A Sarna-comum é encontrada na maioria das regiões onde a batata é cultivada. Os danos na cultura estão restritos à qualidade comercial no caso de tubérculo-consumo e sanitária quando for produzido tubérculo-semente, mas não afeta significativamente sua produtividade. Nos EUA, é considerada a quarta doença mais importante da cultura e em alguns países, como o Chile, os tubérculos afetados atingem 80% da produção, mas sem redução na produtividade.
A doença é causada por
(Thaxter) Waksman & Henrici. Este patógeno é um actinomiceto que, por definição, é uma bactéria filamentosa. Estes organismos foram classificados como fungo (fungo imperfeito) devido a sua natureza filamentosa, mas são acarióticos e as características bioquímicas da sua parede celular os aproximam das bactérias. Assim,
é uma bactéria de solo aeróbica que infecta a parte da planta abaixo do nível da superfície, infectando também beterraba, cenoura, rabanete, nabo, amendoim etc. Possui hábito saprófita, sobrevivendo em restos culturais (incluindo tubérculos) e raízes de outras plantas hospedeiras vivas como trevo-vermelho, justificando a eliminação de plantas voluntárias na área no período de entressafras. É encontrada nos excrementos e resíduos, pois pode sobreviver ao passar pelo sistema digestivo dos animais.
Geralmente a introdução da doença em áreas novas ocorre por meio de tubérculo-semente infectado, no entanto, solo infestado presente nos implementos e água de irrigação também são responsáveis pela distribuição da bactéria. Já nas áreas com histórico de batata cultivada, o tubérculo-semente não é a principal fonte de infecção. Segundo alguns estudos, não há correlação entre a severidade em tubérculos de uma nova progênie e o inóculo do tubérculo-semente. Segundo Pavlista (1996), os tubérculos são infectados principalmente pelo inóculo presente no solo que ocorre a taxas elevadas de infecção após três anos de cultivo com tubérculo-semente infectado (Fischl, 1990).
Solos neutros a alcalinos e de textura leve proporcionam condições favoráveis ao organismo, principalmente quando são cultivados continuamente e com variedades suscetíveis. Desenvolve-se melhor em solos com pH entre 5,5 e 7,5 e em solos secos, pois baixo teor de umidade é desfavorável para as bactérias antagonistas. Em alguns locais são utilizados fertilizantes acidificantes, à base de enxofre, para reduzir pH e possibilitar a produção com baixa severidade de Sarna-comum, no entanto, a redução da incidência não pode ser justificada somente pelo pH. Segundo alguns resultados de pesquisa, a aplicação de manganês e a redução da relação cálcio/fósforo do solo também reduz a severidade da doença. Vale ressaltar que no pH 6,5 está a condição mais favorável para melhor aproveitamento dos nutrientes do solo. Em pH abaixo de 5,5 pode ocorrer uma sarna similar, chamada sarna ácida (S. acidiscabies). A temperatura de solo ideal para S. scabies está entre 20 e 22oC, mas pode desenvolver-se entre os limites de 11 a 30oC, principalmente em condições de estiagem na fase da tuberização.
No ciclo da Sarna-comum, a produção de esporos inicia-se com a conversão da hifa em esporângea. O patógeno presente no solo infecta os tubérculos em desenvolvimento quando apresentam aproximadamente o dobro do tamanho do estolão, penetrando pelas aberturas naturais, como lenticelas e pontos de emergência de raízes, e lesões (insetos, nematóides, implementos, outras doenças etc).
Ao redor das lenticelas, na superfície dos tubérculos, são formadas pequenas lesões circulares de cor marrom, caracterizando o início da infecção. Com o crescimento dos tubérculos, a lesão desenvolve-se apresentando variação nos sintomas conforme a suscetibilidade ou resistência da variedade cultivada e também variabilidade genética do próprio patógeno. Tubérculos velhos e com boa formação da epiderme não são suscetíveis, mas se foram infectados precocemente, as lesões podem continuar a se expandir no solo.
Sobrevive nas lesões dos tubérculos armazenados, mas sua incidência e severidade não aumentam durante o período de armazenagem, entretanto, o inóculo presente na superfície do tubérculo-semente é transferido por contato para os demais que não apresentam sintomas.
