Fruticultura mecanizada

Saiba a importância de contar com um trator bem dimensionado para atender às diversas operações que demanda a rotina diária de trabalho para a produção de frutas de mesa

05.01.2022 | 17:20 (UTC -3)

A importância de contar com um trator bem dimensionado para atender às diversas operações que demanda a rotina diária de trabalho para a produção de frutas de mesa como caju, pitaia, lichia, figo da Índia e amora silvestre. 

Para conhecer a aplicação do trator LS modelo R65 na fruticultura, fomos até o município de Artur Nogueira, no estado de São Paulo, mais especificamente no Sítio Cajueiro, do senhor Donizete Aparecido Leme. Ele é produtor de caju, pitaia e lichia, além de figo da Índia e amora silvestre.

Muito simpático e solícito, o senhor Donizete nos contou que nasceu no Paraná e veio para São Paulo na década de 1980, depois de uma breve passagem, em busca de trabalho, no estado de Mato Grosso. A motivação para a saída do seu estado natal foi a grande geada de 1993, que quase terminou com a produção de café no Paraná. Também serviu como motivação o surto de bicudo-do-algodoeiro, que atacou a lavoura de algodão lá pelos anos 1995-96, quase dizimando as lavouras paranaenses. Bem-humorado, disse em tom de brincadeira que foi “espantado” da sua terra natal. Na busca de oportunidades, começou no ano de 2002 a preparação para a produção de caju, colocando as mudas, orientado por um programa de melhorando e clonagem iniciado pela Embrapa na década de 1980. Atualmente mora no Sítio com a sua família de cinco pessoas, todas envolvidas na produção.

Na região, o senhor Donizete é um dos pioneiros e inclusive auxilia outros produtores, até de outros estados, principalmente do Ceará, e é considerado o maior produtor de caju do estado de São Paulo. Durante o dia que estivemos no Sítio Cajueiro, ouvimos muitas experiências e relatos dos problemas e das conquistas que ocorreram nestes anos. 

Trator LS R65 em operação com roçadeira na limpeza das ruas do pomar
Trator LS R65 em operação com roçadeira na limpeza das ruas do pomar

Cajueiro

O cajueiro é uma árvore nativa do Brasil, principalmente distribuída entre as regiões Norte e Nordeste. No entanto, pelo processo natural de dispersão antropogênica, está sendo cultivada em quase todo o País. Logicamente para a exploração comercial, as regiões com clima mais quente levam grande vantagem. 

A planta (Anacardium occidentale) produz um fruto que é a castanha-do-caju e um pedúnculo comestível, de cor que varia entre o amarelo e o vermelho, dependendo do clone utilizado para a produção da muda. No caso do sítio, o produto comercial é o pedúnculo, considerado um pseudofruto, mas que é de grande beleza e muito sabor. Do tamanho aproximado de uma pera pequena é rico em vitaminas A, B, C e fibras.

Produção obtida no Sítio Cajueiro, com a marca Caju Nogueirense, tem como principal destino a Ceasa em São Paulo
Produção obtida no Sítio Cajueiro, com a marca Caju Nogueirense, tem como principal destino a Ceasa em São Paulo

Atualmente o sítio possui aproximadamente 200 pés em produção, em uma área de três hectares. Existe um plano de expansão para recuperar alguns locais onde se perderam plantas, principalmente para a geada. A variedade utilizada no sítio é a Embrapa CCP76, que é bastante produtiva, com possibilidade de recolhimento de aproximadamente 150 caixas por pé, na safra. O senhor Donizete tem uma área para a produção de mudas, utilizando o cavalo que vem da Embrapa. A muda é feita com o cavalo do caju amarelo, combinado com uma porção do caju vermelho, que é onde produz.

