Monitoramento no manejo integrado de pragas em soja
MIP segue princípios básicos como o monitoramento dos insetos para auxiliar na tomada de decisão do controle
A utilização de irrigação por gotejamento, além de economizar água, traz benefícios como incremento na produtividade independentemente da cultura onde é aplicada.
Não é de hoje que a água é alvo de grandes debates. Este item vital presente em nosso dia a dia já foi tema de músicas, campanhas governamentais e até mesmo protestos. Por conta da escassez recente, a forma como utilizamos a água tem sido questionada e criticada. É uso em excesso, desperdício, poluição de rios, falta de chuvas, crise hídrica, enfim a coisa não está muito boa quando o assunto é este.
E só sentimos na pele o quão importante este bem é para a sociedade quando o País passou, e vem passando, pela crise hídrica. Todos os setores foram atingidos, mas a área que mais sofreu com isso, sem dúvida, foi a rural, a agricultura. Este setor primário, responsável pela produção de matéria-prima, é de grande peso para o PIB nacional, pois representa por volta de 25% do valor total.
Hoje, a agricultura responde pelo consumo de 72% de toda a água disponível para consumo, fazendo com que ela seja considerada uma “grande vilã”. Como parâmetro podemos utilizar o cultivo de café. Uma planta de café necessita de cinco litros de água por dia para se desenvolver. Na irrigação localizada são usados os exatos cinco litros, enquanto que outras tecnologias e métodos convencionais gastam cerca de oito. Com o método do gotejamento, portanto, a economia é de 33%. Mas, por este motivo de desperdício, a agricultura tem sido questionada por seu alto consumo hídrico.
Para que as críticas negativas ao mundo do agronegócio diminuam é necessário que essas novas tecnologias façam parte do dia a dia do produtor, sem dificuldade. E não somente pensando na diminuição do uso da água. Sim, isso é importante. Mas em um País que em 2050 deverá alimentar mais de nove bilhões de habitantes pelo mundo, também será preciso aumentar a capacidade produtiva. E neste processo, temos que pensar além de plantio e colheita.
Dados da Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos) mostram que o Brasil tem quase 30 milhões de hectares para irrigar. Cerca de cinco milhões usam essa tecnologia, sendo que em menos de um milhão deles é usada a técnica de irrigação localizada por gotejamento. Enquanto que outros países, que enfrentam o problema de falta de água como Israel, Índia, Costa Oeste dos Estados Unidos, já usam esse sistema que é mais eficiente e não desperdiça a água. Foi nesse cenário de escassez de água que a irrigação por gotejamento foi inventada pela Netafim na década de 60, numa estrutura de kibutz: uma forma de coletividade comunitária israelita – tendo função essencial na criação do estado judeu.
Nesse sistema desenvolvido há 50 anos, a água é levada de forma pontual através de tubos que contêm gotejadores, produtos que controlam a pressão e liberam as gotas conforme o horário e em quantias necessárias para cada tipo de planta.
Atualmente, mais de dez milhões de hectares em todo mundo já são irrigados com os gotejadores da empresa. Essa tecnologia tem ajudado produtores a terem um maior rendimento utilizando menos recursos e evitando o consumo excessivo de água, energia e produtos químicos. Respeitando a natureza, não apenas sustenta o que já existe, mas cria e garante um abastecimento confiável para o amanhã.
Além da água, para o bom desenvolvimento das plantas, é requerida a utilização de fertilizantes. Este sistema de irrigação localizada por gotejamento permite a técnica de fertirrigação que leva junto da água os nutrientes necessários, garantindo que o resultado da colheita seja cada vez melhor.
Por mais que os tubos gotejadores possam ser instalados em vários tipos de cultura como milho, soja, citrus, café, cacau, seringueira, cultivos de horticultura entre outras, essa tecnologia necessita de estudos de viabilidade com levantamento de dados sobre o clima, solo e a cultura, pois a quantidade de água utilizada depende da evapotranspiração da plantação, ou seja, a perda de água do solo por evaporação e a perda de água da planta por transpiração. Ainda assim é uma irrigação que não tem restrições, desde que haja energia, é possível fazê-la em qualquer topografia ou estado de área.
A instalação desses tubos ficou ainda mais fácil depois que o PVC foi substituído pelos flexíveis. Eles foram desenvolvidos para serem mais leves, resistentes e flexíveis, como o próprio nome já diz. Esses tubos se adaptam melhor para os sistemas móveis, pois facilita na hora de transportá-los e também de guardá-los, após a colheita. O produto é de polietileno e mais robusto e durável, possibilita que máquinas passem por cima dele sem danificá-lo.
Esses tubos são 100% recicláveis e certificados pelo padrão de qualidade ISO 16438 do segmento. Neste processo, os tubos flexíveis também vêm prontos direto da fábrica para que os produtores não se preocupem com a colagem das conexões nem com os furos (antes feitos direto no campo), o que garante maior precisão da instalação.
Há muitos casos de sucesso em território brasileiro. Essa tecnologia foi testada nas últimas duas safras de arroz na região de Uruguaiana (RS) e como resultado quase duplicou a produtividade, saindo de 7,5 toneladas por hectare (através do modelo tradicional: irrigação por inundação) para 12 toneladas por hectare (usando a técnica de irrigação por gotejamento). Além disso, no sistema de inundação, gastam-se três mil milímetros de água por hectare, enquanto que no gotejamento foram usados apenas mil milímetros de água por hectare.
O sistema também foi implantado em uma das fazendas da Usina Santa Fé, numa área de cana-de-açúcar de 100 hectares que logo no primeiro corte deverá render um total de 205 toneladas/hectare, produtividade muito maior quando comparada a outros métodos.
Um produtor de café de Minas Gerais, desde 2006, adquiriu uma área de 400 hectares e investiu no gotejo. Ele saiu de uma média de 30 sacas por hectare (produtividade média em sequeiro) para uma produtividade média (seis colheitas) acima de 60 sacas por hectare.
O aumento de produtividade é recorrente em várias culturas. Com o tomate, não foi diferente, como ocorreu com um produtor no estado de Goiás. Considerando somente o incremento médio de produtividade de 40t/ha com a utilização da irrigação por gotejamento subterrâneo e o preço da tonelada em torno de R$ 200,00, houve um incremento de renda de R$ 8.000,00/ha
Histórias como estas mostram que é possível que a agricultura brasileira caminhe rumo à sustentabilidade. O resultados dessas práticas, ao longo dos anos, virão. É preciso haver dedicação, esforço e, acima de tudo, planejamento. O caminho possui muitos espinhos, mas nada que não possa ser dobrado.
Carlos Sanches, Netafim
Artigo publicado na edição 157 da Cultivar Máquinas.
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