Manejo e controle da podridão do abacaxi em cana
Doença exige medidas de manejo e controle adotadas em conjunto para prevenir e minimizar os prejuízos
Qual é o futuro da agricultura? Se olharmos para o passado, poderemos lembrar que o uso de defensivos agrícolas e fertilizantes minerais industrializados trouxeram um importante incremento na produtividade das culturas e, consequentemente, grande aumento na produção e oferta de alimentos em todo o mundo.
Com a evolução tecnológica e a busca por novas opções para o controle das pragas agrícolas, os produtos biológicos têm se apresentado como ferramenta econômica e tecnicamente viável ao produtor. Isso não quer dizer que se pensa em substituir completamente os defensivos agrícolas pelos biológicos, mas que eles atuem de forma sinérgica num plano integrado de manejo de pragas, doenças, nutrição e promoção de crescimento para as plantas.
O controle biológico e os defensivos agrícolas, assim como as outras ferramentas preconizadas pelo manejo integrado de pragas e doenças, devem compor o conjunto de medidas de ações de controle utilizadas pelo agricultor para que se consiga altos níveis de eficiência no manejo, reduzindo os danos e permitindo ao produtor o aumento do retorno financeiro de sua lavoura.
Antes, o mercado de soluções biológicas era visto como pequeno, de baixa eficácia e qualidade inconsistente. Agora, com o crescente interesse das multinacionais, novas empresas, tecnologias inovadoras de produção e conservação dos microrganismos e maior capital para investimentos utilizando os biológicos como estratégia de diferenciação, é natural esperar a introdução de uma nova gama de produtos no mercado. Inclusive, o foco estratégico da Biotrop em biológicos é oferecer soluções integradas que permitem melhorar a produtividade e lucratividade de maneira sustentável, tanto para o produtor como para toda a cadeia envolvida na produção e comercialização de alimentos.
O mercado mundial de biológicos tem crescido a um ritmo cinco vezes maior que o da indústria de agroquímicos. Entre 2011 e 2019, o mercado global desses produtos teve crescimento médio anual de 15,3%. Isso se deve, em primeiro lugar, a uma questão de investimento, uma vez que para desenvolver um novo defensivo o custo é extremamente alto: US$ 286 milhões, enquanto o biológico custa uma fração desse valor, além disso, existe uma demanda da sociedade e dos órgãos reguladores pela produção de alimentos sem resíduos. Nesse contexto, a utilização dos defensivos biológicos em alternância com os produtos químicos, permite que sejam realizadas aplicações de biológicos visando o controle de pragas e doenças no final do ciclo de cultivo, quando que nessa situação, a aplicação de defensivos químicos é limitada em função dos limites máximos de resíduo e intervalo de carência.
Outra vantagem da introdução de produtos biológicos no manejo é a extensão da vida útil dos ingredientes ativos dos defensivos químicos, ou seja, o tempo estimado para que o alvo apresente resistência ou o ingrediente ativo perca eficácia no controle. Biológicos representam novos, amplos e complexos mecanismos de ação, para os quais a evolução da resistência de pragas e doenças é menos problemática. Considerando que o lançamento de novas moléculas químicas tem ocorrido de forma cada vez mais lenta e mais custosa, a manutenção da alta eficácia das moléculas atuais é fator crítico para a sustentabilidade da agricultura e nesse sentido a integração com biológicos é fundamental para retardar a evolução da resistência e prolongar o ciclo de vida desses ativos.
Biológicos têm uma expectativa de crescimento robusto, fornecem alternativas eficazes e sustentáveis, são uma eficiente ferramenta para proteger os altos investimentos em sementes e a rentabilidade do agricultor. Os produtores estão adotando o manejo integrado de pragas (MIP), no qual os defensivos biológicos desempenham papel central. A tendência do mercado é que o uso de biológicos convivam em harmonia com os defensivos químicos.
