Híbridos de Helicoverpa: Duas em uma

Crescem as evidências da presença de híbridos de Helicoverpa no Brasil. Amostras de lagartas das espécies Armigera e Zea coletadas no Mato Grosso e analisadas por pesquisadores do Reino Unido e da Austrália, atravé

15.06.2018 | 20:59 (UTC -3)

Os insetos pertencentes à família Heliothinae estão entre as pragas agrícolas mais prejudiciais do mundo. Dentre os principais representantes desta família estão Helicoverpa armigera e H. zea, popularmente denominadas Lagarta do Velho Mundo do Algodoeiro e Lagarta da Espiga do Milho, respectivamente. A comunidade científica mundial classificou H. armigera como uma das pragas de maior impacto agrícola entre os anos de 2012 e 2016. 

H. armigera é uma praga extremamente polífaga, sendo registrada em mais de 300 hospedeiros, entre os quais estão plantas cultivadas, invasoras e silvestres em diferentes partes do mundo, incluindo culturas como algodão, soja, milho e tomate, enquanto H. zea possui um número menor de hospedeiros, 123 espécies, dentre essas também estão culturas de grande importância econômica para o Brasil, tais como, algodão, milho e tomate. Sendo assim pode-se dizer que há uma relação próxima e continua entre as duas espécies, principalmente em cultivos anuais. Esta situação pode se agravar ainda mais em sistemas contínuos de cultivo, como por exemplo, áreas irrigadas, criando assim as conhecidas “pontes verdes”, muito comuns em regiões agrícolas do Cerrado Brasileiro.

Helicoverpa armigera e H. zea são espécies morfologicamente semelhantes e análises moleculares comprovaram a similaridade genética entre seus genomas, o que justifica os casos relatados de hibridização entre as duas espécies. Aproximadamente 1,5 milhão de anos atrás, na linha evolutiva do tempo, H. armigera e H. zea compartilhavam um ancestral comum, o que explica esta proximidade genética. A capacidade de hibridização entre a lagarta do Velho Mundo (H. Armigera) e a do Novo Mundo (H. Zea), em produzir descendentes férteis têm sido claramente demonstrada em experimentos de laboratório desde 1965, embora tais cenários tenham se restringido apenas a condições laboratoriais, anteriores à recente chegada de H. armigera no Continente Sul Americano. Por meio do sequenciamento genômico completo, conforme estudo do renomado Instituto CSIRO na Austrália, foi possível constatar a existência de indivíduos híbridos provenientes de amostras brasileiras. Continue lendo.

Cecilia Czepak

Universidade Federal de Goiás

Wee Tek Tay

CSIRO Black Mountain Laboratories

Humberto O. Guimaraes

Corteva Agriscience

Tiago Carvalhais

Matheus Le Senechal

Rafael F. Silvério Universidade Federal de Goiás 


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