Calor intenso e chuvas ligam sinal de alerta para o produtor de soja
Por Miguel Kenzo, coordenador de desenvolvimento técnico de mercado da Ubyfol
De 1983 até o atual momento, o Brasil testemunhou uma incrível transformação no setor agrícola, passando de um país importador de alimentos para se tornar um dos maiores provedores para o mundo. Nos últimos 40 anos, o cenário do agro brasileiro passou por uma metamorfose impressionante e a cana-de-açúcar surge como protagonista dessa transformação. Da era da agricultura rudimentar à atualidade, marcada pela modernização, a jornada da cana é repleta de inovações que não apenas impulsionaram a produção, mas também redefiniram a relação entre o agronegócio e todas as partes envolvidas na cadeia produtiva.
No passado, a agricultura brasileira era caracterizada pela predominância do trabalho braçal, com menos de 2% das propriedades rurais utilizando máquinas agrícolas, hoje testemunhamos colhedoras e tratores desempenhando papéis cruciais nos campos. E ainda bem. A mecanização agrícola foi fundamental para otimizar processos e economizar tempo, dinheiro, recursos e melhorar as condições de trabalho dos colaboradores. Tudo isso aumentando consideravelmente a eficiência das propriedades.
Paralelamente à mecanização, a conscientização sobre a importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) tornou-se um pilar fundamental na evolução do cultivo de cana-de-açúcar. Os trabalhadores do campo desempenham um papel crucial, por isso, proporcionar a eles as ferramentas necessárias para assegurar sua segurança é um passo primordial. A introdução de EPIs não apenas mitigou riscos ocupacionais, mas também reflete um compromisso renovado com o bem-estar da força de trabalho agrícola. Isso não é apenas uma evolução técnica, mas uma expressão tangível de respeito pelos que moldam a paisagem agrícola.
Um exemplo emblemático dessa evolução vem da Raízen, companhia da qual, com orgulho, faço parte. Além de ser referência global em bioenergia, temos uma das maiores operações agrícolas do mundo, com 1,3 milhão de hectares de área cultivada e 99% da colheita mecanizada. Por meio do nosso programa, o Elos Raízen, temos reforçado nosso compromisso com questões relacionadas à saúde, segurança e meio ambiente. Para se ter uma ideia, na safra 21’22, levamos para todos os parceiros conhecimentos e ferramentas com esse foco, abordando temas como entressafra segura, guia de alojamentos, treinamentos e trabalho sustentável, entre outros assuntos. Estas ações não apenas impulsionam a produtividade, mas também se alinham aos princípios ESG, que refletem o compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade social que temos por aqui.
Mas as transformações não param por aí. Ao longo destes 40 anos de evolução do setor, percebemos que a cana-de-açúcar oferece uma série de benefícios que vão além da produção de açúcar. A cultura, que é versátil por natureza, é uma fonte inesgotável de energia renovável. A produção de etanol, derivado da cana, não apenas reduz a dependência de combustíveis fósseis, mas também contribui significativamente para a redução das emissões de carbono. Além disso, atua também como um agente de absorção natural deste gás, ajudando a mitigar os impactos das mudanças climáticas. Essa dualidade na sua utilização destaca seu papel vital na busca por práticas agrícolas sustentáveis.
O Brasil é líder mundial na produção e no uso de etanol de cana-de-açúcar como biocombustível, além de ser o maior produtor mundial de açúcar, responsável por 36% das exportações globais. E é importante evidenciarmos aqui todo o potencial da cana, que é uma cultura há muito reconhecida por seu papel na fabricação de açúcar e etanol, mas emerge também como líder na produção de outros produtos que possuem características sustentáveis únicas.
Nossos produtos aproveitam ao máximo os resíduos da cana-de-açúcar, utilizando a economia circular como uma ferramenta para gerar ainda mais valor. Vale destacar ainda seu papel como fonte de energia renovável que reduz a dependência de combustíveis fósseis e mitiga as emissões de gases de efeito estufa. Entre esses produtos “fora do convencional”, quando se trata da cana-de-açúcar, destacam-se o E2G (etanol de segunda geração), o SAF (Combustível de Aviação Sustentável) e o Hidrogênio Verde. E o futuro pode nos trazer ainda mais surpresas quanto ao que pode ser extraído de uma cultura tão rica como a da cana.
Ao refletirmos sobre os últimos anos de evolução na agricultura brasileira, especialmente focado na cana-de-açúcar, fica evidente que o progresso não é apenas técnico, mas também social e ambiental. A modernização, impulsionada pela mecanização e adoção de EPIs, aliada aos benefícios multifacetados da planta, retrata uma visão do futuro agrícola brasileiro: doce e sustentável. A importância atribuída às pessoas na equação é a garantia de que esse caminho seja não apenas eficiente, mas também ético e humano.
Por Admar Strini Junior, diretor agroindustrial na Raízen
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