A mudança no perfil dos produtos biológicos e o aumento exponencial de sua utilização, migrando de nichos para a consolidação no mercado, atingindo as principais culturas, depende da evolução das formulações e dos processos de produção. Para a consagração dos produtos biológicos, suas formulações devem depender cada vez menos de logística diferenciada para transporte, armazenamento e aplicação. Essa evolução só será possível com investimentos massivos em tecnologia.
Acreditamos firmemente que soluções biológicas serão crescentes no mercado de proteção de cultivos. Esse segmento está evoluindo e os principais fatores são a demanda por soluções integradas, o aumento da pressão regulatória e o amadurecimento das biotecnologias. Os biológicos permitem que os produtores mantenham não somente o ritmo de evolução dos negócios, como sua viabilidade econômico-financeira no longo prazo.
Os biológicos de origem fúngica ou bacteriana têm um papel transformador e crescente na regeneração dos nossos solos. Durante anos, as práticas agrícolas não contribuíram com a manutenção da quantidade e diversidade dos microrganismos do solo, chegando em muitos casos na diminuição desses: abertura de novas áreas de cultivo sobre a vegetação nativa, queimadas, manejos que contribuíram com a redução do teor de matéria orgânica do solo e o uso intensivo de fertilizantes químicos e herbicidas comandaram essas ações.
Temos agora a oportunidade única de trazer a abundante e diversificada vida de volta aos solos através dessa nova tecnologia de bioprodutos associados às boas práticas de produção, de manejo e conservação dos solos. Dessa maneira, estamos contribuindo para que princípios e condições básicas de relacionamento associativos e simbiônticos entre plantas e microrganismos se restabeleçam com mais intensidade, diversidade e durabilidade, proporcionando para elas um sistema radicular mais desenvolvido, volumoso e sadio - sendo assim capaz de explorar um volume maior de solo, consequentemente absorvendo mais água e nutrientes armazenados em zonas não antes acessíveis.
Solos ricos em enzimas solubilizadoras de nutrientes antes insolúveis, mais estruturados, mais resistentes a processos erosivos, com maior capacidade de infiltração de água e trocas gasosas são contribuições das atividades dos microrganismos do solo que vivem em torno da rizosfera. A fixação biológica de nitrogênio atmosférico só é possível graças a um grupo específicos de bactérias que possuem essa capacidade, assim como também a síntese de fitormônios que estimulam o crescimento de raízes e parte aérea das plantas.
Bactérias especializadas em solubilizar o fósforo indisponível e disponibilizá-lo às plantas já são possíveis de serem produzidas num processo industrial, com grande percentual de viabilidade e elevada eficácia. Fungos e bactérias que atacam os nematoides, que produzem enzimas inviabilizando a eclosão dos ovos (ovicidas), que sintetizam e excretam metabólitos (que agem sobre formas jovens e adultas) são, além de eficientes, uma realidade em milhares de hectares cultivados Brasil afora.
O benefício precisa ser mútuo, uma via de mão dupla. Os microrganismos protegem as plantas de patógenos e as plantas fornecem alimentos (aminoácidos, açúcares etc.) para os microrganismos, por meio de exsudados radiculares. Por isso é tão importante que a planta possua um sistema radicular vasto, robusto e sem impedimentos físicos, químicos e biológicos para o seu crescimento.
A ocupação dos sítios da planta (folhas e raízes) por microrganismos benéficos - proporcionando uma “barreira” de defesa contra os microrganismos patogênicos, insetos e nematoides - são valores atribuídos às relações harmônicas que sempre regeram a manifestação genética para o potencial produtivo das plantas cultivadas.
Enfim, estamos no limiar de uma nova era para os biológicos onde a identificação, seleção, avaliação e produção de novos microrganismos deverá ganhar uma escala sem precedentes, resultando em formulações estáveis e de prolongada vida de prateleira, com impacto positivo e expressivo na percepção e adoção dessa ferramenta biotecnológica pelos empresários e produtores rurais. A Biotrop está fazendo parte dessa biotransformação.
Antônio Carlos Zem, CEO da Biotrop/Total BIO; com a colaboração de Tedson L. F. Azevedo, Supervisor de Desenvolvimento de Mercado
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