Agricultores precisam ficar atentos à septoriose na soja
Por Sergio Abud, Biólogo e trabalha com a cultura da soja a 38 anos na Embrapa
A Cigarrinha do Milho Dalbulus maidis vem sendo considerada como uma das principais pragas da cultura do Milho. Ela deixou de ser uma praga exclusiva de regiões produtoras de sementes e hoje está presente em praticamente todas as áreas onde se cultiva o cereal, tanto na 1ª Safra quanto na 2ª Safra de Milho no país. As perdas ocasionadas pelos enfezamentos e viroses transmitidos pela cigarinha podem chegar a mais de 90%, pricipalmente quando se utiliza um híbrido sensível ao complexo de enfezamento.
A Cigarrinha, além de causar lesões como inseto sugador, ela é responsável por danos indiretos que geram perdas mais expressivas na cultura, pela transmissão de fitopatógenos como os molicutes, Fitoplasma (Maize bushy stunt phytoplasma) e Espiroplasma (Spiroplasma kunkelii), sendo estes, os agentes causais do enfezamento do milho, e do Raiado Fino (Maize rayado fino-MRFV) (OLIVEIRA,2008).
Na fase adulta, a cigarrinha, mede de 3,7 a 4,3 mm de comprimento, sendo de coloração amarelo-palha (Figura 1). Apresenta duas manchas circulares negras na parte frontal e é frequentemente encontrada no cartucho do milho. O ovo, amarelado, tem um período embrionário de cerca de nove dias, sendo colocado dentro dos tecidos das plantas, preferencialmente na nervura central da folha.
A ninfa, que vivem no interior do cartucho do milho (Figura 2), passa por cinco instares, período este que dura cerca de 17 dias (MARTINS et al., 2008). Sua biologia é sensivelmente afetada pela temperatura, e em temperaturas abaixo de 20°C as ninfas não eclodem (WAQUIL, 2004).
Segundo Oliveira (2000), uma das características que tornam as infestações mais frequentes de D. maidis em lavouras de milho, é o fato da espécie apresentar um alto potencial biótico, e a capacidade de migração a longas distâncias. O inseto pode colonizar desde campos recém germinados até o florescimento, em função da progressão das gerações de insetos, e da entrada de outras cigarrinhas já adultas, principalmente quando se tem plantas adultas nas imediações.
Enfezamentos do milho
Na cultura do milho, existem dois tipos de enfezamento, que são causados por patógenos da classe dos molicutes. O enfezamento pálido é causado pelo patógeno Spiroplasma kunkelii, e o enfezamento vermelho é causado pelo Maize bushy stunt phytoplasma (OLIVEIRA et al., 2002).
A distinção entre os dois tipos de enfezamento, é feita com base nos sintomas da planta: no enfezamento pálido, os sintomas, inicialmente são listras largas descoloridas, amarelas ou verde-limão, na base das folhas infectadas, e posteriormente, as folhas novas apresentam o mesmo sintoma, além disso, a planta infectada pode apresentar encurtamento de entrenós (Fig.3), espigas mal formadas (Fig.5), deformadas ou ausentes e deformações no pendão, porém em alguns casos, os sintomas podem ser leves ou até mesmo ausentes, já o enfezamento vermelho pode causar sintomas como: o avermelhamento de folhas mais velhas (Fig 6 e 8); encurtamento de entrenós, perfilhamento anormal e desenvolvimento de várias espiguetas (Fig. 7) (WAQUIL, 2004).
Os molicutes invadem sistemicamente, e se multiplicam nos tecidos vasculares das plantas, mais especificamente no floema (Fig. 4), e são transmitidos para plantas sadias por meio do vetor D. maidis, que ao se alimentarem de plantas doentes, adquirem o patógeno, num período latente que varia de 3 a 4 semanas (WAQUIL, 2004). No entanto, esse período pode variar em função de condições ambientais como a temperatura, sendo a temperatura ótima para a aquisição e transmissão dos molicutes, entre 18 e 30 °C, e temperaturas abaixo de 16 °C, podem afetar a eficiência da transmissão e aumentar esse período; e a disponibilidade de plantas hospedeiras(OLIVEIRA et al., 2007).
Essa virose pode causar reduções na produção da ordem de 30%. Como esse vírus é transmitido pelo mesmo inseto vetor que transmite os agentes causais do enfezamento vermelho e do enfezamento pálido, geralmente ocorre simultaneamente com essas doenças. Contudo, sua incidência é variável em áreas e em anos distintos, em geral sem atingir os mesmos níveis de incidência dos enfezamentos.
Os primeiros sintomas aparecem como pequenos pontos cloróticos na base e ao longo das nervuras das folhas jovens (Fig 9 e 10). Tornam-se evidentes com grande número de pontos cloróticos, que se fundem, tomando aspecto de riscas curtas. Em geral, os primeiros sintomas dessa virose aparecem em plantas jovens no campo, cerca de 30 dias após a semeadura, e permanecem visíveis mesmo nas plantas em fase de produção. Os sintomas da risca podem ser melhor discriminados observando-se as folhas infectadas contra a luz. Plantas infectadas podem apresentar espigas e grãos menores que o tamanho normal.
Esses 3 patógenos podem estar presentes no milho de modo separado ou mesmo ocorrerem de forma simultânea, dificultando o diagnóstico pelos sintomas, necessitando a realização de uma análise molecular, através de técnicas como a de PCR, onde se compara a sequência de DNA de cada fitopatógeno.
Além dos danos relatados anteriormente, como: redução do porte das plantas, redução da área foliar, obstrução do floema, má formação de espigas e grãos, o Complexo de Enfezamento causa podridão de espigas, afetando diretamente no peso e a qualidade dos grãos, aumenta o índice de quebramento de colmo, dificultando a operação de colheita e com isso, há uma significativa perda de produtividade.
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