Acima do nível do solo não são visíveis os sintomas de plantas infectadas com sarna. Quanto aos tubérculos, os sintomas variam de lesões com forma irregular e de coloração marrom distribuídas aleatoriamente, para manchas com textura de cortiça e forma poliédrica. As manchas isoladas aumentam seu tamanho e coalescem, atingindo ampla área de superfície corticosa. Em contraste, outro sintoma é a mancha deprimida que apresenta lesões com até 1 cm de profundidade, com rachaduras nas bordas e coloração marrom-escura a preta. O tecido tuberoso abaixo destas lesões é translúcido e apresenta coloração palha. Diferentes tipos de lesões podem ocorrer no mesmo tubérculo e muitas vezes não são detectáveis até o final do período de crescimento, mas expressões dos sintomas começam mais cedo.
• Não utilizar batata semente infectada com sarna;
• Rotação com culturas não-hospedeiras como gramíneas e evitar o plantio de amendoim, beterraba, cenoura, batata-doce, rabanete, repolho e áreas de pastoreio com trevo. Ampliar o período entre cultivos de batata;
• Manter umidade de solo adequada (em capacidade de campo) por 4 a 9 semanas desde o início da tuberização, dependendo da cultivar, tipo de cultivo e características climáticas locais. Por outro lado, evitar irrigação pesada, pois poderá favorecer a ocorrência de outras doenças;
• Calagem do solo conforme recomendações para a cultura, realizando-a com o máximo de uniformidade para evitar elevação exagerada do pH e da relação Ca/P;
• Evitar ou limitar a aplicação de esterco, principalmente bovino, em solos infestados;
• Utilizar variedades resistentes/tolerantes.
Sarna-prateada está distribuída na maioria das regiões produtoras de batata do mundo, sendo inicialmente identificada nos EUA em 1914, mas há registros mais antigos na Europa, e até os dias atuais continua causando danos relacionados à perda do valor comercial do tubérculo. A doença é causada pelo fungo
que produz esporos ou conídias e que rapidamente tornam-se a fonte de inóculo necessária na sua disseminação. A introdução na lavoura ocorre por meio de sementes infectadas, mas o fungo também sobrevive no solo em matéria orgânica morta, mantendo-se no período de entressafras e iniciando novo ciclo de infecção. É agressivo e pode penetrar diretamente na epiderme do tubérculo ou por aberturas naturais na sua superfície, portanto, sem a necessidade de lesões para iniciar o processo de infecção. Na armazenagem, a fase de manipulação e as primeiras 2 a 3 semanas são as mais importantes na infecção e disseminação para novos tubérculos, combinados com temperatura e umidade relativa elevadas (acima de 90%) e ventilação com circulação fechada. Em temperaturas abaixo de 7oC ocorre redução significativa na disseminação, pois seu desenvolvimento será lento, apesar de sobreviver a esta condição. Isto se justifica porque em alguns locais ocorrem novas infecções somente depois de 4 a 5 meses.
A infecção primária pelo fungo ocorre quando o tubérculo ainda está ligado ao estolão, onde a epiderme torna-se cinza e aspecto prateado com lesões que podem ter forma de pintas ou com extensão irregular, cobrindo a maior parte da superfície do tubérculo. Nos tubérculos recém-colhidos não é fácil observar estes sintomas, necessitando lavá-los para a visualização de áreas não definidas de coloração prateada, tornando-se mais evidentes ao passar do tempo. O tecido abaixo da lesão permanece não afetado. Infecções em batatas-rosa podem estar com a película parcialmente ou completamente descoloridas.
Infecções secundárias podem não afetar significativamente a estrutura da película, mas podem afetar severamente a aparência e potencial comercial do produto. Esta infecção pode cobrir a maior parte da superfície do tubérculo, geralmente aparecendo na armazenagem, e começa como uma lesão circular em várias áreas do tubérculo. Eventualmente estas lesões aumentarão de tamanho, coalescem e desfigurarão a aparência da batata. Esporos podem ser produzidos permitindo a disseminação do patógeno na armazenagem, contrastando com lesões primárias que normalmente desenvolvem-se sobre tecido morto do tubérculo que não produzem esporos. O principal modo de entrada do fungo na batateira ocorre por meio de tubérculo-semente infectado, pois lesões prateadas características ocorrem no estolão e tubérculo próximo ao tubérculo-semente. Áreas novas também apresentaram severas perdas pela introdução da doença pelo tubérculo-semente e a infecção inicia-se precocemente, logo após o início do desenvolvimento do tubérculo.
Colheita realizada depois da morte natural da parte aérea, favorece o aumento da severidade da doença. Condições de solo úmido e quente promovem a produção de esporos pelo fungo, aumentando as chances de batatas sadias tornarem-se infectadas. Operações de colheita e manuseio favorecem o contato de batatas infectadas e sadias, iniciando ciclo de novas infecções nos tubérculos.
