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Seis diferentes sistemas de preparo de solo foram testados para descobrir qual deles é o que mais compacta e qual o sistema menos agressivo ao solo.
No processo de exploração agrícola existe a preocupação com o uso correto dos sistemas de preparo do solo. Com o uso constante dos maquinários agrícolas nas áreas produtoras e o recente aumento do tamanho destes, aliado ao não acompanhamento da largura dos pneus, o solo tem recebido uma carga considerável de pressão que pode resultar em processo de degradação de sua qualidade. Esta redução de qualidade se reflete, principalmente, em características físicas do solo, como o aparecimento de camadas compactadas, sobretudo se, durante as operações mecanizadas não se leva em consideração a umidade do solo.
Os sistemas de preparo do solo têm como objetivo básico fornecer um ambiente favorável ao desenvolvimento das sementes. No entanto, alguns destes sistemas têm mostrado seus efeitos negativos, ao longo do tempo, no processo de desenvolvimento e produção das culturas.
Dentre os sistemas de preparo mais utilizados estão: convencional, reduzido, conservacionista e plantio direto. O sistema de preparo convencional, tradicionalmente, utiliza uma aração seguida de gradagens para destorroamento e nivelamento. O sistema de preparo reduzido caracteriza-se pela diminuição do número de operações na área, resultando em menor número de passagens de máquina, podendo ser caracterizado por uma única passagem de grade, em algumas situações o uso de escarificadores é considerado como reduzido, ou mínimo. O sistema conservacionista caracteriza-se por manter a cobertura vegetal do solo, pelo menos 30% após as operações de preparo, sendo isso, normalmente, conseguido quando se usam escarificadores, dotados de disco de corte para palha e rolo destorroador. Para fins de entendimento, os termos escarificação e subsolagem são utilizados neste artigo, considerando que até a profundidade de 0,40 m realiza-se a escarificação e, abaixo de 0,40m realiza-se a subsolagem.
O sistema plantio direto, onde não ocorre revolvimento do solo em área total, prevê a semeadura sobre os restos culturais. Tais restos culturais tem por finalidade a proteção do solo e, para isso utilizam-se semeadoras-adubadoras com disco de corte para palha e, haste sulcadora (botinha) para o preparo do solo apenas na fileira de semeadura.
No sistema plantio direto com o uso inadequado de rotação de culturas, aliado a falta de adequação da massa e dos pneus do maquinário, tem causado o surgimento de camadas compactadas, com o passar dos anos. Desse modo, os produtores têm utilizado equipamentos com hastes para remoção das camadas compactadas, visando melhorar as características físicas do solo.
Dessa forma, o estudo de sistemas de manejo como plantio direto, plantio direto escarificado, plantio direto escarificado cruzado, preparo convencional, preparo reduzido e preparo conservacionista, pode ajudar os produtores a definir qual o melhor sistema para sua área, principalmente em relação ao processo de compactação do solo.
Com esse objetivo, foi conduzido na FAECA – Fazenda Experimental de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD no município de Dourados (MS), um estudo sobre a influência de sistemas de preparo do solo no processo de compactação em Latossolo Vermelho distroférrico textura argilosa (62,23% de argila, 20,43% de silte, 17,34% de areia).
A área experimental foi conduzida por mais de 10 anos com sistema plantio direto porém, antes da instalação deste experimento esta foi preparada com arado de discos (0,30 m de profundidade), seguida de gradagem destorroadora-niveladora (0,15 m de profundidade), seguida de subsolagem com equipamento de 5 hastes (0,50 m de profundidade) e, nova gradagem destorroadora-niveladora (0,15 m de profundidade). Tal preparo tinha por função a eliminação de problemas físicos do solo e o nivelamento do terreno. Para estabelecer uma cultura de cobertura, foi semeada a aveia (60 sementes por metro a 0,04 m de profundidade em espaçamento de 0,20 m entre linhas), que posteriormente foi dessecada e manejada com triturador de palhas para implantação deste experimento.
No preparo das parcelas dos sistemas de preparo do solo, após trituração da aveia, foram utilizados escarificador de cinco hastes, com ponteira estreita de 0,08 m a 0,40 m de profundidade (tratamentos com escarificação); arado de aivecas recortadas com 0,40 m de profundidade (preparo convencional); grade destorroadora-niveladora, tipo off-set, de arrasto, com 20 discos de 0,51 m de diâmetro (20”), na profundidade de 0,15 m (preparo convencional, reduzido e escarificado cruzado).
Os tratamentos foram compostos por seis sistemas de manejo: plantio direto (PD), plantio direto escarificado (PDe), plantio direto escarificado cruzado (PDec), preparo convencional (PC), preparo reduzido (PR) e preparo conservacionista (PCs).
Nesse estudo, o sistema plantio direto utilizou a sucessão de culturas com soja no verão e milho safrinha no inverno, como mobilização no verão e nenhum tipo de mobilização do solo na semeadura de inverno. O plantio direto escarificado (PDe) recebeu apenas uma operação de escarificação. O plantio direto escarificado cruzado (PDec) recebeu duas escarificações e uma gradagem niveladora para quebrar torrões e nivelar o solo. O preparo convencional (PC) recebeu uma aração e quatro gradagens destorroadoras-niveladoras. O preparo reduzido (PR) recebeu apenas uma gradagem destorroadora-niveladora. O preparo conservacionista (PCs) foi uma operação de escarificação e uma gradagem destorroadora-niveladora.
Com a finalidade de caracterizar o teor de água no solo coletaram--se amostras de modo aleatório nas parcelas. Na Figura 1 é apresentado o teor de água no solo no momento da coleta de dados de resistência mecânica do solo à penetração.
