O pequizeiro, uma importante arbórea frutífera do Cerrado brasileiro

Conheça mais sobre o Caryocar brasiliense (Camb) família Caryocaraceae, vulgarmente conhecido por pequi.

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O

Caryocar brasiliense

(Camb) família Caryocaraceae, vulgarmente conhecido por pequi é uma árvore hermafrodita de até 7m, de ampla ocorrência e distribuição no Cerrado, floresce na época das chuvas com pico no mês de setembro e frutifica nos meses de novembro a fevereiro (ALMEIDA et al., 1998). Suas flores são visitadas por vespas, mariposas, morcegos e aves, sendo a polinização feita principalmente por morcegos. Seus frutos servem de alimento para uma série de animais que, por sua vez, talvez possam contribuir com a quebra de dormência e com a dispersão das sementes. Segundo Almeida et al., (1998) a polinização é característica da síndrome da quiropterofilia, pode ocorrer autofecundação e os frutos alcançam a maturidade entre 3 a 4 meses após a maturação. É uma planta com dispersão tipicamente zoocórica, a Ema é o animal com maior potencial dispersor, a gralha e a cotia podem atuar como dispersores de sementes a pequenas distâncias por sinzoocoria; para Gribel (1986) citado por Almeida et al., (1998) a dispersão dos frutos é realizada por dois vetores: um marsupial (

Dilesphis albiventris

) e um corvídeo (

Cyanocorax cristatellus

).

O interesse por essa frutífera se deve-se à utilidade de sua madeira, do óleo dos frutos e das sementes, da casca e da polpa, usadas como material tintorial, das flores e sementes empregadas na farmacopéia popular, e dos frutos, amplamente utilizados na culinária regional, contribuindo para o suprimento de parte das exigências nutricionais da população, principalmente em vitaminas A e E, e também em minerais, como o fósforo, ferro e cobre (ALMEIDA et al., 1994, VILELA et al., 1996). Estes autores ainda comentam que esta planta pode ser utilizada como melífera, ornamental e medicinal. Já sua madeira é importante para a construção de currais e mourões (ALMEIDA et. al., 1998).

Almeida (1998) relata que entre as várias espécies nativas do Cerrado brasileiro analisadas (Araticum, Baru, Buriti, Cagaita, Jatobá e Mangaba), o pequi se destaca com 2,64% de proteína, valor inferior apenas ao Jatobá (6%) e ao Baru (3,87%). Em relação ao conteúdo de lipídios, a polpa de pequi apresenta o maior valor (20%) em relação às demais espécies que variaram de 5% a menos de 1%. O teor de gordura compara-se ao do abacate, açaí e buriti.

O teor de fibra bruta contida na polpa do pequi é considerado alto, aproximadamente 13%. O pequi apresenta valores considerados intermediários de carboidratos 19,60% e acidez titulável de 0,9 a 2,0 (VILASBOAS, 2004). Almeida (1998) relata que o teor de pectina é um parâmetro importante para a industrialização e comercialização das frutas. O pequi se destaca entre as frutas nativas do Cerrado por apresentar 2,23% de pectina, enquanto a polpa de buriti, cagaita e mangaba apresentam teores inferiores a 1%. Ao comparar-se o teor de pectina do pequi, com outras frutas cultivadas e normalmente utilizadas na dieta dos brasileiros, verifica-se que a pectina da polpa do pequi é quase equivalente a da laranja (2,23 e 2,36%, respectivamente).

Atualmente existe grande preocupação a respeito das conseqüências da pressão antrópica sobre a dinâmica de biomas tropicais e de seus ecossistemas. Estas atividades podem influenciar no padrão de distribuição das populações do cerrado podendo alterar sua fisionomia e fitossociologia. Por ser o Cerrado a principal área de expansão agrícola do País, alguns recursos naturais, que são de interesse sócio-econômico para as populações dessa região, são eliminados para dar lugar ao estabelecimento de extensas áreas agropecuárias, impossibilitando a exploração destes recursos (POZO, 1997).

Apesar da produção relativa de frutos, a destruição do pequizeiro não tem sido acompanhada pela sua regeneração natural em escala significativa. (MELO, 1987).

Hélio Sandoval Junqueira Mendes1, Deise Reis de Paula2

1Biólogo FCAV/UNESP, 2 Bióloga, FCAV/UNESP

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Referências Bibliográficas

ALMEIDA, S. P., J. A. SILVA & C. E. L. FONSECA. 1994. Valor nutricional de frutos nativos do cerrado. p.23. In Reunião especial da SBPC, I. Uberlândia. Resumos e perspectivas 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília. 681 p.

ALMEIDA, S.P. 1998. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: Embrapa, p. 87 – 166

ALMEIDA, S.P., PROENÇA, C.E.B., SANO, S.M., RIBEIRO, J.F. Cerrado: espécies vegetais úteis. Brasília: EMBRAPA, 1998. 464p

MELO, J. T. Fatores relacionados com a dormência da semente de pequi (Caryocar brasiliense Camb.). 1987. 91 f. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura de Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1987.

POZO, O. V. C. O pequi (Caryocar brasiliense): uma alternativa para o desenvolvimento sustentável do cerrado no norte de Minas Gerais. 1997. 100 f. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1997.

VILAS BOAS, E. V. B. Frutos minimamente processados: pequi. In: ENCONTRO NACIONAL SOBRE PROCESSAMENTO MÍNIMO DE FRUTAS E HORTALIÇAS, 3., 2004, Viçosa, MG. Anais... Viçosa: UFV, 2004. p. 122-127.

VILELA, G. G., S. C. S. R. ROSADO, M. L. GAVILANES & D. CARVALHO. 1996. Variação Intra e Interpopulacional em Pequi - Caryocar brasiliense Camb. (Caryocaraceae). Carotenóides. Revista Florestal, Lavras. p. 307-309.

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