Controle de insetos-praga: qual método é mais apropriado?

Num momento em que se discute muito sobre o Manejo Integrado de Pragas (MIP), o uso do controle químico vem sendo reduzido em razão de conseqüências negativas sobre a fauna benéfica, o meio ambiente e a saúde humana,

10.11.2015 | 21:59 (UTC -3)

O Brasil é um país de grande potencial na produção de grãos, hortaliças e frutas, pois, as diferentes espécies se adaptam aos mais variados ecossistemas, em virtude dos aspectos fisiológicos das plantas se estabelecerem bem com o clima tropical.

Apesar dos fatores climáticos favorecerem um bom estabelecimento das diversas culturas, a produção brasileira, de algumas delas, não se encontra dentro de níveis desejados. Vários fatores contribuem para que essa produção não alcance patamares mais satisfatórios, destacando-se a utilização de pouca ou nenhuma tecnologia, devido ao baixo nível de capitalização dos pequenos produtores que respondem por aproximadamente 60% da produção nacional.

Um outro fator é o ataque de insetos-pragas, que causam danos variáveis de acordo com as condições ambientais e culturais a qual estiverem submetidos, como por exemplo, o estabelecimento de monoculturas, a ocorrência de longos períodos de estiagem, cultivo safrinha, etc.

Dentre os métodos de controle utilizados destacam-se: controle cultural, controle químico e controle biológico.

Caracteriza-se pela utilização de medidas capazes de afetar a disponibilidade de alimento ao inseto e que pode reduzir a incidência da praga. Tais medidas, como técnicas de preparo do solo, rotação de culturas, aração e gradagem, época de semeadura, manejo de plantas daninhas, adubação verde, uso de cultivares resistentes, destruição de restos culturais, etc., contribuem de maneira marcante no combate as pragas de diversas culturas.

Na agricultura, o controle químico é atualmente o método mais utilizado tanto por pequenos, médios e grandes produtores, e consiste no uso de produtos químicos (inseticidas, fungicidas, bactericidas, herbicidas, etc) para se controlar pragas e doenças.

Apesar de sua ação rápida e eficácia, o uso de produtos químicos vem sendo reduzido, pois, na maioria das vezes, ocasionam o desenvolvimento de populações resistentes do inseto, o aparecimento de novas pragas ou a ressurgência de outras, ocorrência de desequilíbrio biológico, efeitos prejudiciais ao homem e outros animais, além do seu alto custo, fazendo-se, portanto, necessário à busca de alternativas que minimizem os efeitos adversos dos inseticidas sintéticos sobre o meio ambiente.

O controle químico só deve ser utilizado quando a praga atingir níveis populacionais críticos ou atingir dano que justifique o custo do tratamento e os riscos ao homem e ao ambiente. Portanto, nessas condições, pode-se recomendá-lo sempre que existir possibilidade de retomo econômico.

O Controle Biológico é um processo natural que se constitui no controle de populações com o uso de inimigos naturais. Atualmente, o controle biológico é abordado com uma visão intra e inter-específica, onde seu uso contribui com o aumento da sustentabilidade dos agroecossistemas e com a preservação dos recursos naturais.

O controle biológico é um dos principais suportes do Manejo Integrado de Pragas (MIP), e caracteriza-se pela manutenção dos inimigos naturais existentes, ou pela criação e liberação de predadores, patógenos e parasitóides, sendo, a manutenção dos inimigos naturais feita, preferencialmente, pela aplicação de produtos seletivos, visando sua preservação a fim de se evitar possíveis desequilíbrios, com o aumento no surto dos insetos-praga.

O Controle Biológico destaca-se por ser um método seguro, permanente e econômico. Seguro, uma vez que muitos inimigos naturais são específicos, evitando-se assim o ataque de espécies que não sejam alvos. Permanente, desde que não sofra qualquer interferência, pois os inimigos naturais continuam a atuarem com eficiência por vários anos, sem que seja preciso a interferência humana. É um método relativamente econômico, pois, quando implementado, os inimigos naturais estarão presentes e pouco precisará ser feito, a não ser evitar práticas que o afetem.

Dentre as desvantagens, é que o controle biológico pode levar muito tempo para ser colocado em prática, em decorrência das pesquisas e de outros processos envolvidos na sua implementação, além de que, os resultados do uso de práticas de Controle Biológico não são tão rápidos como aqueles do uso de pesticidas, e a maioria dos inimigos naturais atacam somente tipos específicos de animais, ao contrário dos inseticidas de grande espectro.

O ideal seria a utilização do controle biológico em associação com inseticidas seletivos sem trazer danos ao meio ambiente, a saúde humana e a fauna benéfica. Fazendo-se essa associação, une-se o útil ao agradável, e dessa forma teremos resultados promissores!

Biólogo Doutorando em Agronomia, CCA/UFPB, Areia, PB.

Contatos: silva.aldeni@ig.com.br

Professor Adjunto do Departamento de Fitotecnia, CCA/UFPB, Areia, PB.

Contatos: jacinto@cca.ufpb.br

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