Este artigo foi elaborado com o objetivo de ajudá-lo a escolher o pneu certo para se obter o melhor rendimento do seu trator.
Para tornar mais fácil a escolha do pneu, quanto à aplicação, os fabricantes de pneus elaboraram uma tabela com os códigos de aplicação (ver tabela N° 1 -
). Estes códigos fornecem uma excelente orientação para determinar o tipo de serviço para o qual o pneu foi projetado.
Use o pneu R1 para a aplicação em terrenos secos, bem como R1W , para a aplicação em terrenos molhados, úmidos e argilosos, e para concluir use pneu R2 para a aplicação em terrenos alagados.
Usar um pneu em uma aplicação para a qual ele não foi projetado resultará em comprometimento do desempenho e/ou vida útil do mesmo. Para exemplificar, usando um pneu R2 na aplicação de R1, este irá se desgastar mais rapidamente, não terá a tração ideal e terá também o conforto comprometido.
Um pneu deve ter a largura e/ou uma capacidade de carga suficiente para poder carregar a carga máxima que o usuário deseja. Lembre-se que o peso total do veículo (GVW) é composto por tanque de combustível cheio; lastros sólidos e líquidos; implementos acoplados (3 pontos) erguidos; no caso de colhedora, o tanque graneleiro cheio e plataforma acoplada; e condutor.
Lembre-se que é o volume de ar dentro do pneu que propicia a capacidade de carga, então, pode-se aumentar a capacidade de carga usando-se um pneu maior (maior volume de ar) ou aumentando a capacidade de lona (maior pressão de ar) ou ambos.
Um pneu de capacidade de 10 lonas operando com a pressão de inflação de um pneu de 6 lonas só poderá carregar uma carga compatível com as 6 lonas. Quando o usuário for realizar aplicações especiais, deve consultar o fabricante do pneu.
Todos os pneus devem ser dimensionados de acordo com a carga a transportar, porém um pneu traseiro deve ainda possuir outro requisito extra: ser capaz de transmitir, ao solo, a potência gerada pelo motor.
Cada tamanho de pneu e capacidade de lona suporta um torque máximo, sem contudo afetar sua vida útil, em duas diferentes velocidades, a 8km/h e a5 km/h.
Conforme a velocidade diminui, o mesmo ocorre com a potência que o pode transmitir.
Praticamente todos os fabricantes de trator concordam que operando em velocidades maiores, tem-se um menor desgaste tanto dos pneus como do trator. Uma vez que Potência é igual Força x Velocidade, com a diminuição da velocidade, a força ou potência na barra de tração deve aumentar, assumindo que a potência do motor é a mesma em todas as marchas. Baixa velocidade e alto torque fazem o pneu rodar no aro.
De modo geral, pode-se escolher entre tração e flutuação. O que quer que você faça para melhorar um destes fatores diminuirá o desempenho do outro.
Para flutuação, será necessário um pneu largo, baixa capacidade de lonas, baixa pressão de inflação e a carga incidente deve ser leve. Já a tração exige um pneu com alta capacidade de lona, operando com a pressão de inflação máxima e com carga suficiente para proporcionar a tração requerida. Isto porque a capacidade de tração que um pneu pode gerar, antes de começar a patinar, depende bastante da carga incidente sobre o pneu.
Pneus duplos podem oferecer tanto flutuação como tração, dependendo porém de quanto eles estão pesados e inflados. Sem lastro e até 12 lb/pol2, duplos proporcionam muito boa flutuação. Entretanto, com lastro, à carga nominal máxima e com a máxima pressão nominal, os pneus duplos terão uma tração maior do que se você estivesse usando pneus simples da mesma medida.
Cuidado para não ultrapassar as recomendações do fabricante com relação à carga máxima por eixo e/ou peso do trator. A distribuição de peso é muito importante para o desempenho dos tratores. A distribuição de peso recomendada nos eixos dianteiro e traseiro está relacionada na tabela abaixo. Estas distribuições de carga se adaptam à maioria das tarefas.
CONF. DO TRATOR DE ATÉ
4 X 2 30/70 20/80
4 X 2 ASSISTIDO 40/60 35/65
4 X4 60/40 51/49
Estas distribuições de carga se adaptam à maioria das tarefas.
Definiremos abaixo alguns termos comumente usados para melhor compreensão.
Carga Máxima – A carga máxima sobre cada pneu é determinada considerando-se a carga máxima por eixo, dividido pelo numero de pneus no eixo. A carga máxima para uso no campo ou transporte inclui:
a) Peso Líquido – Definido como peso real do veículo com equipamento padrão, incluindo combustível, óleo, refrigeração e operador (70 kg );
b) Peso dos acessórios, dos equipamentos opcionais e modificações individualizadas - Compreende o peso dos itens já instalados na fábrica, mas não incluídos no “peso líquido” (como ar condicionado, por exemplo);
c) Lastro do pneu – Se usado, deve ser considerado ao se determinar a Carga Máxima;
d) Tanque e carga do tanque – Inclui o peso total quando cheio;
e) Implementos – Significa a parcela de peso de qualquer implemento tracionado.
Carga cíclica em equipamento e implementos agrícolas - Representa o aumento gradual de carga útil até atingir a carga máxima permitida (consulte o fabricante do pneu) com descarga antes do transporte fora do campo.
Espaçamento mínimo entre duplos - Espaço mínimo entre duplos medido de linha de centro à linha de centro dos pneus. Para os pneus de tração do trator com tração diagonal, a largura da Secção x 1.10 + 38mm. No radial, a largura da Secção x 1.10 + 64mm.
L (na designação do tamanho) - Pneu com altura de secção rebaixada (Ex. 11L15).
SL – Uso limitado a serviços agrícolas.
FI – Pneus para uso somente em implementos agrícolas com intermitente uso em estradas.
NHS – Não indicado para uso em estradas.
Construção e características de desempenho de pneus radiais de tração são consideravelmente diferentes dos pneus de tração diagonais. Entretanto, um diferencial tem sido usado para efetivamente tornar estas diferenças reconhecidas. Para maximizar os benefícios inerentes aos pneus de trator, radiais, algumas empresas, como a Goodyear, por exemplo, criaram um programa de carga/inflação marcando os pneus radiais de tração. Dessa forma, todos os tamanhos radiais convencionais (Ex. 18.4R34 ) são marcados com * , ** , ou ***. A máxima capacidade de carga para * de todos os tamanhos será a 18 lb/pol2 de pressão de inflação. Para ** a capacidade máxima será de 24 lb/pol2 de inflação e para *** em todos os tamanhos, a pressão de inflação será 30 lb/pol2.
Existem detalhes importantes que o usuário precisa conhecer a respeito de pneus radiais e diagonais. Como a fig.01 (página 18) mostra, a construção do pneu radial é substancialmente diferente da construção do pneu diagonal. As lonas transversais do pneu diagonal estão dispostas diagonalmente de talão a talão. No pneu radial, as lonas da carcaça estão dispostas de talão a talão no sentido radial da circunferência. Os pneus radiais também têm cintas que enrijecem a área da rodagem restringindo o crescimento e dando estabilidade às barras quando em contato com o solo. Pneus radiais têm o costado mais flexível que os diagonais, que em combinação com as cintas enrijecedoras proporcionam tração e eficiência superior aos diagonais.
É importante saber também que há no mercado pneus agrícolas sem câmara, que não necessitam aro especial para esta montagem, possibilitando o uso do pneu sem câmara no mesmo aro que o pneu com câmara. Pneus sem câmara têm sido usados há muito tempo em colhedoras e tratores industriais e recentemente adotados pelos fabricantes de tratores, em todas as posições. Eles operam à mesma pressão de inflação e tem a mesma capacidade de carga aos equivalentes com câmara. Os pneus sem câmara não só proporcionam confiabilidade e facilidade nos reparos, quando requeridos, como também baixo custo de montagem comparados com os outros tipo câmara.
Há uma padronização quanto à nomenclatura dos pneus agrícolas, que está estampada no costado dos mesmos.
Marcação Convencional – É provavelmente o sistema mais comum de identificação de tamanho usado atualmente. Como exemplo, podemos citar: 7.50-16, 11L15, 13.6-38 e 18.4R38. O primeiro número representa o valor nominal da largura da secção em Polegadas, seguido por um hífen (-) que indica que a construção é Diagonal ou R quando for Radial. O número depois do hífen é o diâmetro nominal do aro em polegadas.
Marcação Métrica – Este novo sistema de marcação tem a aprovação da International Standards Organization (I.S.O.). Como exemplo temos 500/90D32 e 710/70R38. O número antes da barra representa a largura nominal da secção em milímetros. O número após a barra representa a relação de aspecto (relação entre a altura e largura da secção). O R indica que a construção é radial e o D que a construção é diagonal, e então temos o valor nominal do diâmetro do aro em polegadas. A capacidade de carga e/ou pressão de inflação de um pneu pode ser identificada como segue:
Capacidade de lonas: É usada em pneus diagonais e em alguns pneus radiais antigos. Capacidade de Lonas é uma indicação da resistência da carcaça e não do número real de lonas que compõem a carcaça de um pneu. A carga máxima e a pressão de inflação são diferentes para cada tamanho de pneu. Desta forma, os pneus maiores trabalham com uma pressão de inflação menor para uma determinada capacidade de lona. Ex. 12PR / 14PR etc.
Estrela: É usada em pneus de tratores radiais. A marcação com estrela é uma indicação da máxima pressão de inflação, que está assim identificada:
1 estrela – Para pneus de trator, máxima 18 lb/pol2. ( * )
2 estrelas – Para pneus de trator, máxima 24 lb/pol2.( **)
3 estrelas – Para pneus de trator, máxima 30 lb/pol2.( ***)
A carga máxima dependerá do tamanho do pneu.
Índice de carga: É usado em pneus de trator milimétrico e é uma indicação da carga máxima correspondente a um determinado número a que se refere o índice. Dois pneus de diferentes tamanhos, com o mesmo índice de carga, suportarão a mesma carga porém não necessariamente a mesma pressão de inflação. Ex. 166 A 8 / 145 A 8 etc.
“Avanço” do eixo dianteiro assistido – mechanical front wheel drive (mfwd ) cálculo de avanço (lead/lag)
Em tratores com a tração dianteira assistida, a circunferência de rolamento dos pneus traseiros e dianteiros deverá estar sincronizada com a relação de transmissão dianteira/traseira. Circunferência de rolamento é a distância que um pneu percorre em uma volta. Uma vez que os pneus dianteiros são menores que os traseiros, têm que rodar mais rápido para percorrer a mesma distância que os pneus traseiros. É a caixa de transmissão do trator que realiza esta função. Ao selecionar pneu para o seu trator TDA tenha certeza que o “avanço” está em torno de + 1 a 5 %. O “avanço” nesta faixa proporciona boa performance direcional para o operador e realmente auxilia o eixo traseiro a tracionar. O “avanço” negativo dificulta o tracionamento no eixo traseiro.
Aro mais largo
Usando um aro mais largo, tem-se um achatamento da banda de rodagem. Isto poderá melhorar a tração em algumas situações onde o terreno é inconsistente. Em solos duros, entretanto, o achatamento da rodagem faz com que as barras penetrem menos no solo e, com isso, a tração fica reduzida. Haverá uma concentração de forças na área do ombro, com tendência a aumentar o desgaste nesta área.
O alargamento dos talões forçam os costados a se flexionarem numa área mais baixa que a normal e isto pode resultar numa separação e/ou quebra circunferencial da carcaça.
Aro mais estreito
A montagem de um pneu num aro mais estreito que o permitido acarretará problemas durante a montagem como o não assentamento dos talões, alteração do contorno da rodagem, tornando-a mais arredondada na linha de centro, podendo apresentar desgaste irregular e prematuro com perda de tração.
Uma vez montado em um aro mais estreito, estará sendo aplicada uma pressão indevida na área da flange do aro com possibilidade de haver separação do costado ou uma falha prematura do aro na região do flange.
Lastragem
Quando o trator não está devidamente lastrado para tração, ocorrerá uma patinagem excessiva, gastando mais combustível, tempo de operação, além de provocar quebras na borda de ataque das barras e cortes circunferenciais típicos de patinagem.
Pneu Rodando no Aro
Ao submeter o trator à tração máxima, o pneu poderá rodar no aro e com isso quebrar a válvula da câmara de ar. Os pneus do tipo sem câmara, embora livres de terem a válvula cortada, podem ao longo de um período com o pneu rodando no aro, apresentar uma erosão na base do talão.
O pneu pode rodar no aro por baixa pressão de inflação para a carga; mau assentamento do pneu no aro; uso de uma solução de sabão muito espessa, ou de um lubrificante impróprio para montagem; medida de pneu inadequada para o alto torque a que está submetido o pneu; diâmetro do aro sub-dimensionado (use a fita de bolas para checar o diâmetro do aro); recartilhado deficiente na área de assentamento do talão.
Quando um dos três primeiros itens for o responsável pelo problema, o pneu deve ser desmontado e deve-se limpar os talões do pneu e o aro, na região do assentamento. Montar o pneu novamente, inflar até 35 psi para obter o perfeito assentamento dos talões no aro.
Tratores Agrícolas em Estradas
Pneus de tratores operam a maior parte do tempo em atividades agrícolas, onde as barras podem penetrar no solo e toda a área da rodagem está em contato com o solo.
Quando o trator é submetido a uma operação (transporte) em solos duros e ainda com baixa pressão ou sobrecarga, há uma distorção excessiva das barras quando em contato com a superfície. Em superfícies muito abrasivas este atrito dos elementos da rodagem, aliados a uma velocidade acima do permitido, elevam a temperatura e provocam um desgaste prematuro e irregular num primeiro momento.
Estocagem e Cuidados
Pneus estocados devem estar protegidos contra ataque de ozônio e oxigênio. Cuidados devem ser tomados nas condições do estoque para que nada interfira na vida esperada do seu pneu agrícola.
Devido à fácil absorção pelo pneu, de óleos, graxas e derivados de petróleo, eles nunca deverão ser estocados em pisos oleosos e perto de solventes voláteis. Isto degenera o composto tornando o pneu impróprio ao uso. Lembre –se que calor e luz são agentes que também degeneram o composto, por isso procure estocar os pneus em lugares escuros e ventilados.
Se for estocar o pneu montado no aro mas não no veículo, reduza a pressão para 10 psi e acomode-o na posição vertical.
Para proteger os pneus de máquinas que ficarão paradas por 6 meses ou mais, ponha a máquina num cavalete e reduza a pressão dos pneus para 10 psi. Porém, se não for possível mantê-la fora do piso, é necessário aumentar a pressão de inflação em 25% acima da pressão máxima para a carga. Movimentar a máquina de tempos em tempos para evitar a concentração de stress do pneu na área de contato. Ao recolocar a máquina em serviço, não esqueça de ajustar a pressão para a recomendada para a operação.
Wanderley C. Marroni,
Supervisor técnico - Goodyear
* Confira este artigo, com fotos e tabelas, em formato PDF. Basta clicar no link abaixo:
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