Nos primeiros cinco meses de 2011, as exportações brasileiras de flores e plantas ornamentais atingiram US$ 7,60 milhões, acumulando queda de 27,83% sobre os resultados alcançados no mesmo período de 2010 (US$ 10,53 milhões). Tais valores continuam refletindo o contexto econômico-financeiro recessivo prevalecente nos principais mercados importadores mundiais, o qual - deflagrado a partir do último trimestre de 2008, com a crise imobiliária dos EUA – permanece determinando reduções globais na demanda pelos produtos da floricultura.
Entre os meses de janeiro a maio de 2011, os principais grupos de produtos setoriais exportados pelo Brasil foram o das mudas de plantas ornamentais (69,01%), seguido pelo dos bulbos, tubérculos, rizomas e similares em repouso vegetativo (12,14%). Tal fato evidencia a principal característica estrutural da floricultura empresarial exportadora do País, que é a sua notável concentração na pauta de mercadorias destinadas à propagação vegetativa. Outros grupos de flores e plantas ornamentais, focados no consumo final, mantiveram tendência de perda de expressão financeira na balança comercial. Assim, as exportações de rosas e seus botões frescos representaram apenas 0,94% das vendas brasileiras no mercado internacional, enquanto que as de outras flores frescas e seus botões – que incluem lisianthus, gérberas, lírios, antúrios e outras flores tropicais – somaram participação relativa de apenas 1,36%. A seguir, são apresentadas análises particularizadas da performance dos principais grupos componentes da pauta da balança comercial brasileira dos produtos da floricultura.
O grupo – que se reveza periodicamente com o dos bulbos, tubérculos e rizomas na primeira posição do ranking de exportação – foi o que somou melhores resultados econômico-financeiros no período, com vendas externas de US$ 5,24 milhões. No entanto, esse valor representou queda de 30,04% em relação aos meses de janeiro a maio de 2010 (US$ 7,49 milhões).
Os principais países importadores foram: Itália (26,90%), EUA (23,35%), Holanda (20,06%), Bélgica (14,47%), Japão (8,77%), Canadá (1,36%), Colômbia (1,26%), além de outros 10 destinos de menor expressividade de compras. A elevação da Itália para a primeira posição no ranking de importadores de mudas de plantas ornamentais – não tradicional nas séries de dados anteriores – resulta de uma brutal queda de participação relativa nos mercados holandês (-56,95% em relação ao mesmo período de 2010) e norte-americano (-38,98% sobre janeiro a maio do ano anterior), decorrente do acirramento da crise internacional. Note-se que as exportações brasileiras de mudas de plantas ornamentais para a Itália referem-se, essencialmente, aos resultados da atividade da filial brasileira da empresa Agro Industrial Lazzeri (localizada em Vacaria, RS), em relação à sua matriz situada naquele país.
Cabe destacar, contudo, que ao mesmo tempo em que as exportações mostraram-se decadentes nos principais mercados importadores mundiais, o Brasil conseguiu aumentar a penetração comercial de suas mudas junto a importantes compradores como Japão, México, Reino Unido, Argentina e Uruguai.
Os estados brasileiros de origem das mudas de plantas ornamentais exportadas no período foram: São Paulo (70,81%, com queda de 30,25% em relação ao mesmo período do ano anterior), Rio Grande do Sul (28,14% e queda de 16,70%) e Santa Catarina (1,05% com queda de 81,21% sobre janeiro a maio de 2010).
O grupo somou resultado exportado de US$ 922,23 mil, com queda de 40,50% em relação aos resultados obtidos pelo Brasil em janeiro a maio de 2010 (US$ 1,55 milhão). O principal país importador foi a Holanda, que respondeu por 92,24% das compras internacionais no segmento. Em seqüência, e com larga margem de diferença, vieram: Chile (3,53%), EUA (3,22%) e Uruguai (1,01%). À exceção da Holanda, que apresentou a notável queda de 42,64% nas importações para o mesmo período, no comparativo entre os anos de 2011 e 2010, os demais destinos importadores mostraram resultados positivos para a penetração do produto brasileiro em seus mercados.
Os bulbos, rizomas, tubérculos e similares exportados pelo Brasil no período, com destaque para bulbos de amarílis e gladíolo, foram São Paulo (92,24%) e Ceará (7,06%).
