A batata é um dos alimentos básicos da população brasileira. A cultura ocupa 30% da área cultivada com hortaliças no país, sendo plantados ao redor 170 mil hectares, colhendo-se em torno de 2,5 milhões de toneladas anualmente. A produção brasileira destina-se quase que totalmente para o consumo "in natura", sendo somente 4% do consumo da batata do País através de produtos industrializados. Todavia, essa situação está se alterando rapidamente e o consumo de batata industrializada está crescendo na ordem de cerca de 30% ao ano no Brasil.
Tanto para o consumo "in natura" quanto para o de produto industrializado a qualidade do tubérculo é de fundamental importância. Há, basicamente, dois tipos de "qualidades"; aquela inerente à cultivar e aquela decorrente do processo de produção e comercialização. Entre as últimas, o dano causado por insetos de solo é decisivo para o comércio.
Principal praga
A planta de batata é atacada por diversas pragas, tanto nas partes áreas como nas partes subterrâneas, sendo a Vaquinha (
) a principal.
O controle de larvas de
em batata, através de inseticidas químicos tem sido constante e com tendência de aumento de uso, tanto em quantidade como em área - especialmente para os produtores que trabalham para atender o exigente mercado atacadista e industrial. O uso de inseticida de solo é feito de maneira generalizada e sistemática, sem considerar possíveis fatores que influenciam a incidência de pragas de solo, como o tipo de solo, época de plantio e cultivar.
Em solos tendendo para arenosos a Vaquinha predomina. No cultivo da primavera há maior incidência de Vaquinha e probabilidade de maior danos nos tubérculos.
Cultivares de batata para mesa, como a Baronesa, Cristal, Macaca, Monte Bonito, Trapeira e cultivares de indústria, como Atlantic, Asterix, Baraka, Bintje, Catucha, Cicklamen, Panda, têm diferente suscetibilidade de ataque.
As cultivares Panda, Asterix e Atlantic, têm maior suscetibilidade à incidência e dano de larvas de Vaquinha. Já, a Bintje, Cicklamen, Catucha, Baraka, são menos atacadas. Nas cultivares de mesa a cultivar Baronesa é mais suscetível à incidência e dano de larvas, sendo que a cultivar Macaca é a menos atacada.
A incidência e dano da Vaquinha nas folhas da batata também diferem, conforme a cultivar. Em Baronesa há menor consumo de folhas do que Monte Bonito, Macaca, Santo Amor e Trapeira, por exemplo.
A parte subterrânea da planta de batata é formada por raízes, estolões e tubérculos. Os tubérculos são as partes comercializadas, sendo estas a de maior interesse em manter a qualidade aparente. Todavia, ocorre o ataque de vaquinhas nas demais partes subterrâneas, especialmente nos estolões (é na extremidade do estolão que ocorre a formação do tubérculo). As larvas de D. speciosa causam lesões nos estolões desde o inicio de seu desenvolvimento, alimentando-se das extremidades. Também ocorrem diferenças de ataque nos estolões entre as cultivares de batata. Por exemplo, a cultivar Macaca é muito menos atacada do que Monte Bonito e Baronesa.
O tempo de formação destas partes varia muito de cultivar para cultivar, sendo que, por exemplo, a cultivar Macaca possui o menor ciclo quando comparada com Baronesa, Monte Bonito, Trapeira e Santo Amor; já a Monte Bonito possui o maior ciclo. Assim, na cultivar Macaca a formação dos estolões e inicio da tuberização é mais precoce e na cultivar Monte Bonito ocorre o oposto.
Assim, as diferenças quanto à incidência de larvas de Vaquinha entre as cultivares de batata devem ser consideradas. Deve-se também reconhecer que é possível manejar estes fatores em programas de melhoramento genético e manejo de pragas, entre outros. O manejo integrado de pragas da batata preconiza o uso das estratégias de controle conhecidas e disponíveis de modo harmônico. Não há dúvidas de que o planejamento do plantio e da condução da lavoura, em base ao potencial de problemas durante o ciclo da batata, é uma atitude inteligente e com racionalidade econômica.
Luiz Antonio Salles
Embrapa Clima Temperado
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