Crise do coronavírus afeta exportações e importações brasileiras de hortaliças
Por Warley Marcos Nascimento, Pesquisador e Chefe-Geral da Embrapa Hortaliças
Avaliação com colhedora autopropelida de forragem para a cultura do milho, feita na região Sudoeste do Mato Grosso, mostra que é possível colher mais de 6,5 hectares por hora mantendo a qualidade do produto colhido.
O estado de Mato Grosso é o maior produtor de bovinos de corte do Brasil e a prática de confinamento no processo final está ficando cada vez mais comum junto aos pecuaristas, sendo necessário para isso a alimentação suplementar dos animais. Uma das principais fontes de suplementação alimentar para bovinos é a silagem. No entanto, para se garantir o retorno em produtividade é fundamental o fornecimento de uma forragem de qualidade superior. Vários são os fatores que interferem na qualidade final do produto, que vão desde o manejo da colheita até o tipo de regulagem da máquina colhedora e o processamento da silagem.
As colhedoras de forragem autopropelidas se destacam pela sua capacidade de trabalho, versatilidade e incorporação de inovações tecnológicas, além da alta uniformidade em relação ao tamanho do material picado. Entretanto apresentam um alto custo de aquisição o que torna viável somente para grandes propriedades e ou na forma de prestação de serviços, fato que está se tornando uma opção na região sudoeste de Mato Grosso onde existe uma grande quantidade de propriedades que cultivam o milho para silagem e não desejam adquirir uma máquina para ser utilizada somente para a colheita do milho então optam pelo serviço terceirizado.
A capacidade operacional da colheita de forragem é um dos fatores que a tornam atrativa e que necessita ser mensurada em conjunto com a capacidade de veículos para o transporte de material, sendo que essas máquinas tem a necessidade de uma frota de caminhões ou transbordos para trabalhar em paralelo com a máquina. Outras considerações que devem ser observados, é custo com reparos e manutenções, suporte do fabricante e facilidade de operação.
A colhedora de forragem JD 7830 de 352 Kw de potência, conforme o fabricante, apresentam alguns recursos como o sistema de transmissão IVLOC TM (largura de corte variável), o qual oferece um ajuste no tamanho da partícula, a partir da cabine do operador. O fluxo de matéria, pelo interior da máquina, é otimizado para se obter um processamento constante, contando também com um sistema de detector de metais.
O cilindro de corte da colhedora é de 48 lâminas segmentadas corta a forragem com eficiência e precisão, podendo ser facilmente afiada a partir da cabine de operação. A máquina possui rolos de alimentação, de aço inoxidável, que giram acompanhando o perímetro do cilindro com corte radial, mantendo um controle da camada de material e proporcionando uma qualidade excelente de alimentação em relação aos sistemas de corte convencionais.
O processador de grãos é um sistema que realiza a trituração dos grãos de milho é composto por dois rolos estriados (107 dentes) com grande diâmetro, feitos de aço endurecido. A trituração pode ser aumentada ou diminuída pelo comando do operador e a leitura do espaçamento entre os rolos é realizada no monitor da coluna da cabine. Também é possível fazer instalação ou remoção do processador de grãos para a adequação para colheita de outras culturas.
As plataformas usadas são as rotativas Kemper de 6, 8 e 10 linhas, no caso a utilizada no estudo foi a de 8 linhas. Com uma largura de corte de 4,5 até 7,5 metros, garante um trânsito curto e rápido do material, permitindo colher milho, sorgo e outras culturas de porte ereto não importando o sentido do corte nem o espaçamento entre linhas. As extremidades das plataformas podem ser dobradas, possibilitando uma largura total de transporte de 2,95 m, garantindo um deslocamento seguro em vias públicas.
Para o corte e o processamento de plantas forrageiras, as máquinas ensiladoras devem ser preparadas e reguladas para garantir uniformidade do picado e a qualidade da silagem. No entanto, grande parte das ensiladoras não realiza o seu trabalho corretamente, pois operaram com regulagens inadequadas ou com a falta de acompanhamento técnico. Tais fatos ocasionam um picado desuniforme, não sendo o ideal para a cultura, resultando em silagens de baixa qualidade e até mesmo de baixo rendimento alimentar aos animais.
Estudos para a identificação das reais características dessas máquinas, são de fundamental importância, pois estas influenciam na qualidade final do produto e devem ser feitos com intuito de além de informar o produtor, otimizar o sistema de produção.