O manejo que requer o cajueiro é bastante intenso, se o produtor quiser manter altas produtividades. Para um estande de árvores como se viu no Sítio Cajueiro, com 19 anos, o porte já está estabelecido em aproximadamente três a quatro metros de altura. Portanto, as operações de condução e manutenção necessárias são para facilitar a entrada de luz, principalmente. Como as plantas são do tipo cajueiro anão, que apresenta a tendência de abrir os ramos na horizontal, a poda é feita com o objetivo de induzir e manter o formato de taça. Há dois anos o sistema de poda, que ocorre principalmente no mês de julho, foi intensificado para manter o formato da taça e os resultados foram muito expressivos. O produtor acredita que o grande benefício, resultado deste sistema de condução, foi a diminuição da incidência da antracnose provocada pelo fungo Colletotrichum truncatum, relacionado à presença de umidade. O controle é feito com a pulverização de fungicida oxicloreto de cobre, por meio de um turboatomizador, acionado pelo trator LS R65. Ele acredita que com esta ação de poda e formação, a antracnose está sendo controlada com a produção passando das anteriores 12 mil caixas a 22 mil caixas agora registradas.

Modelo LS R65 conta com 65 cavalos de potência a uma rotação de 2.500 rpm
Modelo LS R65 conta com 65 cavalos de potência a uma rotação de 2.500 rpm

Outros problemas a manejar são a ocorrência de percevejo e a broca, que ataca a muda nova. O tripes (Frankliniella schultzei) também causa problemas quando se instala na flor e depois provoca o aparecimento de uma mancha na casca do pseudofruto, diminuindo o seu valor comercial. A floração ocorre entre os meses de junho e novembro, após breve período de dormência no inverno da região, e é muito atrativa às abelhas, o que é extremamente positivo. 

O pomar do Sítio Cajueiro foi implantado há 19 anos e está em plena atividade, com produção média de 150 caixas por pé, que se colhe entre novembro e maio, com o pico de produção nos meses de janeiro e fevereiro. Como o processo de colheita é baseado em um critério totalmente visual, a cada dia se faz um recolhimento e já se prevê o que ficou para os próximos dias. O recolhimento da produção é realizado com a mão, onde se alcança, e com um recolhedor, que nada mais é que uma haste com um cesto de tecido na ponta, em forma de coador.

Desta forma, a alternativa é a utilização de mão de obra de toda a família, o casal e os filhos, que todos os dias começam a atividade e não sabem a que hora irão parar, pois enquanto houver produção a colher não se interrompe o trabalho. Inclusive nos contaram, sorrindo, que às vezes seguem noite adentro na atividade. 

A marca comercializada no Sítio é a Caju Nogueirense e o destino da maior quantidade da produção é o terminal da Ceasa em São Paulo. Também uma parcela é entregue para clientes tradicionais no Mercado Público de São Paulo. O transporte desde o pavilhão do sítio até o local de entrega é terceirizado. Uma pequena parte da produção é comercializada diretamente com alguns fregueses, que buscam o produto diretamente no sítio. Também há clientes que utilizam as frutas que foram descartadas para a embalagem e compram diretamente no sítio por peso, para a utilização como polpa e suco e produção de uma bebida fermentada à base de caju, xarope, néctar e doces.

A produção de frutas de mesa é a principal atividade econômica no Sítio Cajueiro, localizado no município de Artur Nogueira, São Paulo
A produção de frutas de mesa é a principal atividade econômica no Sítio Cajueiro, localizado no município de Artur Nogueira, São Paulo

Pitaia

Ao contrário do caju, a pitaia é uma planta exótica originária da América Central do gênero Stenocereus e a espécie varia com a forma e a cor. Por ser da família do Cactus (Cactaceae) tem a aparência da fruta da tuna, porém sem os espinhos. Em alguns lugares é chamada também de fruta do dragão. No Brasil, a mais conhecida e cultivada é a pitaia roxa, que na verdade é avermelhada com a polpa rosa. Também se cultiva a amarela com a polpa branca.

O início da produção comercial no Brasil é bastante recente, com os primeiros registros nos anos 2000, sendo a partir daí considerada uma fruta de mesa da moda, principalmente pela beleza e características nutricionais. É rica em vitaminas B e C e em minerais como potássio, ferro, cálcio e fósforo, pouco poder calórico e muito fibrosa, o que se combina com alimentação dietética e natural. 

A pitaia é cultivada no Sítio Cajueiro há 18 anos e em grande quantidade. São 350 pés de pitaia branca e duas áreas de pitaia roxa, totalizando mais de mil pés. 

