O agronegócio brasileiro na disputa pelo capital estrangeiro

Por Renato Campos, diretor da Motocana

26.06.2024 | 09:05 (UTC -3)
Renato Campos
Renato Campos

O Brasil tem se destacado como um dos principais players globais no setor sucroenergético, sendo líder na produção de açúcar e etanol. Esse cenário favorável tem atraído um crescente interesse de investidores estrangeiros, que veem no país não apenas um mercado robusto, mas também um ambiente propício para investimentos de longo prazo. Neste artigo, examinaremos o panorama atual do investimento estrangeiro no setor sucroenergético brasileiro.

Diversos fatores têm impulsionado o interesse de investidores estrangeiros no setor sucroenergético nacional. Primeiramente, a demanda global por fontes de energia renovável tem crescido significativamente, impulsionada pelas preocupações com as mudanças climáticas e pela busca por alternativas aos combustíveis fósseis. O Brasil, que na safra 2023/24 produziu 25,21 bilhões de litros de etanol, o que representa uma alta de 10% em comparação com a safra anterior, está bem posicionado para atender a essa demanda crescente, segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia).

Além disso, o país possui condições naturais favoráveis para o cultivo de cana-de-açúcar, incluindo um clima tropical, solos férteis e abundância de água. Isso reduz os custos de produção e aumenta a eficiência das usinas sucroenergéticas, tornando o Brasil um destino atrativo para investimentos no setor.

Os investimentos estrangeiros no setor sucroenergético brasileiro podem ocorrer de diversas formas. Uma das modalidades mais comuns é o estabelecimento de parcerias com empresas locais ou a aquisição de participações em usinas já existentes. Essa abordagem permite aos investidores estrangeiros acessar rapidamente o mercado brasileiro e aproveitar a experiência e o conhecimento das empresas locais, como é o caso da China, uma das maiores investidoras no mercado brasileiro, especialmente no agronegócio. Os investimentos chineses representam uma participação de 36,1% das exportações no setor e atingiu o maior patamar da série histórica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em 2023.

Outra forma de investimento é por meio do financiamento de novos projetos de expansão ou modernização de usinas sucroenergéticas. Com a crescente demanda por biocombustíveis, há oportunidades para o desenvolvimento de novas instalações ou para a atualização de tecnologias visando aumentar a eficiência e reduzir os impactos ambientais.

Apesar do ambiente favorável para investimentos, o setor sucroenergético brasileiro enfrenta desafios significativos, incluindo a volatilidade dos preços das commodities, a infraestrutura logística inadequada e as incertezas políticas e regulatórias.

Mas é importante ressaltar que essas dúvidas afetam o agro como um todo e apesar do desembolso ao crédito rural do Plano Safra 2023/24 ter chego a R$ 347,2 bilhões em 10 meses, no período de julho/2023 até abril/2024, o que representa um aumento de 15% em relação à safra passada, o agricultor ainda enfrenta desafios importantes com a taxa de juros ainda alta e reflexos na produção em razão da instabilidade climática.

No entanto, esses desafios também abrem oportunidades para investidores estrangeiros que possuem expertise em mitigar riscos e enfrentar cenários adversos. Além disso, o Brasil está passando por uma transição energética, com um aumento do interesse em fontes de energia limpa e renovável. Isso cria oportunidades para inovação e diversificação no setor sucroenergético, com o desenvolvimento de bioprodutos de maior valor agregado, como bioplásticos e produtos químicos.

O investimento estrangeiro no setor sucroenergético brasileiro continua a crescer, a prova disso é que Brasil registrou um aumento de Investimentos Diretos no País (IDP), e alcançou um total de US$ 9,6 bilhões em março deste ano, de acordo com o Banco Central, impulsionado pela crescente demanda por biocombustíveis assim como nas reformas fiscais e tributárias que estão sendo implementadas. Apesar dos desafios enfrentados pelo setor, as oportunidades de longo prazo oferecidas pelo mercado brasileiro tornam-no um destino atraente para investidores internacionais em busca de retornos sustentáveis e impacto ambiental positivo.

Por Renato Campos, diretor da Motocana

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