Bicudo: O desafio da cotonicultura brasileira

Os danos causados pelo bicudo são silenciosos e se espalham com grande velocidade. Devido a essas características, o besouro bicudo-do-algodoeiro é considerado por muitos cotonicultores como o câncer da cotonicultura brasileira.

15.03.2016 | 20:59 (UTC -3)

Essa praga é específica do algodoeiro, uma vez que essa planta proporciona condições para que o inseto complete seu ciclo de vida. Entre as principais pragas do algodão, o bicudo é o de maior incidência e com maior potencial de dano. Isso ocorre devido a sua alta capacidade de se reproduzir, elevado poder destrutivo, difícil controle e prejuízos causados ao produto final destinado a comercialização.

O Brasil convive com essa praga há 30 anos e, com o ritmo acelerado de produção das lavouras no país, o bicudo tem se adaptado ano a ano ao clima e se tornado ainda mais perigoso para as próximas safras. Depois da colheita e destruição das soqueiras, os insetos adultos se dispersam para as áreas próximas de vegetação permanente, onde se abrigam e esperam o próximo ciclo. O ataque normalmente é feito a partir das bordaduras mais próximas das áreas de refúgio, mas hoje as observações de campo mostram que o bicudo está sempre presente no ambiente. Isso ocorre pela baixa eficiência do manejo do algodão tiguera, àquele que sobrevive ao final do ciclo da cultura, que fica presente próximo a sede da fazenda, como planta invasora da cultura da soja e na beira das estradas.

Recomendação

Existem várias estratégias de manejo do bicudo-do-algodoeiro com o intuito de reduzir seus danos, como monitorar constantemente a plantação; destruir de maneira efetiva a soqueira de algodão imediatamente após a colheita; iniciar o monitoramento com armadilhas aproximadamente 60 dias antes do início do plantio; promover aplicações seguras com inseticidas eficientes e dentro da recomendação sugerida pela FMC; plantar de forma concentrada e em um período curto regionalmente; nunca permitir o desenvolvimento de plantas tigueras de algodão ao redor da sede da fazenda, algodoeiras, carreadores e na bordadura dos talhões, inclusive nas rodovias.

Além disso, é importante não permitir a multiplicação do bicudo nas lavouras de algodão, soja e milho ou em qualquer outra cultura (inclusive nas utilizadas como culturas de cobertura para o solo, como: braquiárias, crotalária, sorgo forrageiro e milheto); estar atento ao Manejo Integrado de Pragas (MIP); ter cuidado com o MIP e manejo de resistência, observando as recomendações para cada fase do algodão e situação das pragas no momento da aplicação; e reduzir a presença da praga e população no momento da desfolha.

Uma estimativa da Associação Goiana dos Produtores de Algodão (AGOPA) afirma que o bicudo do algodão gerou um prejuízo de R$ 1,5 bilhão nos últimos 15 anos em todo o país. Nas últimas três safras, com volume médio próximo de 1,7 milhão de toneladas de pluma, o Brasil se coloca entre os cinco maiores produtores mundiais. O cenário interno também é promissor: somos o quinto maior consumidor, com mais de 1 milhão toneladas/ano, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA). Diante da importância que o algodão traz para a economia brasileira, controlar a praga dessa lavoura por meio de um manejo correto e eficaz é essencial para agricultores brasileiros manterem a produtividade e o sucesso nos negócios.

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