Também foram coletados dados da resistência mecânica do solo à penetração (RP) com o uso de um penetrômetro de impacto modelo IAA/Planalsucar-Stolf, desenvolvido por Stolf et al. (1983), adaptado pela KAMAQ com colocação de régua para medição (Stolf et al., 2011) até a profundidade de 0,55 m, na safra de soja. Com o objetivo de identificação de zonas de maior resistência no perfil após o tráfego, utilizou-se uma malha de coleta de 0,225 m de largura x 0,10 m de profundidade dentro da faixa de trafego (sete linhas da semeadora de soja). A semeadora-adubadora, com sete linhas de semeadura espaçadas de 0,45 m, fez a deposição de sementes de soja em cada sistema de preparo.
Os dados médios da resistência à penetração - compactação (Figura 2) indicam que o sistema com preparo convencional (PC) apresentou maior valor quando comparado aos demais. Sistemas que utilizam hastes sulcadoras (escarificadores), como plantio direto escarificado, plantio direto escarificado cruzado e preparo conservacionista, apresentaram os menores valores de resistência, mostrando o efeito benéfico do uso destes equipamentos na remoção de camadas compactadas.
Os sistemas plantio direto e preparo reduzido apresentaram valores de compactação muito próximos ao preparo convencional. É possível perceber que os efeitos da aração e da gradagem do preparo convencional são momentâneos e que, após os primeiros tráfegos na área os valores de resistência aumentaram, superando, inclusive os valores dos sistemas sem mobilização ou com mobilização mínima.
Os dados de resistência foram verificados no perfil do solo por meio de uma malha de coleta com largura máxima igual a largura da semeadora, até a profundidade de 0,60 m. Os dados desta coleta foram analisados pela geoestatística e, verificou-se o ajuste do semivariograma esférico, com alcance variando de 33,2 a 69,9 cm, para todos os sistemas de manejo. A dependência espacial foi considerada como forte para todos os sistemas de manejo. A validação cruzada apresentou um bom coeficiente de determinação para todos os sistemas de manejo, a exceção do sistema plantio direto.
Os mapas do perfil do solo para cada sistema indicaram o efeito dos manejos sobre o processo de compactação. Isto indica que, os sistemas de manejo do solo resultam em diversos níveis de compactação do solo.
Segundo Ribeiro (2010), ao compilar trabalhos sobre RP em Latossolo Vermelho eutroférrico típico, os valores dos níveis de resistência à penetração podem ser classificados como: baixo (0 a 2 MPa); médio (2 a 4 MPa); alto (4 a 6 MPa) e muito alto (acima de 6 MPa).
De acordo com os mapas de isolinhas da compactação (MPa) para os sistemas de manejo (Figura 3), o sistema plantio direto (PD) apresentou valores de resistência (compactação) considerados altos (4 a 6 MPa – faixa amarela) na camada de 0,05-0,35 m. Por outro lado, os sistemas plantio direto escarificado (PDe) e plantio direto escarificado cruzado (e PDec) apresentaram valores altos apenas abaixo de da camada de 0,40 m, evidenciando a ação de escarificação como eficaz na remoção de camadas compactadas, podendo ser uma recomendação de uso para sistema de plantio direto que apresente camadas compactadas. Verifica-se que, no sistema plantio direto ocorre à concentração da compactação na camada de 0,05-0,35 m, indicando que deve ser realizada subsolagem na profundidade de até 0,45 m. Neste caso, é indicado o acréscimo de 0,10 m como margem de segurança para a remoção da camada compactada.
O preparo conservacionista (PCs), por realizar, também, a operação de escarificação com uma gradagem, apresentou valores altos de resistência à penetração abaixo da camada de 0,35 m. Nota-se, neste sistema, que a espessura da camada com resistência média (2 a 4 MPa) é maior em relação ao plantio convenicional. Este último sofre os efeitos da gradagem niveladora e da compressão ocasionada pelo tráfego e pela ação dos discos da grade, e apresentou em toda a extensão do perfil valores altos de compactação (4 a 6 MPa). O preparo reduzido apresentou valores altos de compactação (4 a 6 MPa) abaixo da camada de 0,15 m.
Observa-se nos mapas do sistema plantio direto escarificado e do sistema plantio direto escarificado cruzado (Figura 3) que, estes não apresentaram diferenças entre si nos valores e nas camadas. Isto pode ser um indicativo de que do ponto de vista da qualidade do solo, uma segunda operação de escarificação, não é necessária. Além disso, há incremento do custo da operação e do tempo gasto para esta nova operação.
Portanto, pode-se utilizar como indicativo de manejo nas áreas agrícolas que, o uso da escarificação em plantio direto é benéfico por reduzir a compactação normalmente existente entre as camadas de 0,05-0,35 m e, que uma segunda operação de escarificação não é necessária, pois os resultados indicam não haver diferença entre o uso de uma e duas intervenções. O uso do preparo convencional (aração e gradagem) e os seus benefícios são pouco expressivos, pois após alguns meses os valores de compactação voltam a ocorrer na área. O uso dos sistemas com o mínimo revolvimento como o preparo reduzido utilizando grade faz com que abaixo da camada de 0,15 m se concentrem os maiores valores de compactação, aumentado a espessura da camada compactada.
Jorge Wilson Cortez, Paulo Henrique Nascimento de Souza, Maurício Viero Rufino, Renan Miranda Viero, Eduardo de Freitas Rodrigues, UFGD; Nelci Olszevski, UNIVASF
Artigo publicado na edição 147 da Cultivar Máquinas.
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