A transmissão hidromecânica, também conhecida como "Power Shift", é composta de um conversor de torque associado a um conjunto de engrenagens satélites de engrenamento constante, que permite a troca de marchas sem interromper a transmissão de potência do motor.
O lubrificante indicado para esse tipo de transmissão semi-automática precisa ter boa fluidez em tempo de frio, alto índice de viscosidade, modificadores de fricção, boa estabilidade térmica, proteger contra altas cargas e resistir à oxidação.
Um tipo de lubrificante foi especialmente desenvolvido para esse tipo de transmissão e chamado de ATF (fluido para transmissões automáticas em inglês). Normalmente o ATF tipo A sufixo A atende à maioria das transmissões desse tipo encontradas no mercado.
ÓLEOS PARA SISTEMAS HIDRÁULICOS
O sistema hidráulico de levantamento de três pontos em um trator é responsável pela elevação e posicionamento de implementos e máquinas agrícolas. A direção hidráulica ou hidrostática, que também é acionada hidraulicamente pode ser ou não independente do sistema hidráulico. Algumas máquinas agrícolas possuem transmissão hidrostática, isto é, não possuem embreagem, câmbio, diferencial nem redução final; nesse caso, a potência de motor é transformada em pressão de óleo por uma bomba hidráulica e depois novamente em movimento por um motor hidráulico ligado às rodas motoras do veículo.
Em função da complexidade do seu uso, os óleos para hidráulicos precisam possuir: viscosidade adequada, bom índice de viscosidade, estabilidade, resistência à corrosão, compatibilidade com material dos retentores, propriedades antiespumantes.
Os lubrificantes utilizados em sistemas hidráulicos de tratores e máquinas agrícolas são classificados segundo as normas ISO e DIN. São as mesmas normas utilizadas para óleos utilizados em máquinas ferramentas, como tornos, frezadoras e outras máquinas industriais.
CLASSIFICAÇÃO ISO
A classificação ISO (International Standards Organization) é semelhante à classificação SAE, já vista na matéria anterior, que se baseia apenas na viscosidade do óleo lubrificante, desconsiderando o seu uso. O grau ISO indica que a viscosidade do óleo pode variar até 10% acima ou abaixo daquele valor. Como exemplo, o óleo ISO VG 68 (utilizado no sistema hidráulico de alguns tratores Valmet) cuja viscosidade pode variar de 61,2 a 74,8 centistokes (cSt).
CLASSIFICAÇÃO DIN
Já a classificação DIN baseia-se na qualidade do óleo mineral, de maneira que as duas se completam: (tabela 1 -
)
ÓLEOS MULTIFUNCIONAIS
Alguns fabricantes desenvolveram um óleo lubrificante chamado de universal ou multifuncional, que possui um alto índice de viscosidade e aditivos que garantem boa proteção a motores turboalimentados ou de aspiração natural, a todos os tipos de transmissão mecânica convencional e também à maioria dos circuitos hidráulicos clássicos.
Muitos fabricantes de tratores atualmente indicam esse tipo de lubrificante para a transmissão e sistema hidráulico.
Esse tipo de óleo não é classificado pelas normas anteriormente vistas, recebendo apenas a designação de "Óleos Multifuncionais" ou "TOU" (óleo universais para tratores, em inglês)
GRAXAS LUBRIFICANTES
A graxa é constituída da mistura de um líquido lubrificante (óleo mineral ou sintético), de um produto sólido ou semi-sólido (agente espessante) e aditivos, e tem como função reduzir o atrito, o desgaste, o aquecimento e proteger contra a corrosão. É o óleo que realmente lubrifica e o agente espessante é responsável pela retenção do óleo.
GRAXA = ÓLEO MINERAL + ESPESSANTE + ADITIVOS
A principal vantagem da graxa é que ela não escorre do lugar em que é colocada, como acontece com os óleos lubrificantes, reduzindo o custo de lubrificação, dispensando-se sistemas de vedação dispendiosos, além de impedir o ingresso de água e impurezas. Possuem, porém, um menor poder de resfriamento que os óleos.
A graxa é indicada em certos pontos de máquinas e implementos agrícolas, tais como mancais de arado, grades, enxadas rotativas, estrias de acoplamento de cardan e cubos de roda, onde é necessário um lubrificante que não escorra. Para uma lubrificação adequada, deve-se observar a regularidade da aplicação e que não haja excesso ou falta de graxa.
TIPOS DE GRAXA
O tipo e as características das graxas se devem ao tipo de agente espessante do qual ela é constituída; normalmente é utilizado nas graxas convencionais, os sabões metálicos como os de cálcio, sódio e lítio (tabela 2). Pode-se ainda usar como espessante outros materiais como sílica-gel ou argilas especiais (bentonita), que são pouco empregadas devido ao seu elevado custo.
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Consistência: Indica se uma graxa é dura ou mole, isto é, se ela é difícil ou facilmente penetrável ou deformável; é uma das características mais importantes das graxas, pois influencia a formação da camada responsável pela lubrificação e a capacidade de bombeamento da mesma.
Quanto menor a variação de consistência, melhor será o desempenho da graxa no uso prático.
Capacidade de bombeamento: Indica a facilidade ou dificuldade com que uma graxa é bombeada, isto é, a força que se faz para bombeá-la. É uma característica importante nos sistemas de lubrificação centralizada. Está ligada à consistência e à viscosidade aparente da graxa.
Ponto de gota: É a temperatura na qual a graxa começa a gotejar, isto é, derreter. E uma característica importante para os equipamentos que trabalham a altas temperaturas.
Resistência à água: Pelo fato de algumas máquinas trabalharem em ambientes com muita umidade, esta característica torna-se extremamente importante nesses casos.
