A orientação de máquinas agrícolas para a aplicação em faixas adjacentes de defensivos, adubos e corretivos é freqüentemente realizada por métodos convencionais que incluem marcadores de espuma, orientação pelas fileiras de plantio, riscadores de solo, dentre outros. Entretanto, a utilização dessas técnicas pressupõe a existência de sobreposições e/ou falhas na aplicação. Sobreposições implicam em custos adicionais na aplicação, além de danos à cultura e ao ambiente, enquanto falhas na aplicação devem ser evitadas ao máximo para garantir a eficiência da distribuição correta do insumo ou do controle fitossanitário.
Com o surgimento da Agricultura de Precisão novos conceitos, técnicas e ferramentas se tornaram conhecidos. É verdade que muitos destes conceitos e técnicas estão em fase de desenvolvimento, entretanto, algumas ferramentas são plenamente utilizadas por alguns produtores mais tecnificados. Dentre estas, podemos citar uma que ficou popularizada como barra de luz, do inglês LightBar.
A barra de luz é um equipamento alternativo aos métodos convencionais para a orientação do operador na aplicação em faixas adjacentes. Ela também tem por finalidade diminuir a sobreposição entre as faixas consecutivas e otimizar a eficiência da operação agrícola.
Para o funcionamento da barra de luz são necessários três componentes básicos: o painel luminoso (display), o controle com botões de acionamento e o receptor GPS (Sistema de Posicionamento Global). O painel luminoso é um conjunto de luzes (LEDs) que se acendem na medida em que o veículo se afasta do alinhamento predeterminado, indicando ao operador a correção necessária no percurso. É comum também a existência de um visor que pode informar ao operador qual o erro em metros em relação ao alinhamento predeterminado, qual o tiro da aplicação, dentre outras informações.
No início, esses equipamentos eram capazes somente de operar nos alinhamentos em reta. Com o desenvolvimento da tecnologia, alguns modelos foram lançados no mercado com a possibilidade de operar em curva.
A operação desses equipamentos em campo é bastante simples. Na maioria dos modelos existentes é necessário apenas localizar os pontos inicial e final do alinhamento de referência. Quase todos os modelos já detectam automaticamente a manobra no final do alinhamento, indicando ao operador o posicionamento do alinhamento seguinte.
É comum a utilização da barra de luz na pulverização aérea no Brasil. Porém, na pulverização terrestre, essa tecnologia está sendo empregada principalmente nos autopropelidos. Praticamente todas as empresas fabricantes de pulverizadores autopropelidos disponibilizam a barra de luz como um opcional. Alguns produtores também estão utilizando-a para o alinhamento nas aplicações de adubos e corretivos a lanço.
É possível a utilização desta tecnologia em outras operações agrícolas que exigem um elevado grau de precisão (“acurácia”), como no alinhamento de semeadoras. Entretanto, esse uso está ligado à utilização de um GPS muito preciso (GPS geodésicos, que possuem erros na casa dos milímetros), conseqüentemente, mais caro.
A utilização da barra de luz como referência nos alinhamentos durante as aplicações possui algumas vantagens sobre as técnicas convencionais, das quais pode-se citar:
• Maior utilização do GPS na propriedade, diluindo seu custo;
• Maior acurácia no alinhamento;
• Possibilidade de retorno ao ponto de parada da aplicação;
• Pode ser utilizada durante a noite;
• Pode ser utilizada em qualquer estágio de desenvolvimento da cultura;
• A barra de luz não possui problemas com tiros longos;
• Pode-se aumentar a velocidade da aplicação;
• Sua utilização melhora a ergonomia para o operador;
• A barra de luz não tem problema com a velocidade do vento.
Nos últimos dois anos foram comercializados no Brasil cerca de 450 receptores GPS, somente por uma das empresas representantes. Segundo a Santiago & Cintra, o número de unidades GPS comercializadas cresceu 100% entre 2001 e 2002, sendo que a empresa espera vender entre 700 e 1000 receptores somente neste ano de 2003, 90% deles com barra de luz.
Segundo a empresa Máquinas Agrícolas Jacto S.A., há uma procura cada vez maior pelo sistema de direcionamento por barra de luz, principalmente para a cultura de soja. Em soja, os benefícios do uso da barra de luz são cada vez mais consistentes e difundidos e a procura vem crescendo a cada ano. Em 2001, 6% dos pulverizadores autopropelidos da Jacto (Uniport 2000) saíram de fábrica com o sistema instalado. Este número saltou para 15% em 2002 e, segundo a empresa, passará dos 30% em 2003. Para a Jacto, a tendência é de que em dois ou três anos o sistema de direcionamento por barra de luz seja padrão nos pulverizadores autopropelidos fabricados.
Melhorias do equipamento como a possibilidade de trabalhar com eficiência em curvas, melhoria na precisão do sistema, não obrigatoriedade do pagamento do sinal de correção via satélite (devido à substituição deste sinal por algoritmos de correção) e informações nas telas dos equipamentos em português contribuíram para a difusão da barra de luz no mercado brasileiro.
É notório que a precisão no alinhamento é extremamente dependente da habilidade do operador, pois a barra de luz somente indica a mudança, cabe ao operador corrigir a rota da aplicação. Essa dependência também acontece com outras técnicas de alinhamento.
A precisão da barra de luz em guiar o operador nos alinhamentos também é dependente da precisão do GPS, pois é ele quem vai fornecer a informação de posicionamento para a barra de luz. Assim, quanto maior a precisão do GPS, menor é o erro da barra de luz. Já é comprovado por pesquisas que a precisão do GPS com correção diferencial via satélite é semelhante à precisão do GPS utilizando algoritmo (equações matemáticas) para a realização da correção do erro do GPS (Balastreire & Baio, 2001).
Alguns trabalhos foram realizados no Brasil e no exterior avaliando-se a precisão em alinhamentos com barra de luz. Baio et al. (2001) compararam a utilização de barra de luz com marcador de espuma em um pulverizador autopropelido. O erro médio de alinhamento obtido para a barra de luz foi de 0,14 m, enquanto o sistema com marcador de espuma registrou um erro médio de 0,67 m. Segundo uma avaliação realizada por Vetter (1995), o erro foi menor que 0,38 m em 50 % das observações e em 90% das observações o erro foi menor que 0,89 m. Mostrando que o erro é dependente da prática do operador, Molin et al. (2002) publicou um trabalho em que, com um operador o erro foi de 0,45 m e, com um segundo operador, o erro foi de 0,40 m. Em uma pesquisa realizada por Baio & Antuniassi (2003) (trabalho em fase de publicação) foi comparada a precisão média obtida com o marcador de linha por espuma e uma barra de luz instalada com um GPS Trimble Ag110 em um pulverizador autopropelido operando em reta e em curva. Nesse trabalho, foi observado que a precisão da barra de luz operando em reta foi de 0,40 m e operando em curva foi de 0,60 m, enquanto que a precisão obtida com o marcador de linha foi de 1,0 m.
Há uma tendência de crescimento desta tecnologia no mercado de autopropelidos pulverizadores, porém, outras áreas agrícolas possuem potencial de sua utilização, principalmente com o barateamento dos GPS e utilização de sinais de correção mais baratos ou de graça, como ocorre nos EUA. Há uma tendência também da utilização da barra de luz ligada diretamente ao sistema de direcionamento do veículo (trator ou autopropelido) por meio hidráulico, onde a própria barra de luz corrige a rota do veículo quando há necessidade, diminuindo o trabalho do operador e aumentando a precisão do sistema.
e
UNESP - Botucatu
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