Para o cultivo é necessário constituir uma estrutura de suporte da planta, denominada parreira de pitaia, sendo muito semelhante à condução da uva, no sistema de espaldeira. Uma linha de postes e vigas de madeira serve como suporte que passa a ser determinante para a duração produtiva do cultivo, pois esta estrutura é de muito difícil manutenção, dado que a planta acaba por envolver o seu suporte. 

Este tipo de condução acaba por ser um benefício para a aplicação dos produtos necessários à proteção da planta, pois o turboatomizador passa na entre linha, aplicando nos dois lados. Também é necessária a limpeza das ruas, que o senhor Donizete faz com a mesma roçadeira que limpa a área do cajueiro. O trator LS R65 está destinado para as duas operações. 

A produção dos frutos maduros vai de dezembro a maio, assim como no cajueiro. A maturação é escalonada e, se de um lado é favorável à comercialização, obriga a família ao trabalho de recolhimento diário, por meses. A produção começa com um broto que sai da inserção do espinho e dura 60 dias do botão ao fruto. O pico de produção ocorre no mês de dezembro, justamente nas festas de final de ano. O volume de produção aproximado é de cinco caixas por pé, durante o ciclo todo.

Lichia

A lichia (Litchi chinensis) é uma árvore da família Sapindaceae, originária da Ásia. No Vietnã é considerada fruta símbolo, estando presente em algumas bandeiras de províncias do país. É uma árvore de grande porte, com os espécimes do Sítio do Cajueiro medindo uma altura ao redor de cinco metros a dez metros.

A produção dos frutos de lichia é concentrada em duas a três semanas do mês de dezembro, próximo ao Natal e Ano Novo
A produção dos frutos de lichia é concentrada em duas a três semanas do mês de dezembro, próximo ao Natal e Ano Novo

O maior problema para a produção da lichia, atualmente no Brasil e principalmente em São Paulo, onde se concentra a maior parte da produção, é o ácaro da falsa ferrugem, de difícil controle, mas que pode ser combatido com produtos à base de enxofre. Outro problema é a broca, que se instala nos ramos, mas que pode ser controlada com inseticidas.

A produção dos frutos é concentrada em duas a três semanas do mês de dezembro, próximo ao Natal e Ano-novo. Este ano a produção do Sítio do Cajueiro atrasou em função da geada e durante estas duas semanas a família do senhor Donizete recolherá os frutos usando escadas, para quebrar o cacho e retirar os frutos. Os 220 pés existentes no sítio proporcionarão aproximadamente 100kg por pé de frutos maduros e prontos para a venda.

O fruto da lichia é arredondado com casca avermelhada e rugosa e a polpa comestível é esbranquiçada e com bastante líquido em meio a uma massa. No processo de amadurecimento, a casca vai ficando cada vez mais fina, tomando a cor avermelhada, e a polpa vai aumentando e tornando-se mais líquida. 

Para a comercialização, o maior valor coincide com as festas de Natal e de Ano-novo. Depois o preço cai, voltando a recuperar-se quando a disponibilidade da oferta diminui, no mês de fevereiro em diante. A venda é feita por peso, com a fruta separada dos ramos do cacho e ensacadas em partes de 10kg.

LS Tractor R65 na produção de frutas

O trator LS modelo R65 utiliza um motor marca LS, modelo L4AL T1, de quatro cilindros e 2.621cm3 de volume deslocado, que atende a norma brasileira de emissão de poluentes MAR-1. O sistema de alimentação com bomba injetora tem 16 válvulas e turbocompressor, o que proporciona 65cv de potência máxima (Norma ISO TR 14396) a uma rotação de 2.500rpm. O torque máximo é de 203Nm a 1.600rpm.

A transmissão de potência é do tipo sincronizado, Synchro Shuttle, que oferece 32 marchas à frente e 16 marchas à ré, com super-redutor (creeper). A tomada de potência (TDP) é independente com acionamento eletro-hidráulico e três velocidades, 540, 750 e 1.000 rpm. A rotação de 750rpm pode ser utilizada como uma TDP econômica. O eixo dianteiro é motriz com acionamento mecânico.

O sistema hidráulico tem vazão total de 62 litros/minuto e o sistema de engate de três pontos de categoria II alcança pressão máxima de 167kgf/cm2 e capacidade de levante de até 2.100kgf na rótula. O controle remoto do tipo independente, com duas válvulas na versão standard e três válvulas como opcional, apresenta vazão máxima de 31 litros/minuto e pressão máxima de 167MPa. O trator testado estava equipado com pneus tipo R1, com especificação 14.9-24 na dianteira e 250/80-18 nos rodados traseiros.

