Como evitar perdas com colhedoras
Regular inadequadamente a colheitadeira, colher em condições erradas de velocidade, rotação e umidade da cultura são fatores que influenciam nas perdas da colheita
A aplicação de fontes nitrogenadas pode ser um diferencial para o aumento da produtividade na cultura do milho. Mas para que sejam minimizadas perdas do fertilizante aplicado é preciso lançar mãos de estratégias e tecnologia, como é o caso do revestimento do nutriente com camada protetora, que permite liberação controlada.
A aplicação de fontes nitrogenadas na cultura do milho pode ser um diferencial para a expressão do potencial produtivo do hibrido semeado. As perdas do nitrogênio proveniente da aplicação de uréia podem ocorrer de diferentes maneiras, sendo lixiviado, volatilizado e até por imobilização durante a decomposição dos resíduos vegetais deixados por culturas antecessoras.
Com o desenvolvimento tecnológico aplicado ao setor agrícola, surgiram tecnologias para proteção dos grânulos de uréia, a fim de minimizar as perdas que ocorrem após aplicação em cobertura desta fonte de nitrogênio. Esta cobertura tende a controlar a liberação do nutriente, permitindo sua absorção por um período maior quando comparado com a uréia sem cobertura, que oferta todo nitrogênio aplicado de uma única vez.
Segundo dados da Conab (2014), a produção total de milho em Goiás na safra 13/14 obteve uma média de 107sc/ha. O nitrogênio (N) é o nutriente absorvido em maiores quantidades pelo milho e o que mais influencia no rendimento de grãos (SILVA et. al., 2005). A ureia tem como vantagem alta concentração de nitrogênio, fácil manuseio, menor custo por quilo de nitrogênio, porém apresenta elevadas perdas deste elemento por volatilização (PRIMAVESI et al., 2004). A utilização inadequada de N pode causar prejuízos ambientais, como contaminação de águas superficiais e subterrâneas por nitrato, em virtude de perdas por erosão e lixiviação (SIMS et. al, 1998). Uma alternativa para diminuir essas perdas seria a proteção do grânulo da ureia com produtos menos higroscópicos que permitam aplicá-la na superfície do solo, podendo retardar a sua liberação (BONO; SETTI; SPEKKEN, 2006).
Com o objetivo de avaliar a aplicação de uréia com e sem revestimento em duas doses de N total, aplicadas em cobertura na cultura do milho, um experimento foi conduzido na área experimental do IFGoiano, Câmpus Rio Verde. Utilizou-se delineamento experimental de bloco casualizado em fatorial 4x2, composto por sete tratamentos com quatro repetições: controle (C) sem aplicação de N, ureia (U), ureia revestida por polímero (URP) e ureia revestida por enxofre (URS), com duas doses de N total: 75 Kg/ ha e 150 Kg/ ha.
O estudo foi conduzido em solo sob cerrado. A Tabela 1 apresenta o resultado da análise química do solo coletado na camada de 0cm-20cm.
Segundo SOUZA et.al (2004), para solos sob cerrado em camada de 0cm-20cm o valor encontrado para P e K está na faixa de teor denominada como baixo. Sendo assim, ocorreu a correção a lanço com KCl na taxa de aplicação de 120kg/ K2O/ ha para correção do potássio e foram utilizados 120kg/ P2O5/ ha de super fosfato triplo (SFT) aplicados a lanço como fonte de fósforo.
O delineamento experimental utilizado foi o de bloco casualizado com quatro repetições no esquema fatorial 4x2, sendo quatro fontes de nitrogênio (controle [C] sem aplicação de N, ureia [U], ureia revestida por polímero [URP] e ureia revestida por enxofre [URS]), com duas doses de N total (75Kg/ ha e 150Kg/ ha).
O plantio do milho foi realizado com sementes Agroeste AS1598PRO2, versão VTPRO 2 dentro da janela ideal de plantio, recomendada pela empresa fornecedora das sementes.
O espaçamento utilizado para a semeadura foi de 0,45m entre plantas e também 0,45m entre linhas com uma média de 3 plantas por metro e um total de 60.000 plantas por hectare. Para cada parcela foram plantadas 6 linhas de 6 metros cada totalizando uma área de 16,20m².
A Tabela 2 apresenta a porção de nutriente que compreende o valor total de cada produto utilizado como fonte de nitrogênio.
