Há milhares de anos, desde que o homem trocou a caça pela colheita, tornando-se menos nômade, ele procurou desenvolver técnicas de cultivo das culturas que mais lhe interessavam, especialmente os cereais. Há cerca de 5 mil anos (3.000 a. C.) já se encontram registros de ferramentas rústicas de mobilizar o solo para a implantação de culturas.
Os índios pré-colombianos utilizavam plantar o milho fazendo uma cova no solo com um bastão, aí depositando as sementes e um peixe. Ou seja, já aplicavam rudimentos de fertilização, pois o peixe é rico em fósforo. Até os dias atuais, nas íngremes encostas andinas os descendentes dos incas utilizam "punções", hastes com ponta metálica, ou simplesmente apontados, para fazer covas e introduzir as sementes no solo.
O que o homem civilizado fez ao correr dos séculos foi aperfeiçoar as técnicas e instrumentos, adequando-os à sua forma de trabalho e de viver. Desenvolveu-se aí (e com maior ênfase na revolução industrial, a partir do século 18) a idéia de que quanto mais mobilizado o solo, maior seria a produção das culturas. Apenas recentemente os técnicos conseguiram provar que nem sempre isto é verdade, e que os solos (e culturas) podem produzir bem sem um excesso de preparo, de mobilização.
No caso brasileiro, em que o desenvolvimento da agricultura ocorreu apenas no século 20, e com maior intensidade a partir dos anos 50, tivemos a influência de duas correntes: a européia, por influência dos imigrantes (alemães, italianos, poloneses) e a americana, por influência da indústria que se estabelecia. Com essas influências vieram as técnicas e os equipamentos, adequados a cada uma destas regiões distintas. E por muito tempo os agricultores do Brasil usaram equipamentos adequados a regiões frias, com solos planos, um ciclo de cultura por ano, em nossos solos tropicais e subtropicais, praticando alternância de culturas (dois ciclos por ano) e sob um regime de chuvas muito mais intenso e irregular que nos países de origem. As conseqüências dessa aplicação inadequada de práticas culturais e de equipamentos começou a ser percebida já na década de 1960 no Sul do Brasil. Embora os abnegados técnicos do Ministério da Agricultura estivessem envolvidos na demarcação de "curvas de nível" e de cordões de contorno já desde o final da década de 1950, a erosão hídrica e suas conseqüências (voçorocas, assoreamento de rios e lagos, e queda de produtividade) se manifestavam de forma crescente.
Na década de 1970, em função da política intregracionista do País, e aos baixos preços da terra, começou a corrida ao Centro-Oeste. Como grande parte dos pioneiros eram originários da Região Sul, dela levaram as formas de trabalho. Em poucos anos começou a se manifestar a degradação dos solos também naquela região.
COMEÇO NO BRASIL
Nessa mesma década de 1970, uma empresa inglesa (ICI), no afã de vender seus herbicidas dessecantes (de contato) iniciou a divulgação de uma técnica de semeadura de culturas anuais sem preparo do solo, que viria a ser conhecida como "Plantio Direto". Apoiando a iniciativa estava um grupo de técnicos alemães da GTZ (Instituição de Cooperação e Ajuda Mútua) sediados em Londrina no Paraná. Agricultores já estavam iniciando ações isoladas de experimentar a técnica.
Feita esta breve retrospectiva histórica, voltemos ao assunto Preparo do Solo. Se observarmos os equipamentos disponíveis no mercado nos dias de hoje, verificamos que melhoraram, mas se necessita de mais atenção no aspecto de aplicação específica. Devemos nos dar conta que, assim como em outras áreas de nossas vidas, "cada caso é um caso", também no preparo do solo devemos considerar as condições específicas do local: tipo de solo, declividade, histórico da área, regime de chuvas, nível cultural do agricultor, equipamentos disponíveis, etc...
As dimensões continentais do país nos oferecem grandes e marcantes diferenças de clima e solo. Adequação do equipamento ao manejo requerido pelo solo e pela cultura a ser implantada são fundamentais para o sucesso do negócio agrícola, operando com margens cada vez menores e concorrência internacional crescente. O nível de desenvolvimento é bom para algumas partes do país, mas pode ser melhorado em outras. Conforme já mencionamos, uma alternativa viável de manejo vem sendo o Plantio Direto, não apenas nas regiões tradicionais, mas também no Cerrado, onde se apregoava sua inviabilidade há duas décadas apenas.
SISTEMAS DE MANEJO
Podemos classificar, de uma forma bem simplista os sistemas de manejo de solo em:
• Intensivo, "convencional", aplicando arados e grades;
• Mínimo, ou "reduzido", utiliza basicamente equipamentos de hastes (escarificadores, cinzéis, subsoladores), também denominado de preparo vertical;
• Plantio direto, envolvendo normalmente apenas a semeadora. Pode ser apoiada em segadoras, rolos-faca ou aplicadores de agroquímicos.
Os dois últimos sistemas, por evitarem em grande parte os danos ao solo, são enquadrados como conservacionistas. Cada um deles teve avanços tecnológicos nos últimos anos, tentando adequá-los às exigências das técnicas em questão, ou dos fabricantes (processos de fabricação, p. ex.):
No sistema "convencional", incorporou-se novos desenhos de aivecas; arados de aivecas reversíveis; arados de largura regulável; materiais mais resistentes ao desgaste; dispositivos de segurança (desarme automático), que sempre foram o ponto fraco deste tipo de equipamento. Discos cônicos ou de fundo convexo, vazados ("perfurados") também foram disponibilizados, trazendo economia de energia e melhorias na incorporação de fertilizantes e corretivos, nem sempre dispensáveis.
Já para o sistema de Preparo Mínimo, surgiram hastes escarificadoras otimizadas, em formato e largura, ponteiras mais resistentes ao desgaste e dimensionamento correto. Em meados da década de 90 foram agregados dispositivos destorroadores aos escarificadores ("subsoladores"), iniciando no Brasil a aplicação de operações combinadas, ou conjugadas. Essas operações podem trazer economia de energia de até 35 % no total do preparo do solo, além de poupar o solo de compactação e tráfego de máquinas.
Para o sistema Plantio Direto, embora a operação executada seja de semeadura, convencionou-se no âmbito da Federação de Associações de Plantio Direto na Palha, que a denominação do Sistema em si seria Plantio Direto. Assim, o uso popular consagrou a nomenclatura.
Grandes modificações foram sendo introduzidas nos equipamentos nas últimas três décadas, desde a rústica "Rotacaster", uma enxada rotativa de lâminas estreitas provida de caixas de distribuição de sementes e adubos, projetada para a renovação de pastagens na Inglaterra, e trazida junto com a nova técnica nos anos 70.
As principais indústrias do ramo investiram altas somas em desenvolvimento tecnológico de semeadoras de precisão (pois as principais culturas nas quais o plantio Direto se desenvolveu foram soja e milho).
Outros aproveitaram a experiência e simplesmente imitaram os líderes. O importante é, no entanto, que todos os desenvolvimentos foram, e continuam sendo, feitos em conjunto com os agricultores, especialmente os "pioneiros" como Herbert Bartz de Rolandia (PR) ou "Nonô" Pereira, de Campos Gerais (PR).
FUNÇÃO DA MÁQUINA
No processo produtivo agropecuário a máquina representa a evolução tecnológica no domínio das atividades envolvidas, sendo a mesma um meio utilizado pelo homem para potencializar o seu trabalho.
A evolução tecnológica experimentada pela nossa sociedade forçou a substituição do trabalho braçal humano pela utilização de máquinas mais eficientes nas tarefas desenvolvidas durante a produção, forçando o homem a ocupar postos de gerenciamento e controle do trabalho destes meios por ele criado.
A agricultura também passou por um processo evolutivo ao longo de sua utilização, sendo mais acentuada nas últimas décadas com a evolução principalmente da química, o que permitiu desenvolver o sistema de cultivo plantio direto. A partir disso, as máquinas precisaram evoluir para que pudessem atender as necessidades dos produtores.
A máquina tem uma função muito importante no sistema Plantio Direto, pois através dela são criadas as condições necessárias para que o mesmo seja implantado. Sua participação vai desde a preparação da área até a colheita passando pela semeadura, onde desempenha um papel fundamental e que normalmente é o motivo pelo qual muitos produtores ainda não praticam uma agricultura voltada à conservação dos recursos naturais que possuem.
SIGNIFICADO DA MÁQUINA
A máquina significa a evolução numa propriedade agropecuária permitindo diferenciar os produtores entre os que utilizam a mecanização e os que ainda praticam uma agricultura simples, sem incremento tecnológico adequado aos nossos dias.
Sua utilização torna o trabalho mais rápido e eficiente permitindo obter-se qualidade com baixa demanda de tempo, liberando o homem de atividades pesadas e de rotina cansativa. Isto permite a que o mesmo tenha mais tempo disponível para o lazer, aumentando sua satisfação pessoal.
Arno U. Dallmeyer
UFSM
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