Com irrigação por gotejamento, Usina da Paraíba chega ao 13º corte com produtividade média acima de 100 ton/ha
Por Daniel Pedroso, Especialista Agronômico, Netafim Brasil
Essencial para o crescimento e desenvolvimento de plantas de milho e de girassol, o Nitrogênio é extremamente importante para ambas as culturas. Por isso a importância de determinar com equilíbrio as doses de adubação deste elemento, que ao mesmo tempo em privilegiem aspectos de produtividade sejam também viáveis economicamente.
A medida que a agricultura torna-se mais competitiva o custo de produção nos seus vários níveis de tecnologia transforma-se em importante instrumento do processo de decisão da administração rural, embora existam dificuldades de estimá-los (MARTIM et al., 1994).
Confresa é o Município mais populoso da região denominada Araguaia – Xingu, inserido a noroeste do Mato Grosso. Este município insere-se na transição dos Biomas Cerrado e Floresta Amazônica, entre os paralelos 10º a 11º e os meridianos 51º a 53º. Com 24.293 habitantes (IBGE, 2012), a população do município distribui-se 34,80% na zona urbana e 65,20% na zona rural.
Segundo Zanatta (2013), o município de Confresa “cresce” acima da média nacional em demanda por crédito e em ritmo empresarial no cultivo de soja e milho, de forma integrada com a pecuária, bem como a construção de gigantescos armazéns para depositar a produção dos grãos. O Banco do Brasil, por exemplo, elevou em 2.000 % seus “negócios” rurais nos últimos cinco anos.
Problemas logísticos como preços de frete, rodovias e estradas inacabadas e/ou em péssimo estado de conservação, baixa fertilidade dos solos ocupados por anos com pastagens sem aporte de corretivos e fertilizantes e falta de estruturas armazenadoras de produção influenciam os componentes dos custos de produção.
O crescimento de áreas agrícolas cultivadas no município de Confresa demanda, portanto, estudos econômicos para que agricultores, agropecuaristas e grupos econômicos atuantes no setor agrícola possam entender de forma mais concisa os fatores geotécnicos e econômicos que influenciam, de alguma forma, sobre a participação quantitativa dos componentes do custo de produção daquele município. Dessa forma, poderão embasar-se melhor no momento de planejar ações importantes à obtenção dos lucros.
O nitrogênio (N) é essencial para o crescimento e desenvolvimento das espécies vegetais, pois, presente na composição das mais importantes biomoléculas, tais como ATP, NADH, NADPH, clorofila, proteínas e inúmeras enzimas (MIFLIN & LEA, 1976; HARPER, 1994; MARSCHNER, 1995; MALAVOLTA, 2006).
A baixa eficiência das adubações nitrogenadas está relacionada ao grau de recuperação desse elemento pelas plantas, alcançando em muitos casos menos de 50 %, devido à lixiviação, volatilização de amônia, desnitrificação, erosão e imobilização microbiana (BREDEMEIER & MUNDSTOCK, 2000; CHAVARRIA & MELLO, 2011). Associados a esses fatores, estão ainda, o elevado custo das adubações nitrogenadas (DÖBEREINER, 1990). No caso do milho, por exemplo, o N é o elemento nutricional de maior custo no sistema de produção da cultura (CANTARELLA & MARCELINO, 2008).
A dose máxima econômica de fertilizantes pode ser entendida quando o valor do aumento em produção é igual ao custo do fertilizante, sendo que um acréscimo proporcional do fertilizante não será pago pelo aumento monetário na produção (RAIJ, 1991).
A orientação do técnico neste caso é a lei das proporções variáveis, também denominada lei dos rendimentos decrescentes ou lei dos acréscimos não proporcionais, que, pode ser assim enunciada: se a quantidade de um fator produtivo for aumentada por incrementos iguais, permanecendo fixas as quantidades de outros fatores, os acréscimos na produção correspondentes poderão crescer a princípio, mas decrescerão depois de certo ponto (ZAGATTO & PIMENTEL GOMES, 1960).
O objetivo deste trabalho foi estimar as doses de nitrogênio máximas econômicas aplicadas a lanço, em cobertura às plantas de milho e girassol cultivadas nas "safrinhas" de 2015 e 2016 em Confresa, Mato Grosso Brasil, Brasil.
O experimento foi conduzido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso – campus Confresa, em área cultivada anteriormente com soja. O milho (Down AgroSciences Power Core 22M12VIP) e girassol (M734) foram semeados respectivamente em fevereiro e março, nas datas 26/02/2015 e 11/02/2016 e 28/03/2015 e 27/03/2016 no espaçamento de 0,50 cm entre linhas estabelecendo-se população final de 3,1 plantas por metro linear e 4,0 plantas por metro linear. A quantidade de fertilizante fornecida em atendimento à adubação com P2O5 e K2O deu-se considerando-se os valores da análise química do solo e a recomendação de adubação para essas culturas segundo Ribeiro et al. (1999). Ainda, na linha de semeadura, foram adicionados 25 kg/ ha de N.
O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com fornecimento de 0,0 20,0, 40,0, 60,0 80,0 e 100,0 kg/ ha de nitrogênio a lanço no estádio fenológico V6 para o milho e girassol com uso de ureia e quatro repetições.
A produtividade estimada em kg/ha de grãos de milho ou girassol ajustada à umidade de 14% (característica avaliada) permitiu a determinação da dose de N de máxima produção (DNMP) e dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) por meio de equação de regressão polinomial de 2ª ordem conforme descrito por Raij (1991). Para tal, foram considerados também os valores de comercialização de R$19,00 (2015) e R$32,75 (2016) e R$47,00 (2015) e R$47,00 (2016) dos sacos de grãos de milho e girassol com 60 kg respectivamente, bem como o valor do kg do N na fonte nitrogenada utilizada de R$ 2,44.
