Embora aparentemente indefesas frente ao ataque de agressores ou até mesmo em condições adversas, as plantas apresentam estratégias de defesa que permitem o retardamento ou até mesmo impedem a penetração de agentes fitopatogênicos, tais como, fungos, bactérias, vírus, nematóides e insetos.
As plantas reagem ainda sob estresse abiótico, como por exemplo, variações de temperatura, ausência de água ou tratamento com agentes químicos. Este arsenal de defesa é composto de resposta constitutiva, as quais já estão presentes nas plantas, porém em níveis baixos, e a resposta induzida, a qual ocorre após o ataque do fitopatógenos ou o início do estresse abiótico.
A ativação do mecanismo de defesa da planta ocorre por meio de uma cascata de eventos e sinais que se inicia no reconhecimento pela planta do agente agressor e culmina com a ativação das barreiras físicas e químicas envolvidas no processo.
Dentre o arsenal de defesa utilizado pelas plantas estão a resposta hipersensitiva (HR), resistência sistêmica adquirida (SAR), indução de proteínas relacionadas à patogênese (PR-Proteínas), tais como peroxidases, glucanases e quitinases, enzimas relacionadas ao estresse oxidativo, como por exemplo, fenilalanina amônia liase, ascorbato peroxidase, superóxido dismutase, e compostos sinalizadores, como ácido salicílico e peróxido de hidrogênio.
A Embrapa Rondônia vem desenvolvendo trabalhos nas culturas da banana e do feijão buscando identificar os compostos associados com as respostas de defesa destas culturas aos fungos causadores da sigatoka negra e da mela do feijoeiro, respectivamente. Estes trabalhos têm como objetivo identificar as bases bioquímicas que expliquem a resistência e/ou suscetibilidade de algumas variedades aos fungos causadores destas doenças.
Neste trabalho, variedades resistentes e suscetíveis destas culturas estão sendo avaliadas quanto ao nível destes compostos associados a defesa de plantas, com o objetivo de entender os mecanismos bioquímicos envolvidos nesta interação fungo – planta.
Resultados obtidos até o presente mostram aumento dos níveis de atividade da enzima peroxidase, sugerindo, assim, a participação desta enzima no mecanismo de defesa da bananeira contra o ataque do fungo Mycosphaerella fijiensis, agente causal da sigatoka negra.
A constatação é mais um passo para o desenvolvimento de novas cultivares resistentes a esta que é uma das mais importantes doenças da bananicultura. Da mesma forma, pesquisas relacionadas à cultura do feijão podem indicar saídas parecidas para o controle da mela do feijoeiro. Os resultados devem ser publicados pela Embrapa Rondônia nos próximos dois anos.
Cléberson de Freitas Fernandes [1] e José Roberto Vieira Junior [2]
[1] Farmacêutico, doutor em bioquímica, pesquisador da Embrapa Rondônia
[2] Engenheiro agrônomo, doutor em fitopatologia, pesquisador da Embrapa Rondônia
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