Principais desafios do pomar de maracujá
Causadas principalmente por bactérias, fungos e vírus, doenças estão entre os maiores entraves para a produção do maracujazeiro
Na safra 2013/14 a presença de Helicoverpa armigera foi confirmada na grande maioria dos municípios produtores de soja do Rio Grande do Sul, variando a sua intensidade e densidade populacional, nas diferentes localidades e lavouras. As ocorrências foram verificadas com a coleta de adultos (armadilhas de feromônio) em praticamente todo o ciclo da soja e de lagartas com fluxos de ocorrência principalmente na fase vegetativa (emergência até V4) e a partir do florescimento até a colheita, período em que ocorreram populações de H. armigera dividindo espaço com lagartas falsa-medideiras.
De acordo com as experiências vivenciadas pelo pessoal do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas da Universidade Federal de Santa Maria (LabMIP-UFSM) e com base em entrevistas realizadas com agrônomos e consultores de referência no estado do Rio Grande do Sul, os danos ocasionados por H. armigera, na última safra de soja, variaram de acordo com a época de ocorrência e com a população da praga, bem como com o manejo empregado pelo produtor.
As reduções de produtividade oscilaram entre zero até 25% em decorrência do ataque da praga. Em áreas localizadas ocorreram perdas superiores, porém, são lavouras ou mesmo manchas dentro de áreas maiores, que não tiveram monitoramento, reconhecimento da pragae/ou manejo adequado, principalmente pelo controle tardio ou ineficaz. Em muitos casos o manejo foi executado quando o dano já estava consumado, uma vez que a soja tem baixa tolerância à praga (Guedes et al, 2013; Guedes et al, 2014). Os consultores relataram ainda que os produtores que seguiram as recomendações de manejo, com monitoramento e manejo nos momentos adequados, usando os inseticidas e as doses recomendados, não tiveram dificuldades de controle de H. armigera. Entretanto, ocorreram casos de lavouras com grandes dificuldades de controle.
Dentre os principais impactos da ocorrência de H. armigera, está a elevação do custo com as aplicações de inseticidas, causada por pulverizações específicas para o controle. Somaram-se, ainda, os problemas com infestações de falsas-medideiras que escaparam do radar do produtor, ocorrendo em altas populações e exigindo controle com custos ainda maiores.
A confirmação da grande ocorrência e ampla distribuição de H. armigerana última safra serve de alerta ao sojicultor gaúcho, pois mostra que a praga está instalada no Rio Grande do Sul, apontando para sua ocorrência nas próximas culturas (outono/inverno), ampliando os riscos para a safra de soja 2014/15.
Helicoverpa armigera no outono/inverno
Em amostragens realizadas pelo LabMIP-UFSM nos meses de maio e junho em Cruz Alta e em Santiago, ambos no Rio Grande do Sul, foram encontradas lagartas de várias espécies como a lagarta Helicoverpa (Helicoverpa armigera), lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens) e lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) em feijão, girassol na safrinha e em nabo. Informações obtidas através de entrevistas a agrônomos de diferentes regiões do estado também confirmaram a presença de H. armigera em outras culturas como cereais e coberturas de inverno, indicando sua permanência no outono em solo gaúcho.
No feijoeiro safrinha em Santiago foram encontradas lagartas causando danos na fase reprodutiva da cultura, já em maturação. Mesmo em baixa população foram verificados danos, sendo provavelmente de uma ocorrência mais precoce. Em Ijuí, no Rio Grande do Sul, segundo entrevistados, no mês de abril também foram observados danos em legumes de feijão, em final de ciclo. O dano mais importante foi causado pela alimentação das lagartas diretamente nas vagens, produzindo perfurações para localizar os grãos e consumir. Além dos danos levarem à perda de grãos e prejudicar o enchimento de vagens, os orifícios serviram para a entrada de umidade e de patógenos, aumentando as perdas em produtividade e qualidade dos grãos.
Em Girassol safrinha em Santiago e Três de Maio, no Rio Grande do Sul, foram verificados danos em folhas e principalmente no capítulo (inflorescência do girassol). Nas folhas os danos são caracterizados por injúrias no centro e bordas. Já no capítulo, os danos são mais severos, pois a praga se alimenta do tecido do receptáculo e dos aquênios, comprometendo a formação do capítulo e reduzindo o número de sementes. Em geral, foi encontrada apenas uma lagarta por capítulo, mas eventualmente duas lagartas atacando o mesmo capítulo. As pulverizações para controle das lagartas atacando os aquênios são difíceis pela inclinação do capítulo, impedindo que o inseticida atinja diretamente o alvo.