A época de aplicação foi determinada pelo número de folhas por planta. A aplicação dos tratamentos foi realizada a lanço entre os estádios fenológicos V4 a V6, seguindo recomendações da Embrapa (2011), de realizar a cobertura nitrogenada do milho entre os estádios V4 e V8.
O fornecimento de N para a cultura do milho no estádio de aplicação foi suficiente para aumentar a produtividade em relação à testemunha. Observa-se na Tabela 3 que houve diferença significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade para a variável produtividade, onde os tratamentos que utilizaram adubação nitrogenada foram estatisticamente superiores ao tratamento controle.
Para a variável dose, observa-se na Tabela 3 que não houve diferença significativa pelo teste de Tukey a 5%, não havendo diferença estatística para a produtividade em Kg/ha independentemente da dose ou da fonte de adubação nitrogenada utilizada. Resultado similar foi obtido por VALDERRAMA, et al. (2014), onde a produtividade do milho não foi afetada pelas fontes de N, demonstrando que as ureias revestidas por polímeros em diferentes composições e concentrações não se sobressaíram em relação à ureia convencional.
CASAGRANDE & FORNASIERI FILHO (2002) obtiveram produtividade da testemunha com 4.592 kg/ ha e atribuíram este efeito ao suprimento de N pela matéria orgânica do solo cujo valor era de 27 g dm-3. No presente trabalho, o teor de matéria orgânica observado no solo antes do plantio foi de 30,1 g dm-3, de modo que este efeito também pode ter ocorrido.
Observa-se que a URP na dose de 150 Kg N/ ha propiciou maior produção de grãos, o que se deve provavelmente ao aproveitamento total do N liberado na aplicação seguida por um fornecimento gradativo subsequente. Para U a dose de 75 Kg N/ ha foi ideal na época de aplicação em cobertura, diminuindo as perdas por volatilização. Já para U na dose 150 Kg N/ ha supõe-se que a alta disponibilidade de N pela adubação, associada ao N liberado da decomposição da matéria orgânica pode ter resultado em uma maior permanência das plantas na fase vegetativa, denotado pela maior média de altura das plantas entre os tratamentos (2,39m), com isso retardando a fase reprodutiva.
Para o tratamento URS 150 Kg N/ ha observa-se similaridade com o sugerido para URP 150 Kg N/ ha. No entanto, possivelmente pelo produto conter uma camada de enxofre e uma de cera, pode ter ocorrido retardamento da liberação de N inicial, com acréscimo nesta liberação nas semanas posteriores.
Observando as variáveis Produtividade de Sacas a Mais que o Tratamento Controle (PSTC) e %STC (porcentagem de sacas a mais que o tratamento controle) é possível observar de forma mais clara o acréscimo de produtividade sobre o tratamento controle. Também é possível verificar as diferenças entre cada tratamento que utilizou diversas doses e fontes de adubação nitrogenada, mesmo não havendo diferença significativa pelo teste de Tukey a 5%. Observa-se que a U 75 obteve uma produção maior que a U 150. Isso deve ser atribuído à quantidade do nutriente que foi ofertado de uma só vez para a planta, saturando sua capacidade de absorção. Por outro lado, a URP 150 obteve a maior produção dos tratamentos, o que se deve à sua capacidade de efetuar uma liberação controlada do nitrogênio. Em primeira instancia a dose liberada supriu as plantas que estavam na fase de desenvolvimento, e a segunda parte liberada por esta fonte deve ter sido absorvida na fase reprodutiva. Já a URP 75 provavelmente agiu da mesma maneira. No entanto, em primeira instancia liberou uma quantidade muito menor de N que a URP 150. Já para as URS, juntamente com a liberação do N ocorre a de S que também é um nutriente essencial para a planta. A URS 150 obteve acréscimo maior na produção quando comparado com a URS 75.
Nas condições do experimento é possível concluir que o emprego de fertilizantes nitrogenados resultou em acréscimo na produtividade dos grãos de milho. As fontes de liberação controlada não foram satisfatórias para aplicação entre os estádios fenológicos de V4 a V6, pois proporcionaram resultados semelhantes à ureia convencional nas mesmas doses. Sugere-se pesquisas sucessoras variando o estádio de aplicação das fontes nitrogenadas revestidas para um melhor posicionamento da tecnologia.
Fernando Rezende Corrêa, