A lagarta-da-espiga do milho caracteriza-se como um das principais pragas da cultura que chega a causar elevado prejuízo econômico aos pequenos e grandes produtores em todo mundo.
A cultura do milho constitui-se em um dos principais cultivos para produção de grãos a nível mundial, e o Brasil é um país de grande potencial na produção de grãos, sendo o milho a cultura mais amplamente difundida e cultivada, pois se adapta aos mais diferentes ecossistemas, e ocupa, em todo o território nacional, cerca de 12 milhões de hectares, com uma produção anual média em torno de 40 milhões de toneladas, concentrada nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que respondem por cerca de 98% da produção nacional.
Para produção desse grão, vários fatores são importantes e determinantes, destacando-se dentre eles, o clima, manejo da cultura e principalmente os insetos-praga.
A lagarta da espiga do milho,
(BODDIE, 1850) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE), é uma das pragas de maior importância econômica para a agricultura mundial. No Brasil, constatou-se que as infestações de H. zea são de até 96,3%, causando danos de até 8,4%, com 2,1% em conseqüência de grãos comidos, 2,0% de grãos podres e 4,3% de falhas.
A mariposa coloca seus ovos nos estilos-estigmas (cabelo do milho). No entanto, a praga pode também colocar os ovos nas folhas de plantas ainda em estádios vegetativos de desenvolvimento. Podem ser encontrados até 13 ovos por espiga, tendo um período de incubação em torno de três dias. As larvas recém-nascidas inicialmente alimentam-se dos cabelos de milho, e dependendo da intensidade de ataque podem ocorrer grandes falhas nas espigas pela não-formação dos grãos. À medida que as larvas se desenvolvem elas caminham em direção à ponta da espiga, onde começam a alimentar-se dos grãos em formação.
O ciclo de vida total desse inseto é em torno de 40-45 dias, sendo que o inseto passa por seis instares larvais num período de cerca de 28 dias. Podem ocorrer durante o ano mais de cinco gerações. Quando totalmente desenvolvida a larva sai da espiga e se dirige para o solo, onde se transforma em pupa, período que dura em torno de 12 dias, emergindo o inseto adulto e reiniciando todo o ciclo.
Essa lagarta é referida prejudicando a cultura nas seguintes formas: atacando os estigmas impedindo a fertilização e, em conseqüência, surgirão falhas nas mesmas; alimentando-se de grãos leitosos, destruindo-os e finalmente deixando orifícios que facilitam a penetração de microrganismos que podem causar podridões.
Os danos da lagarta-da-espiga muitas vezes são confundidos com os danos causados pela lagarta-do-cartucho,
. Quando a larva está presente na espiga podem-se separar facilmente as espécies através da coloração da cabeça. A lagarta-da-espiga tem a cabeça de coloração marrom bem clara enquanto a lagarta-do-cartucho apresenta a cabeça quase preta.
O controle de
se faz quase que exclusivamente mediante emprego de inseticidas, sendo a eficiência deste método, muito baixa. Isto se deve ao fato das lagartas, encontrarem-se protegidas no interior das espigas. Além disso, provoca um efeito negativo no equilíbrio biológico existente entre o inseto-praga e seus inimigos naturais, e o mau uso dos químicos acabam também por forçar a seleção de populações resistentes aos pesticidas.
O alto custo sócio-econômico do controle e a dificuldade na obtenção de cultivares resistentes à lagarta-da-espiga e que sejam produtivas, proporcionaram a busca de alternativas eficientes, economicamente viáveis e ecologicamente corretas. Assim, tem sido proposto o manejo integrado de pragas (MIP) que associa os conhecimentos tanto do ambiente como da dinâmica populacional da espécie-alvo e utiliza todos os métodos e técnicas apropriadas de forma tão compatível quanto possível para manter a população da praga em níveis abaixo daqueles capazes de causar dano econômico.
Para que o MIP seja plenamente utilizável é necessário que se conheça muito bem a cultura visada e, obviamente, as características biológicas das pragas a ela relacionadas. Dessa forma é imprescindível que se conheça não só as características biológicas das pragas, mas, como mantê-las em condições de laboratório.
Uma das alternativas ao uso indiscriminado de inseticidas, é o controle biológico com o uso de predadores e parasitóides, destacando-se dentre eles a tesourinha Doru luteipes, que é um inseto que coloca seus ovos nas primeiras camadas de palha da espiga. Tanto as formas jovens quanto os adultos alimentam-se de ovos e de larvas pequenas dessa praga. O consumo médio diário de uma tesourinha adulta é em torno de 42 ovos da praga.
Além da tesourinha, é bem conhecida mundialmente à alta taxa de parasitismo de ovos de H. zea por Trichogramma, uma vespinha que parasita os ovos de várias espécies de insetos-prga. Hoje em dia, esse parasitóide vem sendo amplamente utilizado na China, França, Estados Unidos, Rússia, Nicarágua e Colômbia, pois, além da sua eficiência no controle pode ser criado de maneira fácil e econômica em laboratório, utilizando hospedeiros alternativos. A taxa de parasitismo natural pode chegar em algumas regiões a mais de 80%, fazendo com que a praga não ocasione danos significativos ao milho.
Em função da dificuldade de controle, a preservação de inimigos naturais e mesmo a sua liberação na lavoura é uma das táticas mais importantes em programas de manejo integrado dessa importante praga da cultura do milho no Brasil.
Biólogo Doutorando em Agronomia, CCA/UFPB, Areia, PB.
Contatos: silva.aldeni@ig.com.br
Professor Adjunto do Departamento de Fitotecnia, CCA/UFPB, Areia, PB.
Contatos: jacinto@cca.ufpb.br
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