Nas últimas safras, altas populações de
sp. têm ocorrido em lavouras de soja dos Estados do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, embora o primeiro registro nesta cultura tenha ocorrido em Palmeira das Missões (RS), há quase 25 anos, na safra 1976/77. O inseto tem sido observado também em feijão, trigo e quiabo, além de atacar plantas daninhas como o amendoim-bravo e a trapoeraba. Trata-se de um pequeno besouro marrom, com aproximadamente 4 mm de comprimento, pertencente a família Curculionidae – a família dos insetos bicudos - bastante semelhante a um pequeno torrão de solo. Daí originou-se o nome popular que está recebendo por parte dos agricultores: “torrãozinho”. Poucas são as informações disponíveis a respeito da biologia desse inseto. Mas baseando-se nos gêneros mais próximos que, segundo o Professor Germano Rosado Neto, da Universidade Federal do Paraná, são Naupactus e Pantomorus, o torrãozinho passa as suas fases imaturas (larva e pupa) no solo. Ainda, é possível, que o inseto tenha ciclo anual e que a fase larval seja longa, podendo durar até 11 meses. Na fase larval, os representantes desses gêneros alimentam-se de raízes secundárias das plantas hospedeiras.
Até o momento, é considerada uma praga secundária da soja, porém, nos últimos anos, o nível populacional do inseto aumentou muito nas lavouras, a ponto de gerar apreensão e preocupação quanto ao efeito dos seus danos no rendimento da cultura. Na safra passada, foi problema sério para produtores de alguns municípios do Norte do Paraná e do Sudoeste de São Paulo. As lavouras plantadas mais cedo tiveram um ataque maior, devido ao alto nível populacional da praga.
Geralmente, o adulto do “torrãozinho” inicia seu ataque pelas bordas da lavoura, junto a estradas vicinais da propriedade ou a talhões de milho, próximos da soja, onde se verifica uma concentração maior do inseto.
Os danos são mais graves quando seu ataque ocorre na fase inicial de desenvolvimento das plantas e caracterizam-se por pequenos orifícios e cortes nas margens das folhas e dos cotilédones, conferindo um aspecto serrilhado aos mesmos. Em áreas onde a população é elevada, o inseto também pode atacar a gema apical, que é a estrutura responsável pelo crescimento da soja, ou, até mesmo cortar o caule da planta recém-emergida. Isso diminui o estande da lavoura, fazendo com que seja necessário replantar a soja. Não foram observados danos que possam ser atribuídos às larvas do “torrãozinho”, em soja. Mas, como provavelmente a fase larval seja longa, é necessário prestar atenção na cultura que a sucede, especialmente quando as formas jovens atingem os últimos instares, são maiores e podem eventualmente causar danos. Entretanto, não está descartada a possibilidade de as larvas se manterem e completarem o ciclo nas raízes secundárias da própria soja, que permanecem no solo.
Dada a característica de ataque do inseto, iniciando pela bordadura da lavoura, na maioria dos casos, talvez o seu controle poderá ser feito com aplicação de inseticida somente nesta área, em faixas de 30-50m de largura. Ainda não existe recomendação oficial de nível de ação nem, tampouco, de inseticidas para controle da praga. No entanto, o agricultor não deve deixar a desfolha ultrapassar 30%, obedecendo a recomendação geral para pragas desfolhadoras da soja. Pesquisadores da Embrapa Soja estão realizando testes com diferentes ingredientes ativos para verificar quais os mais eficientes, assim como para avaliar o nível de ação para o controle da praga na cultura da soja.
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Embrapa Soja
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