Em culturas de plantas de cobertura de inverno, especialmente no nabo, foram realizadas amostragens em Cruz Alta, onde foram encontradas lagartas danificando a cultura na fase reprodutiva atacando hastes, folhas, flores e frutos (preferidos pela praga). Não foram observadas lagartas no nabo no estágio vegetativo.
Além do ataque de H. armigera em feijoeiro, girassol e nabo, a soja espontânea (guaxa ou tiguera) também hospeda lagartas, como foi verificado nos municípios gaúchos de Santa Maria e Tenente Portela. Estas populações podem originar-se de lagartas, pupas e de adultos que estavam na soja e que utilizam estes hospedeiros para completar seu ciclo ou até para fazer novas gerações. O feijão e o girassol são muito suscetíveis a H. armigera e à lagarta-falsa-medideira e podem ser importantes hospedeiros também locais para o manejo destas lagartas, no atual mosaico de cultivos do Sul do Brasil. Também os cereais de inverno, como trigo, aveia, cevada e centeio, poderão servir de hospedeiro de H. armigera no período de inverno/primavera e estas culturas poderão servir de ponto de partida para retomar o manejo da praga.
Plantas e legumes de feijão danificados por Helicoverpa armigera. Santiago-RS, 2014
Capítulo (aquênios) de girassol e folha danificados por Helicoverpa armigera. Santiago-RS, 2014
Danos de Helicoverpa armigera em flores e folhas de nabo. Santiago-RS, 2014
Monitoramento no outono/inverno/primavera
O monitoramento de H. armigera durante o ciclo das culturas e entre os cultivos agrícolas é um procedimento chave para o sucesso do manejo dessa praga. Nas culturas de inverno é muito importante que o monitoramento seja realizado durante todo o ciclo, para evitar perdas na própria cultura como também prevenir danos nas culturas subsequentes que serão semeadas no próximo verão, como milho, feijão, girassol, soja, entre outras.
O monitoramento das mariposas (adultos) é o recurso primário, mais precoce e possivelmente um dos mais eficientes. Entretanto, a necessidade de uma ampla distribuição das armadilhas e a sua verificação sistemática dificulta a adoção em ampla escala. Os adultos podem ser monitorados por armadilhas luminosas que capturam machos e fêmeas, ou com armadilhas com o feromônio sexual sintético da fêmea Iscalure armigera que capturam machos desta espécie. A captura das mariposas em armadilhas de feromônio e a identificação positiva para H. armigera na estação fria indicariam a manutenção da praga no inverno gaúcho, ampliando os riscos para estas culturas e para o próximo verão.
Apesar de a lagarta Helicoverpa ter preferência por estruturas reprodutivas das plantas, a manutenção de pontes verdes durante o outono/inverno/primavera pode hospedar a praga e favorecer a sua sobrevivência. As culturas de inverno tendem a ser muito suscetíveis às lagartas de H. armigera, levando em consideração que a soja espontânea fornece alimento até que as culturas de inverno se desenvolvam. O monitoramento nas plantas espontâneas de soja é importante, visto haver relatos da presença da lagarta, feitos por agrônomos e produtores.
Assim, além do monitoramento de adultos com as armadilhas, é necessário o exame minucioso das plantas, principalmente na fase reprodutiva das culturas de inverno. A verificação de lagartas deve ser feita em folhas, caules, com especial atenção às estruturas reprodutivas das culturas de inverno, como flores e grãos. As estruturas reprodutivas são as mais atrativas para as lagartas de Helicoverpa, pois possuem a capacidade de degradar as proteínas presentes.
O monitoramento durante o outono/inverno/primavera deve ser feito em parceria entre universidades, cooperativas, distribuidores de insumos e produtores, com uma distribuição de armadilhas, buscando abranger a maior área possível. O LabMIP/UFSM dispõe do laboratório e de pessoas qualificadas para a dissecação da genitália e identificação das mariposas capturadas nestas armadilhas e confirmação da espécie.
Vistoria em plantas de nabo, Santa Maria, Rio Grande do Sul, junho de 2014
Manejo nas culturas de outono/inverno/primavera
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