Estabilidade: Diz-se que uma graxa é estável quando ela consegue manter por mais tempo a sua consistência.
Oxidação: A oxidação, absorção do oxigênio, produz a deterioração da graxa e a diminuição da sua capacidade de lubrificação. Alguns tipos de graxa se oxidam com maior facilidade que outros. Quanto maior a temperatura, mais a graxa se oxida e mais freqüentes deverão ser as trocas e reposições.
Cor: A cor da graxa não determina a sua qualidade.
Separação do óleo: As graxas, quando armazenadas durante longo período, apresentam razoável tendência à decomposição, separando-se o óleo do sabão.
AGENTE ESPESSANTE
Aditivos para graxas
As característica das graxas podem ser melhoradas com o uso de aditivos, e os tipos mais comuns são:
• Inibidores de oxidação: que inibem a oxidação e, portanto, a deterioração das graxas.
• Inibidores de corrosão: protegem as peças lubrificadas com graxa de serem atacadas por produtos corrosivos.
• Agentes anti-desgastes ou de Extrema Pressão: formam uma película na superfície da peça que resistem a altas cargas de trabalho, diminuindo o seu desgaste.
• Agentes de adesividade: melhoram a adesividade da graxa às peças a serem por ela lubrificadas.
• Lubrificantes sólidos como grafite e bissulfeto de molibidênio (MoS2): também diminuem o desgaste.
CLASSIFICAÇÃO DAS GRAXAS
As graxas são classificadas quanto à sua consistência pela NLGI (National Lubrificating Grease Institute ), onde o grau varia com a penetração de um cone em um recipiente contendo graxa. Quanto maior a penetração, mais macia será a graxa.
De acordo com o valor deste índice de penetração, lhes é dado um número que varia de 0 a 6 e uma denominação como se pode observar na tabela 3. Como se pode observar nesta tabela, quanto mais alta a numeração que a graxa recebe, maior é a sua consistência.
CLASSIFICAÇÃO DAS GRAXAS
Critérios na escolha de lubrificantes
Para escolher corretamente os lubrificantes utilizados em tratores e máquinas agrícolas deve-se sempre:
• Consultar o manual do equipamento para conhecer as especificações do fabricante do equipamento.
• No caso das graxas , não tendo o manual do equipamento usar, quando possível, graxa de lítio, grau de consistência 2, pois apresenta melhores características de desempenho (resistência à água, temperatura e alta rotação) e boa capacidade de bombeamento.
• No caso de óleos lubrificantes opte sempre por óleos multiviscosos, que farão uma boa lubrificação em qualquer época do ano, inverno e verão.
CUIDADOS NA LUBRIFICAÇÃO
Gerais
• Não fazer a lubrificação com a máquina funcionando;
• Não deixar óleo ou graxa derramados nos locais de trabalho;
• Usar panos que não soltem fiapos;
• Usar vasilhames limpos para evitar contaminações;
• Manter em ordem os extintores de incêndio;
• Fazer a lubrificação nos períodos recomendados pelo fabricante;
• Consultar sempre o manual do equipamento.
Óleos
• Verificar o nível do óleo lubrificante periodicamente;
• Completar, se necessário;
• Não misturar diferentes tipos ou marcas de lubrificantes;
• Trocar o óleo lubrificante no período especificado pelo fabricante;
• Não remontar óleo lubrificante;
• Limpar as tampas de abastecimento antes de abrir;
• Fazer a troca com o motor ou câmbio quentes, para facilitar o escoamento do óleo;
• Ao trocar o óleo troque também o filtro.
Graxas
• Limpar bem os pinos graxeiros antes da lubrificação;
• Substituir os pinos graxeiros entupidos;
• Retirar o excesso de graxa dos pinos graxeiros e mancais, para evitar o acúmulo de poeira.
FALHAS DE LUBRIFICAÇÃO
Falhas na lubrificação podem causar vários tipos de problemas para os motores de tratores, veículos e máquinas agrícolas, e normalmente são devidas à utilização de óleos de baixa qualidade, intervalo de troca muito longo e filtragem inadequada.
A utilização de óleos de baixa qualidade, trocas a intervalos muito longos e filtragem inadequada poderão provocar depósito de verniz, formação de borra, diminuição da vida do óleo e do filtro, aumento de desgaste de anéis, cilindros, mancais e válvulas, anéis presos e aumento dos custos de manutenção.
Causas das mudanças nas condições do óleo
A presença de água e de outros contaminantes poderão causar mudanças nas condições do óleo tais como diminuição ou aumento da viscosidade.
A presença de água no óleo, podem ocorrer devido a trincas no cabeçote, vazamentos na junta do cabeçote, ventilação do carter deficiente, temperatura do óleo muito baixa, serviço intermitente (liga/desliga) e contaminações externas. Já a presença de outros contaminantes é devido a problemas na filtragem do óleo ou do ar de alimentação do motor.
A diluição do combustível ou mistura com óleo de menor viscosidade, podem causar a diminuição da viscosidade. Por outro lado o aumento da viscosidade se deve a intervalo de trocas muito longo, sobrecarga no motor, arrefecimento deficiente, filtragem de óleo ou do ar deficientes, ao mau estado dos anéis, contaminações ou uso de óleo de baixa qualidade.
Antonio Carlos Loureiro Lino, Afonso Peche Filho e Ila Maria Correa
Centro de Mecanização e Automação agrícola / IAC
* Confira este artigo, com fotos e tabelas, em formato PDF. Basta clicar no link abaixo:
Newsletter Cultivar
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura
Newsletter Cultivar
Receba por e-mail as últimas notícias sobre agricultura