A infecção do tubérculo que ocorre antes da colheita pode ser denominada como infecção primária. Entretanto, a infecção secundária (disseminação da doença na armazenagem) pode ser igualmente severa. Segundo alguns trabalhos de pesquisa, foi observado que o fungo não esporula e a disseminação secundária não ocorre via sistema de ventilação de ar em condições de armazenagem com temperatura de 3 a 4oC. Entretanto, uma limitada quantidade de disseminação secundária poderia ocorrer através do contato físico e mistura de batatas-sementes infectadas com sadias. Na armazenagem com temperatura de 7 a 10oC, o fungo permanece em estado latente por 4 a 5 meses antes dos sintomas começarem a aparecer na epiderme da batata. Água livre, resultante da condensação e redução do movimento de ar na pilha, pode aumentar a esporulação e disseminação secundária da doença. Os esporos do fungo permanecem viáveis por longos períodos no material estrutural tais como madeira e poliuretano (isolante térmico de câmaras frias).
Realizar amostragem aleatória de batatas antes de descarregar o caminhão ou da pilha (preferencialmente cerca de 40 cm abaixo da superfície da pilha) e colocar em saco plástico com papel toalha. Coloque o saco em local protegido da luz, temperatura ambiente ao redor de 25oC e umedeça periodicamente o papel toalha. A infecção com sarna prateada apresentará estruturas na forma de miniaturas de árvore de natal em cerca de 4 semanas. Isto pode ser observado sob microscópio (ou lupa) com aumento de 10x. Se as batatas apresentarem evidência de infecção será necessário direcionar precocemente a estratégia de comercialização.
• Sempre utilizar tubérculos-semente sadios e solos bem drenados;
• Realizar rotação de culturas com plantas não hospedeiras;
• Desinfecção do armazém. Antes da colheita, providenciar a limpeza e desinfecção do ambiente com desinfetantes eficazes. Durante a desinfecção, manter a superfície úmida por no mínimo 10 minutos. Fechar o ambiente de armazenagem por um ou dois dias e então abrir e permitir completa secagem antes de utilizá-lo;
• Manter armazenagem com boa ventilação;
• Existem fungicidas para o controle do fungo.
A Sarna-pulverulenta é enontrada nas regiões de batata em zonas temperadas e tropicais de altitude elevada, desenvolvendo-se melhor em condições de temperatura baixa e umidade elevada. Ao contrário das demais sarnas, esta causa redução na produtividade da cultura. É causada pelo fungo
e sobrevive até 6 anos no solo na forma de estruturas de resistência. A germinação destas estruturas é estimulada pela presença de raízes de plantas suscetíveis, produzindo zoósporos primários. Estes esporos germinam e penetram nas raízes e estolões ou radicelas, produzindo uma massa multinucleada do fungo. Esta massa do fungo produzirá zoósporos secundários que disseminarão a doença para as demais raízes e tubérculos, estimulando o crescimento celular do hospedeiro (hipertrofia), formando galhas e estolões deformados.
O tempo para a formação de galhas a partir da infecção das raízes e tubérculos é de 3 semanas sob temperatura de 16 a 20oC. A doença desenvolve-se do pH 4,7 a 7,6. Quanto a níveis de fertilização, não há evidências de sua influência na incidência da doença, entretanto, adição de enxofre no solo pode reduzir a intensidade da sarna. Outros estudos indicam que óxido de zinco incorporado ao solo reduz a quantidade da doença.
Geralmente não há sintomas da doença na parte aérea da planta. Os primeiros sintomas se manifestam com a formação de pequenas ampolas de cor clara na superfície do tubérculo. Numa fase mais avançada, estas ampolas convertem-se em pústulas abertas e escuras com diâmetro de 2 a 10mm, contendo em seu interior uma massa pulverulenta de esporos com coloração castanho-escura. As lesões possuem forma variada, normalmente arredondadas e com bordas de fragmentos da epiderme. Nas raízes são formadas galhas que reduzem o vigor da planta. Estas galhas apresentam coloração clara no início da sua formação e coloração escura conforme sua desintegração é acelerada.
• Plantio de tubérculo-semente sadio;
• Rotação de culturas acima de 3 anos com plantas não hospedeiras. Não utilizar qualquer espécie do gênero Solanum. Algumas espécies de dicotiledôneas, monocotiledôneas e gimnosperma também são hospedeiras. Preferir gramíneas como milho e pastagens.
• Escolher solo com drenagem adequada;
• Evitar a utilização de esterco de animais alimentados com vegetais contaminados.
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