O depósito de combustível comporta até 60 litros de combustível, o que garante uma boa autonomia pelo nível de consumo verificado na maioria das operações. O peso de embarque é de 1.920kg e lastrado pode chegar a 2.922kg. 

Modelo R65 se tornou um aliado do produtor Donizete Aparecido Leme nas operações para a produção de frutas de mesa em São Paulo
Modelo R65 se tornou um aliado do produtor Donizete Aparecido Leme nas operações para a produção de frutas de mesa em São Paulo

Para auxílio e incentivo à manutenção, o capô é basculante, articulando-se para trás e proporcionando amplo acesso a todos os componentes do motor e sistema elétrico.

Uma característica positiva dos tratores da LS é o eixo dianteiro sem cruzetas, que é bem protegido contra a entrada de pó e barro, além de proporcionar um excelente raio de giro, o que é muito favorável nas pequenas áreas, como a do Sítio Cajueiro. 

O modelo R65 plataformado do senhor Donizete foi comprado na loja concessionária da LS em Mogi Mirim, JA Máquinas. A loja matriz da JA Máquinas fica em Jaú, SP, e é uma das melhores concessionárias da marca. A loja filial de Mogi Mirim é muito bem localizada e tem atuação em uma enorme região do estado de São Paulo, com aproximadamente 70 municípios. Nesta região predominam áreas de produção de grãos, pecuária de corte e de leite e pequenas explorações como hortifruticultura a quem a marca dá bastante atenção. Por estas razões os tratores de pequeno e médio porte são os principais modelos da LS comercializados.

Durante o dia de testes estiveram com a equipe da Revista Cultivar Máquinas o gerente da loja, Ademir Chiquetti Júnior, o senhor Sidinei Lorencetti, consultor de vendas da loja, e Rodrigo Barbará Silva, coordenador comercial da LS Tractor para o estado de São Paulo.

Impressões do cliente

O primeiro contato do senhor Donizete com a marca LS, e particularmente com o modelo R65, foi em uma apresentação feita pelo concessionário regional JA Máquinas, de Mogi Mirim, São Paulo. Era cliente de outra marca e logo que adquiriu o LS e passou a usá-lo, reconheceu algumas características positivas. Ele considera o modelo R65 da LS um trator completo, pelas opções que oferece e pelos itens que já traz na versão básica. Na comparação com o seu trator antigo ressalta a questão do conforto, que inclusive induz nos filhos a vontade de trabalhar com este trator.

Leme considera o R65 um trator completo pelas opções e itens que oferece mesmo na versão de entrada
Leme considera o R65 um trator completo pelas opções e itens que oferece mesmo na versão de entrada

Atualmente, com 400 horas de uso, as principais operações em que o LS R65 está envolvido são a roçada e o transporte, onde se mostra muito econômico. Inclusive, o senhor Donizete realizou medidas de consumo, encontrando valores gerais em torno de três a 3,5 litros de combustível por hora. Agora, o próximo passo é utilizá-lo com o pulverizador.

Em termos gerais, o senhor Donizete se declara muito satisfeito, principalmente pelo envolvimento e motivação para o trabalho por parte dos filhos, que comparam o sistema de reversão e o câmbio do R65 com o de um automóvel. Contou-nos que ele coloca as marchas mais usuais, que são a 3a e a 4a, e que os filhos gostam de realizar a troca de marchas passando desde a primeira até a marcha de trabalho.

Também, quanto à manutenção, se declarou muito satisfeito, pois até agora foram necessárias apenas a troca de óleo lubrificante do motor e o abastecimento diário com combustível.

Mostrou entusiasmo pela adaptação que fez no trator, retirando a escada do lado esquerdo e colocando no lugar uma caixa de ferramentas, que utiliza para levar ao campo as ferramentas de trabalho utilizadas nos pomares de caju.

Enfim, para quem passou o dia com o senhor Donizete foi um prazer ouvi-lo, além de notar que seu conhecimento e prática são compartilhados sem egoísmo.

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LS Tractor Fevereiro