Como produtos destinados ao consumo final – e, portanto, mais sujeitos aos efeitos da crise internacional - as flores frescas em geral tiveram resultados econômicos francamente decadentes entre os meses de janeiro a maio de 2011, quando comparados com os mesmos meses do ano anterior. De fato, os US$ 175,47 mil exportados no período revelaram queda de 56,87% frente a 2010, sendo que as exportações de rosas caíram 51,65% e as de outras flores frescas e seus botões cortados, 60,26%. Nos primeiros cinco meses de 2011, as exportações brasileiras de orquídeas cortadas tornaram-se estatística e economicamente insignificantes.
As rosas brasileiras seguiram, no período, para Portugal (72,71%) e Holanda (27,29%). As demais flores frescas cortadas foram exportadas para: Holanda (78,30%), EUA (17,66%) e Portugal (4,04%)
Os principais estados brasileiros exportadores de rosas frescas e seus botões cortados foram: São Paulo (40,18%), Minas Gerais (32,53%) – já refletindo a recente recuperação da roseicultura da região de Barbacena - e Ceará (27,29%). Já, para as flores cortadas frescas em geral – que conforme já visto, incluem as tropicais, além de gérberas, lírios, lisianthus e outras – as presenças mais marcantes foram as do Rio Grande do Norte (73,39%), São Paulo (17,66%), Ceará (7,60%) e Pernambuco (1,35%).
No período de janeiro a maio de 2011, a balança comercial da floricultura brasileira mostrou saldo negativo de US$ 7,38 milhões, sendo que as importações equivaleram praticamente ao dobro dos valores exportados (Ver Tabela 1). As principais mercadorias adquiridas internacionalmente pelo Brasil foram os bulbos, rizomas, tubérculos e similares destinados à propagação vegetativa e, em parte, à re-exportação (31,16%). Outros grupos com a mesma finalidade multiplicativa também se destacaram, como as mudas de outras plantas (24,47%) e mudas de outras plantas ornamentais (8,57%). As mudas de orquídeas importadas pelo Brasil da Holanda, Tailândia e Japão, também tiveram destaque no período analisado. Somaram US$ 2,34 milhões, representando 15,66% do total importado pelo País, com crescimento de 67,43% sobre o mesmo período do ano anterior. Porém, neste caso, não são considerados materiais para a propagação vegetal, mas, sim, para a produção comercial final de plantas para consumo, especialmente importantes nos ascendentes mercados de Phalaenopsis, Cymbidium e Vandas, entre outras espécies.
Em relação ao comportamento observado em outros anos, o fato que mais chamou a atenção nos resultados do período analisado foi a notável expansão das importações de produtos já prontos para o consumo como as rosas de corte frescas, as quais chegaram a representar 13,69% da pauta global de importações, com crescimento de 6,29% sobre a performance de compras no mesmo período do ano anterior. Além delas, outras flores cortadas em geral agregaram 4,80% de participação (com aumento de 32,55% sobre 2010), enquanto que os cravos e seus botões representaram 0,97%, com crescimento de 13,21% sobre janeiro a maio do ano anterior.
O fenômeno da expansão das importações de flores cortadas frescas no período justifica-se pelo conjunto de indicadores favoráveis observados na economia brasileira no tocante à expansão dos níveis de emprego, ocupação e renda, além da estabilidade econômica experimentada pelo País, que vem sustentando um consumo aquecido e mais diversificado dessas mercadorias. Em 2011, as vendas observadas nas duas principais datas de consumo (Dia das Mães e Dia dos Namorados) comprovaram a disposição intensificada dos brasileiros em presentear com flores, permitindo que parcelas crescentes de produtos importados convivessem harmoniosamente com a produção nacional no suprimento do mercado.
Além disso, cabem destacar dois fatores que vêm colaborando para essa performance importadora. O primeiro deles é o fato de que países vizinhos de economia florícola essencialmente focada no mercado internacional – especialmente Colômbia e Equador – sofrem mais intensamente os efeitos perversos da recessão global e seus produtos encontram-se mais disponíveis e acessíveis para o consumo brasileiro. Em segundo, destaca-se a persistente valorização cambial do real, que favorece o ingresso de mercadorias estrangeiras.
De janeiro a maio de 2011, os países supridores do mercado brasileiro de rosas frescas cortadas foram: Colômbia (57,51%), Equador (42,43%) e Holanda (0,06%). Para as demais flores frescas – que incluem principalmente alstroemérias – as importações foram, também, provenientes da Colômbia (66,64%), Equador (27,44%) e Holanda (5,92%). A Colômbia respondeu, ainda, por 100% das importações de cravos e seus botões, no período.
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