Gerenciamento eletrônico de tratores
Gerenciamento eletrônico da injeção de diesel e automatização das caixas de transmissão formam combinação que entrega potência na medida certa com menor consumo de combustível
A deriva é um fator na agricultura moderna que aumenta os custos da lavoura e reduz o seu potencial produtivo.
Dentre os fatores de perdas presentes em um tratamento fitossanitário, a deriva pode ser considerada um dos mais impactantes. Pode ocorrer por escorrimento do produto fitossanitário na planta ou pelo transporte das gotas produzidas na pulverização para áreas limítrofes à lavoura. O deslocamento do produto para fora da área tratada caracteriza a perda por desperdício, uma vez que não atuará no local onde foi aplicado. Este fenômeno pode reduzir o potencial produtivo da lavoura ou exigir reaplicações, minimizando lucro e elevando custos.
Outro efeito é o risco de que a deriva cause redução da produtividade das áreas vizinhas prejudicadas pelo produto fitossanitário deslocado. Uma vez comprovado o prejuízo na produção advindo de deriva, a responsabilidade será atribuída a quem a causou.
Entre os fatores que podem elevar os riscos da ocorrência de deriva de um produto fitossanitário, os mais impactantes estão relacionados à condição ambiental no momento da aplicação, ao espectro de gotas produzido pelo equipamento, e à composição da calda de pulverização.
Dentre as variáveis ambientais, a velocidade do vento, a temperatura e a umidade do ar são os mais relevantes. A ocorrência de ventos fortes tem grande responsabilidade na promoção da deriva. Porém, deve-se considerar que o vento movimentará para fora da área de aplicação somente as gotas que não caírem na direção do alvo, caracterizando a deriva por transporte horizontal.
A absoluta ausência de vento também pode favorecer a deriva, retardando ou impedindo a queda das gotas mais leves da pulverização na área que foi tratada, caracterizando a deriva vertical.
A temperatura e umidade do ar atuam de forma combinada, acelerando a evaporação dos compostos voláteis das gotas (figura 1). Desta forma, a água que compõe a gota é retirada para o ambiente na forma de vapor, tornando-a mais leve, expondo-a à ação convectiva do calor ou ao arrastamento pelo vento.
Uma vez que as tecnologias de aplicação permitem a produção de padrões de gotas de diversos tamanhos, a gota ideal para promover uma aplicação segura seria aquela que evitasse seu transporte horizontal ou vertical, independentemente da existência e da velocidade do vento, ou da temperatura e umidade. Embora essa reflexão seja logicamente compreensível, ela não é facilmente obtida, pois a micronização do líquido pulverizado em gotas nas pulverizações convencionais, não permite a produção de todas as gotas de tamanho semelhante.
Estudos são realizados para identificação de como alguns fatores afetam o espectro de gotas. Dentre os que mais podem ter efeito sobre a qualidade delas estão as pontas de pulverização e a pressão operacional. Pontas de jato plano de uso ampliado são reconhecidamente aquelas com a maior variabilidade no tamanho das gotas, elevando o potencial de deriva devido ao alto percentual de gotas muito finas.
Já as pontas com indução de ar produzem níveis baixos de gotas finas, permitindo que os produtos possam ser usados com segurança (Tabela 1). Estas pontas por sua vez, requerem análises técnicas mais precisas para um uso adequado, devendo ser evitadas em aplicações que demandem depósitos em profundidade em culturas de elevada densidade foliar.
Ao considerar a possibilidade de que um determinado volume de calda seja destinado a uma área diferente daquela que recebeu o tratamento, pode-se medir o custo das perdas diretas envolvidas neste processo. Os custos totais da aplicação envolvem a logística de transporte de água e de produto fitossanitário, a parte operacional da pulverização e a aquisição do produto.
Estimativas do custo em logística de transporte de água e produtos foram realizadas por Moraes & Gandolfo (2016) e indicam valores próximos de R$ 3,60 para cada 100 unidades transportadas (litros ou quilogramas). Os mesmos autores quantificaram um valor médio para o custo operacional de R$ 22,00 para cada 100 litros de calda pulverizada no Brasil e que esse volume seria um valor representativo para tratar um ha de área em cultura de grãos. Também observaram uma frequência de aplicação de oito vezes em média em uma safra de soja. Assim, o valor total despendido em logística para essa cultura seria de R$ 204,80 para um ha.
O custo de aquisição de produtos fitossanitários para tratar uma área equivalente a um ha de soja foi estimado em aproximadamente R$ 900,00. Ao somar estes custos aos da logística, tem-se um valor total de R$ 1.104,80 para cada ha tratado na cultura da soja produzida em nosso país.
Se essas pulverizações ocorressem com uma técnica de aplicação de alto risco, tal como aquela realizada com uma ponta de pulverização de uso ampliado, que, ainda sendo a mais utilizada, pode proporcionar perdas por deriva superiores a 20% do volume aplicado devido à formação de gotas muito finas, é possível determinar que o valor total desperdiçado supere R$ 250,00 por safra em cada ha tratado.
A composição da calda de pulverização tem grande influência nos riscos de deriva e pesquisas têm mostrado que algumas formulações de produtos fitossanitários podem reduzir o impacto ambiental destas aplicações (Figura 2). A indústria desenvolve estas formulações, e acompanhadas da assistência técnica correta, permitem que o produtor use-as com segurança, minimizando as perdas para o ambiente e potencializando sua eficiência.
Os adjuvantes de calda com características antideriva e as formulações de baixa volatilidade e com baixo potencial de formação de gotas muito finas estão difundidos no meio agrícola, sendo recomendados quando o risco de perdas em evaporação ou deriva é iminente, devendo ser escolhido por sua segurança.
A preservação do produto aplicado na área de destino induz a um controle mais eficiente e por mais tempo das pragas, doenças e plantas invasoras, retardando seu aparecimento, podendo, inclusive, diminuir o número de aplicações. Isso ajuda a planta a expressar seu maior potencial produtivo, pois reduz a concorrência com os agentes de danos.
Da mesma forma que, conforme visto, os custos destas perdas podem superar R$ 250,00 em cada hectare tratado, a viabilidade econômica da adoção de uma tecnologia que a reduza pode ser avaliada pelo nível de redução da perda.
Assim, o investimento em uma técnica de aplicação mais adequada, o uso de uma formulação de produto fitossanitário mais segura ou a inclusão de um redutor de deriva na calda de pulverização pode custar menos do que o valor que seria perdido por negligenciar os fatores de risco e a existência de alternativa.
O conhecimento e uso das alternativas tecnológicas que possibilitem aplicações seguras e eficientes poderão se dar em uso isolado ou associando-as de forma simultânea, compensando as condições ambientais críticas, produzindo alimentos e matérias primas de qualidade, com um custo adequado em um ambiente seguro.
Marco Antonio Gandolfo, Eder Dias de Moraes, Instituto Dashen de Pesquisa Agronômica
Artigo publicado na edição 167 da Cultivar Máquinas.
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Acompanhamos os tratores U60 Cabinado, o R65 Cabinado e o R50 Plataformado trabalhando na produção de hortaliças e frutas, atividades que exigem tratores bem projetados, que consigam realizar manobras em espaços reduzidos e ter