Corte de qualidade

Na operação de colheita mecanizada de cana-de-açúcar, deve-se ter cuidado com um dos fatores que interferem diretamente em qualidade do produto colhido, custo de operação e integridade da soqueira: corte basal

20.05.2016 | 20:59 (UTC -3)

Uma das características mais importantes na colheita mecanizada da cana-de-açúcar é a qualidade do corte de base. Esta etapa da colheita faz uso do princípio do corte inercial por impacto, sendo constituído, comumente, por um cortador de discos duplos rotativos, ligados aos rotores da máquina, com múltiplas lâminas (facas) que devem realizar o corte o mais perfeito possível, para o posterior favorecimento da brotação do canavial e evitar o desgaste e as quebras acentuadas destas facas.

O corte de base, quando realizado com qualidade, poderá assegurar o melhor aproveitamento da lavoura como os menores índices de perdas e de contaminações da matéria-prima e garantir as condições agronômicas propícias para haver a rebrota do canavial sem a diminuição da produtividade nas safras futuras. Ressalta-se, ainda, que o mecanismo de corte basal é o maior responsável pelas perdas tipo lascas (perdas visíveis), estilhaço, serragem e o próprio caldo (perdas invisíveis) durante a colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Além disso, pode proporcionar a incorporação de impurezas minerais à matéria-prima quando associado ao desgaste das facas de corte, quando estas tocam o solo, bem como dos demais componentes.

Outros fatores devem ser levados em consideração quando se pensa no mecanismo de corte basal das colhedoras, possuem relação com os índices de danos e abalos causados às soqueiras, podendo as facas de corte basal assumir grande parcela de culpa. Essa situação pode ser agravada se não houver a virada das faces cortantes e a troca total das facas, dentro do tempo estipulado pelo fabricante ou por qualquer outra situação adversa relacionada ao desgaste que o fio de corte sofre durante a colheita. Outro fator que compromete a operação é quando os discos de corte de base não possuem um ângulo de inclinação que favoreça o corte basal sem prejudicar a soqueira.

Podemos relatar, também, a potencial relação existente entre a velocidade de trabalho da colhedora e o desgaste do fio de corte das facas. Quando a velocidade é elevada e o fio de corte já está gasto, tal associação pode refletir em maior quantidade de soqueiras fragmentadas, com um nível de abalo forte e, provavelmente, serem arrancadas.

Dentro deste contexto, o mercado brasileiro voltado à fabricação de facas de corte do mecanismo basal, atualmente possui diversos tipos e modelos de facas para a realização do mesmo, cada uma com suas peculiaridades específicas, como: diferentes espessuras, número de furos, número de faces cortantes, angulações diferentes e uso de revestimento nas faces cortantes. A escolha de qual modelo adquirir deve ser feita levando em conta os menores índices de danos e abalos causados às soqueiras, bem como a quantidade de soqueiras arrancadas, que refletirá na rebrota do canavial e, por fim, a relação custo-benefício estabelecida para cada unidade produtora durante a safra.

Por fim, quando existe uma relação inadequada entre o operador e a máquina, pode resultar, além da danificação das soqueiras e do desgaste prematuro das facas, em aumento do consumo de combustível no decorrer da operação. Esta situação se justifica porque quando o mecanismo de corte basal toca o solo, seja pelo motivo do copiador de solo estar desligado ou pelo próprio descuido do operador, existe o aumento da resistência ao deslocamento da colhedora, o que, provavelmente, exige maior potência do motor da máquina para mantê-la em velocidade constante na linha de cana-de-açúcar a ser colhida.

Portanto, a qualidade corte basal durante a colheita mecanizada de cana-de-açúcar é um fator de extrema importância para as unidades produtoras, uma vez que os prejuízos causados pela operação possuem a relação com os fatores máquina-planta-operador-solo e o gerenciamento adequado da operação de colheita pode aumentar o nível de qualidade desempenhada pela mesma, refletindo em menor custo-horário e maior qualidade das soqueiras.

Este artigo foi publicado na edição 143 da revista Cultivar Máquinas. Clique aqui para ler a edição.

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