A La Niña já começa a dar sinais de sua presença, apesar de ainda não haver confirmação oficial por parte de institutos oficiais como a Organização Mundial de Meteorologia (OMM) e a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (sigla em inglês NOAA). Isso ainda não ocorreu, pois segundo esses Institutos há a necessidade de 5 meses consecutivos de temperaturas das águas da região equatorial do Oceano Pacífico iguais ou inferiores a -0,5°C de anomalia. E até o momento, só vieram a ocorrer 3 meses. E talvez essa seja a grande dúvida dos Institutos, pois segundo os modelos de projeção desses fenômenos climáticos a tendência é que apenas 4 meses fiquem com temperaturas para a confirmação oficial da La Niña. Mas mesmo que não venha a ocorrer a sua confirmação oficial é fato que a La Niña, mesmo de fraca intensidade, irá influenciar o clima ao longo dessa safra.
A presença do fenômeno fica evidente quando se observa o regime de chuvas desse ano, onde houve um atraso bastante significativo na regularização do regime de chuvas nesse começo de safra, em praticamente toda a região centro-norte do País. E agora nesse final de primavera o que se verifica é um período de chuvas muito irregulares na região Sul. E esse padrão meteorológico está intimamente associado a La Niña.
Entretanto, como não há indicativos de que essa La Niña venha a ser de forte intensidade e nem que irá durar por um longo tempo, haverá uma grande variabilidade no regime de chuvas ao longo de toda essa safra. Assim, em um determinado período os corredores de umidade juntamente com as frentes frias irão permanecer posicionados sobre a região Sul do Brasil, enquanto em outro determinado período esses elementos meteorológicos estarão sobre a região centro-norte do Brasil. Desse modo, a tendência é que não venham a ocorrer longos períodos de estiagem e muito menos longos períodos de invernadas. Mas por outro lado, devido a presença da La Niña a região Sul, incluindo o sul do Mato Grosso do Sul poderá ter períodos mais frequentes de estiagem. E por consequência a região central e norte do Brasil poderá registrar mais períodos de invernadas.
Além da variabilidade no regime de chuvas, as temperaturas também serão impactadas pela presença da La Niña. Enquanto na última safra foram observadas temperaturas recordes em praticamente todos os meses, por conta da influência do El Niño, nessa safra, as condições se invertem. Uma das características da La Niña é manter baixas as temperaturas do ar ao longo de boa parte da safra. Fato esse que pode ser confirmado pelas ocorrências de geadas em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e também no Paraná em pleno mês de novembro. Desse modo, a tendência é de que haja uma grande amplitude térmica na região Sul e uma pequena amplitude na faixa centro-norte. Por conta, exclusivamente, das temperaturas máximas, que não deverão ser tão altas como foram nas últimas duas safras.
Além da La Niña, outro fator que irá contribuir para que as temperaturas máximas do ar não se elevem tanto nesse Verão é o fato de que os modelos de previsão estão indicando uma maior probabilidade de que venham a ocorrer períodos maiores de nebulosidade e, portanto, baixas taxas de luminosidade. Principalmente sobre as regiões Sudeste e Centro-oeste, incluindo também Rondônia e partes do Tocantins, Pará e Maranhão. Apenas no oeste da Bahia e sul do Piauí e em todo o sertão nordestino é que as previsões indicam taxas de luminosidade dentro da média para o Verão de 2017.
Todos esses fatores meteorológicos, já citados, poderão contribuir para que ao longo dessa safra de soja possa vir a ocorrer um aumento no percentual de áreas infectadas por doenças, como ferrugem asiática, que causa impactos bastante significativos à produção nacional todos os anos.Continue lendo...
Marco Antonio dos Santos
Rural Clima