Nos ensaios com milho e girassol foi observado aumento do lucro líquido e da receita bruta com aumento das doses de N no cultivo do milho e girassol até determinado "ponto", e que o aumento do custo do fertilizante é linear.
A dose de nitrogênio de máxima produtividade (DNMP) média no milho obtida por meio das derivadas das equações de regressão nas safrinhas de 2015 e 2016 respectivamente foi de 53,82 kg/ ha de N adicionado em cobertura, permitindo produtividade média de 116,08 sacos de grãos de milho/ ha. Ainda, nesse sentido, a dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) média foi de 48,13 kg/ ha de N proporcionando produtividade média de 115,69 sacos de grãos de milho/ha. A diferença média entre a DNMP e DNME para o milho foi de 5,69 kg/ ha de N, o que significa que as DNME foi 10,57 % menor que a DNMP.
Silva et al. (2014) trabalhando com doses de N (20 % na linha de semeadura e 80 % a lanço) e fósforo no cultivo de milho "safrinha" (19/03/2010) com uso de irrigação em veranicos em um Cambissolo Háplico eutrófico de textura argilosa na cidade de Baraúna, Rio Grande do Norte, observaram que 88 kg/ ha de N permitiu a máxima produtividade de grãos de milho, sendo a dose máxima econômica 70 kg/ ha de N combinada com 120 kg/ ha de P2O5., uma diferença de 41,67 %.
Pavinato et al. (2008), cultivando milho nas safras 2002/2003 e 2003/2004 em um Latossolo Vermelho distrófico constataram que a máxima produtividade de grãos de milho sob irrigação por aspersão ocorreu com 283 kg/ha a 289 kg/ ha de N, mas a máxima eficiência econômica ocorre com 156 kg/ ha a 158kg/ ha de nitrogênio. Isso significa uma diferença também respectiva de 44,87 % e 45,33 %.
Orioli Junior et al. (2011) conduziram experimento destinado à produção de grãos de milho safra no município de Ribeirão Preto, São Paulo, em Latossolo Vermelho distroférrico textura argilosa. As doses crescentes de N foram aplicadas em cobertura, no entanto, foram utilizados 20 kg/ ha desse elemento na linha de semeadura. As doses máximas econômicas e de máxima produtividade de grãos de milho foram de 150kg/ha e 170 kg/ ha e 136kg/ha e 162 kg/ ha de N com uso respectivo de uréia e sulfato de amônio, o que resulta em 9,33 % e 4,71 % respectivamente.
A dose de nitrogênio de máxima produtividade (DNMP) média no girassol obtida por meio das derivadas das equações de regressão nas safrinhas de 2015 e 2016, respectivamente, foi de 69,94 kg/ ha de N adicionado em cobertura, permitindo produtividade média de 29,29 sacos de grãos de milho/ ha. Ainda, nesse sentido, a dose de nitrogênio máxima econômica (DNME) média foi de 61,88 kg/ ha de N proporcionando produtividade média de 29,08 sacos de grãos de milho/ ha. A diferença média entre a DNMP e DNME para o milho foi de 8,06 kg/ha de N, o que significa que a DNME foi 11,39 % menor que a DNMP.
Rasool et al (2013), em solos siltosos da Kashimira, identificaram em dois anos de estudos doses máxima econômica e máxima produtividade de 80,00 kg/ha e 120,00 kg/ha N. Süzer (2010) em solos siltosos da Turquia identificou em três anos de estudos com diferentes populações de plantas híbridas de girassol, doses médias de máxima econômica e máxima produtividade de 50,00 kg/ha e 60,00 kg/ha N respectivamente. Já Rasool et al (2013), em solos siltosos da Kashimira, identificaram em dois anos de estudos doses máxima econômica e máxima produtividade de 80,00 kg/ha e 120,00 kg/ha N.
Em Cassilândia, Mato Grosso do Sul, Biscaro et al. (2008) testaram quatro doses crescentes de N parceladas em três coberturas em Neossolo Quartzarênico sob irrigação, no período entre março a agosto. Constataram que 55,00 kg/ha de N proporcionou a maior produtividade de grãos. Sachs et al. (2006) afirmaram que com este mesmo valor obtiveram a melhor resposta sobre a produtividade de aquênios de girassol. No experimento de Santos et al. (2013), no período de abril a agosto em Lagoa Seca, Paraíba, testando doses crescentes de N em dois parcelamentos de cobertura, constataram que a dose de máxima produtividade de aquênios de girassol foi de 112,43 kg/ha de N.
Em um experimento conduzido no município de Londrina, Paraná, em Latossolo Roxo eutrófico, textura muito argilosa durante três safras (1991/92, 92/93 e 93/94), Castro et al. (1999) observaram na análise conjunta dos dados referente ao cultivo do girassol com utilização de ureia em incorporação ou parte incorporada (30% do N total na dose testada) e parte em cobertura, que a dose máxima econômica foi de 17,5 kg/ ha de N, não sendo possível determinar um "ponto" na equação polinomial de segunda ordem para determinação da dose de máxima produtividade de grãos.
As doses médias de N fornecidas a "lanço" na cobertura das plantas de milho e de girassol em que foram obtidas as máximas produtividades de grãos foram 53,82 kg/ha e 69,94,00 kg/ha N respectivamente, sendo 48,13 kg/ha e 61,88 kg/ha N as doses máximas econômicas.
As doses de N máximas econômicas foram respectivamente menores em 10,57% e 11,39% em relação as doses de N utilizadas para obtenção das máximas produtividades de grãos de milho e girassol.
Artigo publicado na edição 222 da Cultivar Grandes Culturas, mês novembro, ano 2017.
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