A mosca minadora (
(Blanchard), Díptera; Agromyzidae) é uma séria e limitante praga da batata em muitos países das Américas e do Caribe. O uso intensivo de inseticidas fez com que a mosca minadora atingisse níveis populacionais elevados e, em certos casos, chegasse a inviabilizar o cultivo da batata, como aconteceu em algumas regiões do Peru. Citam-se inúmeros casos de resistência desta praga a inseticidas. A possibilidade do desenvolvimento de resistência a inseticidas é grande onde quer que esteja uma praga, todavia não há comprovação de caso de resistência da mosca minadora na cultura da batata no Brasil.
O adulto é uma pequena mosca, de cerca de 2 mm de comprimento, de cor marrom-escura a preta, com brilho metálico e com características manchas amarelas no dorso e na cabeça. A larva é branca-creme, sem pernas e corpo liso e brilhante.
O ciclo de vida é de cerca de 40 dias no outono e de cerca de 25 na primavera, porém, pode ser completado em somente 19 dias, em períodos muito quentes. Várias gerações anuais ocorrem e cerca de 4-5 em cada ciclo vegetativo da batata podem ser desenvolvidas, razão pela qual é problema maior nos plantios de verão.
A mosca minadora infesta e se desenvolve em mais de 40 hospedeiros, tais como beterraba, espinafre, girassol, melancia, melão, pimentão, couve-flor, brócolis, alfafa, feijão, tomate e fumo, o que garante uma considerável e constante persistência no agrossistema.
O problema com a mosca minadora tem se tornado mais constante e maior nos últimos anos em várias regiões do Brasil, quer na cultura da batata como em diversas outras. Acredita-se que isso deva acontecer devido ao ciclo de vida curto, a alta mobilidade, alta capacidade reprodutiva, os ovos e larvas estarem protegidos no interior das folhas, a não presença de inimigos naturais de alta eficácia nas lavouras e o uso intensivo de inseticidas.
A incidência e o desenvolvimento desta praga depende da cultivar de batata, porém, no Brasil, ainda não se sabe a duração do ciclo nas principais cultivares comerciais de batata, todavia, em trabalhos experimentais em Ponta Grossa, PR, a variedade Monalisa foi a mais resistente e a Atlantic a mais suscetível, tanto em áreas tratadas com inseticidas, quanto em áreas não tratadas. As variedades Bintje, Jaette-Bintje e Crebella assumiram posições intermediárias quanto à incidência de mosca minadora.
A ocorrência da mosca minadora durante tempo seco e quente favorece o rápido desenvolvimento e dano.
Os adultos são de hábitos diurnos e muito ativos nas horas da manhã.
O dano é causado pelo adulto e pela larva. As moscas fêmeas fazem dois tipos de puncturas ou “picadas” nos folíolos da batata, para oviposição e alimentação. As puncturas ou “picadas” têm sido utilizadas como indicativo da presença e para o controle da mosca. A constatação da presença de puncturas ou “picadas” pode ser importante no monitoramento da mosca minadora.
As minas, conseqüentes do hábito do movimento e da alimentação das larvas, aparecem primeiro nas folhas baixeiras das plantas, para depois, surgirem nas superiores.
A oviposição ocorre mais pela manhã e é feita na face inferior dos folíolos. Para tal, a fêmea introduz o ovipositor no folíolo, depositando o ovo e causando uma lesão. A cicatrização desta lesão, produz um tipo de verruga, que também é uma característica e indicativa, juntos com as puncturas ou “picadas”, do ataque da minadora. Plantas com muitas posturas e verrugas tornam-se de cor prateada-acinzentada.
As “picadas”, puncturas, verrugas e minas ocasionadas pela mosca minadora reduzem a área foliar, causam a morte de folíolos, das folhas ou da planta inteira ou debilitam as plantas tornando-as mais susceptíveis às doenças fúngicas.
O controle com inseticidas granulados sistêmicos aplicados na ocasião da amontoa (tais como aldicarbe, carbofuran, forato, thiamethoxam,etc.), certamente, manterão as plantas livres da minadora, pelo menos, por cerca de 30 dias.
Todavia, o controle químico da mosca minadora tem sido realizado com inseticidas fosforados, carbamatos, piretróides, reguladores de crescimento e outros; quer de uso isolados como em mistura de tanque.
É fundamental, tanto como a escolha do inseticida, a hora e a forma de aplicá-lo na lavoura. Aplicações no período da manhã tendem ser muito mais eficazes, pois são quando os adultos e larvas são mais ativos. O uso de bicos e barras de pulverização inadequadas com a localização, o modo de ataque da mosca minadora e da fase do desenvolvimento das plantas, têm resultado na ineficácia da aplicação de inseticidas pois, por exemplo, se aplicado somente na camada superior de folhas, a eficiência só poderia ser observada na parte superior das plantas, embora a maior e mais intensa infestação, estivessem nas partes inferiores, onde ocorrem as primeiras minas. Dosagens inferiores ou superiores às recomendadas, o momento e o modo da aplicação têm sido as causas dos fracassos no controle da mosca minadora e, principalmente, da necessidade de repetições de aplicações na mesma planta e na mesma safra.
Não há, até o presente, nível de controle para a mosca minadora na cultura da batata. Geralmente, o início das aplicações de inseticidas é em base a presença de adultos, puncturas ou “picadas”, de minas, etc.
Armadilhas adesivas podem ser utilizadas para monitorar a mosca adulta, porém ainda não há uma relação estabelecida entre as capturadas e o nível de controle. Para efeito de monitoramento e também de controle é usado, em alguns países, armadilhas feitas com, lonas plásticas, madeiras, galões ou outros recipientes redondos de cor amarela, branca ou verde e untada com graxa (preferencialmente transparente) ou vaselina industrial. Independente da cor da armadilha, estas coletam mais moscas machos do que fêmeas, porém, as armadilhas amarelas coletam maiores quantidades de moscas fêmeas, o que é uma vantagem em termos de retardar a disseminação da infestação na planta ou na lavoura.
O manejo dos restos culturais através da sua incorporação no solo é de grande importância no manejo, pois esses abrigam o estágio de pupa ou larva da mosca minadora, servindo de fonte para a disseminação para outras áreas da lavoura ou para áreas vizinhas.
Luiz Antonio Salles,
Embrapa Clima Temperado
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