​Ferrugem asiática: Sensibilidade pressionada

Na safra 2016/17 foram avaliados 17 fungicidas e o cenário é de alerta contra a seleção de resistência do fungo

04.08.2017 | 20:59 (UTC -3)

A ferrugem-asiática da soja, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a principal doença que incide na cultura. Sua introdução em 2001 no Brasil trouxe mudanças no sistema produtivo da cultura. Uma das alterações reside na limitação da semeadura de soja no inverno por períodos de 60 dias a 90 dias (vazio sanitário). Essa medida tem como objetivo reduzir o inóculo do fungo na entressafra e atrasar as primeiras ocorrências da doença na safra. Quando associada com a semeadura no início da época recomendada proporciona um escape da doença. No entanto, semeaduras a partir de 15 de outubro, dificilmente escapam da incidência da doença, que tende a aparecer mais cedo à medida que as semeaduras atrasam, podendo aparecer no período vegetativo nas semeaduras de dezembro e janeiro. Quando ocorre na cultura, a utilização de fungicidas é indispensável e o número de fungicidas eficientes no controle da doença vem reduzindo a cada ano.

Desde 2003/04, ensaios em rede vêm sendo realizados por instituições públicas e privadas com o objetivo de comparar a eficiência de fungicidas para diferentes alvos biológicos. Para ferrugem-asiática, ensaios em rede foram conduzidos em todas as safras, desde o início. Esses ensaios, inicialmente propostos para comparar a eficiência de fungicidas, têm permitido acompanhar a mudança de sensibilidade do fungo aos diferentes fungicidas. Essa mudança de sensibilidade é atribuída à seleção de isolados menos sensíveis, em consequência do uso intensivo de fungicidas.

Os principais modos de ação utilizados no controle da ferrugem-asiática são os fungicidas sítio-específicos inibidores da desmetilação (IDM, “triazois"), os inibidores da quinona externa (IQe, “estrobilurinas") e os inibidores da succinato desidrogenase (ISDH, “carboxamidas"). Desde 2014/15, fungicidas multissítios como mancozebe, clorotalonil, fluazinam e fungicidas a base de cobre têm sido avaliados na rede de ensaios em misturas prontas e associados a fungicidas sítio-específicos.

Nos ensaios realizados com fungicidas sítio-específicos para o controle da ferrugem-asiática, na safra 2016/17, foram avaliados 17 fungicidas, sendo três deles incluídos para monitoramento da sensibilidade do fungo (T2 a T4), cinco ainda em fase de registro (T13 a T16 e T18) e os demais (T5 a T12 e T17) são misturas prontas de diferentes modos de ação (Tabela 1). Nesses ensaios são realizadas aplicações sequenciais dos produtos, que começam no pré-fechamento e são reaplicadas em intervalos de 18 e 14 dias. No entanto isso não se constitui em uma recomendação de controle. Essas informações devem ser utilizadas na determinação de programas de controle, priorizando sempre a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação e adequando os programas à época de semeadura. Aplicações sequenciais e de forma curativa devem ser evitadas para diminuir a pressão de seleção de resistência do fungo aos fungicidas.

As áreas para condução dos ensaios são semeadas tardiamente para aumentar a probabilidade de ocorrência da doença, em função do aumento de inóculo do fungo que ocorre à medida que as semeaduras se sucedem.

Na safra 2016/17 foram realizados 39 ensaios nas diferentes regiões produtoras. Na análise estatística dos dados foram eliminados os ensaios em que a primeira aplicação foi feita com sintomas de ferrugem (dois ensaios) e os ensaios com baixa severidade da doença (cinco ensaios). Continue lendo

Cláudia V. Godoy

Maurício C. Meyer

Embrapa Soja

Carlos M. Utiamada

Luiz Nobuo Sato

Tagro

Hercules D. Campos

UniRV

Cláudia B. Pimenta

Emater-GO.

David S. Jaccoud Filho

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Eder N. Moreira

Faculdade Centro Mato-grossense

Fernando Favero

Tiago Madalosso

Centro de Pesquisa Agrícola Copacol

José Fernando J. Grigolli

Fundação MS para Pesquisa e Difusão de Tecnologias Agropecuárias

José Nunes Junior

Centro Tecnológico para Pesquisas Agropecuárias

Luciana C. Carneiro,

Universidade Federal de Goiás, Regional Jataí

Marcelo R. Volf

Dalcin Serviços Agropecuários.

Mônica C. Martins

Círculo Verde Assessoria Agronômica e Pesquisa

Wilson S. Venâncio

CWR Pesquisa Agrícola

Edson P. Borges

Fundação Chapadão

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