Para isso, foi realizado um estudo com o objetivo de avaliar a colhedora de forragem JD 7380 para a cultura de milho (Zea mays L.), observando as faixas de regulagens de corte de colheita. O estudo foi realizado na Fazenda Ressaca – Grupo Nelore Grendene, em Cáceres (MT). A fazenda adota o sistema de produção de bovinos de corte, semi-confinamento, sendo que grande em parte da produção, os animais são mantidos a pasto e somente no final da engorda são conduzidos ao confinamento. Nesta propriedade produz-se milho como forrageira, ensilados em silos trincheiras.
O delineamento foi em blocos casualizados em esquema fatorial 2x2 com velocidades de 7 km/h (V1) e 9 km/h (V2) e regulagens de tamanho de corte (partículas) de 10mm (R1) e 14mm (R2), respectivamente. Como se tratava de uma colheita em área da fazenda a escolha das velocidades e da regulagens do tamanho de corte ocorreu em função do trabalho e das exigências da propriedade sendo a V1 e a R1 a que estava sendo usada na colheita e a V2 e R2 ajustado para o estudo.
A coleta da silagem foi feita com auxílio de um balde de plástico com aproximadamente 2 litros, sendo retirada no caminhão de coleta. Retirou-se também, amostra para a determinação da massa seca da silagem, verificada em estufa a 60 ºC por 72 horas.
Assim que coletadas, foram secas à sombra e posteriormente submetidas a um conjunto de peneiras, com dimensões de 25x25 cm, adaptadas à metodologia citadas Lammers et al. (1996), descritas por Jobim et al (2007) e Schlosser et al (2010). Tal adaptação, foi realizada para classificar os fragmentos em partículas maiores que 0,75” (19,1 mm), entre 0,75 e 0,31” (19,1 a 7,9 mm) e partículas menores que 0,31” (7,9 mm). A metodologia consistiu em pesar 250 gramas de amostra de forragem seca, coloca-las sobre a peneira superior e iniciar a agitação sistematizada. A agitação foi ser realizada sobre uma superfície plana e lisa, e consistiu em oito séries de cinco agitações vigorosas (a cada cinco agitações o conjunto de peneiras é rotacionado à 90º), totalizando 40 movimentos.
Os resultados mostraram que para os valores percentuais médios retidos em cada uma das malhas da peneira para cada tratamento (Figura 01), a distribuição granulométrica do picado do milho, ficou retida na peneira maior que 15mm (64%), seguido por partículas inferior a 9 mm (29%) e partículas tamanho entre 9 mm e 15 mm (7%). Em relação ao tamanho médio das partículas, retidas em cada peneiras, não obteve diferença significativa, no entanto, quando é comparado entre percentuais retidos em cada peneira, tem-se diferença entre os tratamentos, pois as partículas retidas na peneira inferior a 9 mm são diferentes entre si, devido à regulagem.
Quanto aos tamanhos médios das partículas, obteve-se ao utilizar a regulagem de 10 mm, em média 14,2 mm e o aumento da velocidade, não influenciou significativamente no tamanho da partícula, quando regulada à 14 mm, obteve-se tamanho médio de 16,3 mm e também não apresentou diferença significativa.
As pesquisa indicam que as partículas inferiores a 8mm devem ser entre 45% à 65, mas no estudo não se utilizou a regulagem menor que 10mm por não ser a utilizada na fazenda. São necessários mais estudos para referendar os resultados, entretanto toda a tecnologia envolvida na colheita com essa máquina também conduz a outros tipos de estudos já que dentro dos dados obtidos permite-se inferir que usando-se a velocidade máxima testada, de 9km/h, pode-se colher até 6,7 hectare por hora sem que ocorra interferência no tamanho médio da partícula.
Nesse sentido outros aspectos relacionados a capacidade operacional, necessidade de transbordos trabalhando em paralelo com a máquina, que atualmente são limitantes para o aumento da velocidade de trabalho da máquina, bem como outros ações relacionadas a mapeamento da colheita e tecnologia de agricultura de precisão, poderiam ser utilizados com o objetivo de melhorar a qualidade da silagem e obter um alimento com maior digestibilidade para o gado, promovendo uma melhor eficiência no uso de máquinas na pecuária de corte e leite.
Paulo Cesar Lima Silva, Jane M. B. Vanini, Zulema Netto Figueiredo, Eder Pedroza Isquierdo, Mariana Ferreira de Oliveira, UNEMAT – Cáceres – MT
Artigo publicado na edição 155 da Cultivar Máquinas.
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