pulgão da raiz, no Rio Grande do Sul, julga-se necessário, a curto prazo, concentrar esforços em pesquisas sobre (1) bioecologia (épocas de ocorrência, flutuação populacional, plantas hospedeiras, inimigos naturais), (2) avaliação de danos (relação entre densidades populacionais do pulgão e produtividade das principais cultivares de arroz) e (3) aplicação racional de inseticidas, enfatizando o tratamento de sementes.
João Francisco Martins
Embrapa Clima Temperado
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