Fertirrigação: uma técnica com boas vantagens para a lavoura e o produtor

A fertirrigação consiste na aplicação de fertilizantes junto com a água da irrigação. Saiba mais sobre as vantagens desse manejo tanto para a lavoura, quanto para o agricultor

19.11.2020 | 20:59 (UTC -3)

A fertirrigação é uma técnica que consiste na aplicação de fertilizantes junto com a água da irrigação. Saiba mais sobre as vantagens desse manejo tanto para a lavoura, quanto para o agricultor.

A fertirrigação é uma técnica na qual se aplica fertilizantes, que são nutrientes para as plantas, junto com a água da irrigação, acelerando o ciclo dos nutrientes utilizados: os mesmo chegam ao solo em quantidades menores e mais frequentes, além de já estarem diluídos na água de irrigação. Dessa forma, encontram-se prontamente disponíveis para a absorção pela planta.

Outra característica importante da fertirrigação é a possibilidade que o agricultor tem de corrigir a oferta de nutrientes para as plantas ao longo do período de cultivo, uma vez que com este manejo é possível realizar um número maior de aplicações ao longo da safra. “É uma forma de adubação mais equilibrada,  que possibilita o cálculo e também ajustes dos nutrientes necessários para determinada cultura de acordo com a sua fase fenológica, o que ajuda a obter maior qualidade e produtividade”, explica o especialista Lucas Muraoka, da Yara Brasil

Como não há aplicação de grandes doses de fertilizantes de uma só vez, evita-se picos de acidez ou salinidade no solo. Desse modo, forma-se um melhor ambiente para o desenvolvimento dos microrganismos benéficos ao solo. “Via de regra, o sistema de cultivo fertirrigado tende a resultar em uma maior produtividade por conta dos seus benefícios. Com maior produtividade das culturas é necessária uma área menor para se produzir a mesma quantidade de alimentos comparado com sistemas de cultivo de menor tecnologia. Dessa forma, a fertirrigação contribui para uma menor necessidade de terras destinadas para agricultura”, explica o especialista.

O uso adequado da fertirrigação, portanto, também é bastante positivo no quesito sustentabilidade, já que economiza consideravelmente o uso dos recursos naturais. Pode-se citar a maior eficiência no uso de água e nutrientes pelas culturas, a redução do risco climático devido à menor dependência de chuvas, o fornecimento de nutrição equilibrada e nas quantidades corretas para as plantas devido ao maior parcelamento das adubações (o que, por sua vez, tende a resultar em maior produtividade e qualidade da lavoura), a economia na mão-de-obra, a redução de custos operacionais e a maior conservação do solo ao reduzir o tráfego de pessoas e maquinários na área. 

Sistemas de fertirrigação

No Brasil, existem quatro principais sistemas de irrigação: gotejamento, micro aspersão, pivô central e aspersão convencional. 

Gotejamento
Gotejamento

Micro aspersão
Micro aspersão

Pivô central
Pivô central

Aspersão convencional
Aspersão convencional

A escolha da técnica deve levar em conta diversos fatores, como recursos financeiros do agricultor, propriedades físicas do solo, topografia, tamanho da área, clima, manejo da cultura, recursos hídricos, entre outros. “A fertirrigação é uma técnica que traz muitos benefícios, mas é necessário conhecimento para extrair o melhor dela”.

Fertirrigação para culturas perenes

É necessária muita atenção no manejo de fertirrigação em culturas perenes, como o café, para evitar impactos severos no ambiente radicular e no solo, que são acumulados ao longo dos anos de cultivo. Os principais impactos negativos são a acidificação e/ou salinização do solo e desequilíbrios nutricionais. “Esses danos podem ser bastante expressivos, pois afetam a absorção de água e nutrientes pela planta, além do desenvolvimento radicular e, consequentemente, o desenvolvimento da lavoura”, explica Muraoka.

Atualmente, o maior mercado de café fertirrigado é o Conilon, cultivado principalmente no estado do Espírito Santo e também na região sul da Bahia.  Um dos maiores desafios da região é a disponibilidade de água, seguido pela combinação de custos crescentes de produção e preços estagnados do café. “O estado passou por uma forte crise hídrica nos anos de 2014 a 2016,  trazendo dificuldades a vários produtores rurais  da região. Diante disso a busca por sistemas de irrigação de alta eficiência, principalmente o gotejamento, aumentou e, inclusive, com instituições financeiras priorizando o financiamento agrícola para lavouras com projeto de irrigação nesta modalidade”, revela Muraoka.

Outras culturas perenes, como manga e citros, também podem chegar a bons resultados com o uso da fertirrigação. A manga, por exemplo, é produzida, principalmente, nos estados do Pernambuco e Bahia, regiões naturalmente de clima semiárido, com baixo volume de chuvas. Por isso, a eficiência de uso de água é uma premissa para cultivos nessas áreas. 

Já o Citros, cultivado principalmente no estado de São Paulo, se divide em duas principais classes de produção. O citros de mesa é para o consumidor final e tem foco em qualidade, beleza, sabor e durabilidade, já o indústria possui como principal foco o atingimento de elevadas produtividades. “Mesmo assim, a cultura ainda tem adesão relativamente baixa à fertirrigação, devido aos investimentos iniciais, que podem ser elevados, e também ao conhecimento necessário para a realização de um manejo adequado da lavoura fertirrigada”, comenta Muraoka.

Diferente das culturas perenes, as culturas de ciclos rápidos, como as hortaliças, possuem menos espaços para erros e o tempo de resposta dos produtores rurais são ainda menores. 
“Sendo culturas de custos e riscos elevados, o atendimento nutricional adequado em cada fase fenológica é essencial para bons resultados de produtividade, qualidade e, consequentemente, rentabilidade ao produtor rural”, explica. 

Com os custos de produção crescentes e dificuldade em encontrar mão-de-obra  qualificada, um sistema de fertirrigação manejado corretamente atende grandes demandas dos produtores rurais. Apesar do investimento inicial relativamente elevado, ele reduz a necessidade de mão-de-obra e tempo utilizado para adubação, reduzindo os custos operacionais. No aspecto agronômico, os benefícios são muitos, com foco principal no equilíbrio nutricional e fornecimento de nutrientes de acordo com as demandas da planta, impactando positivamente na produtividade. 

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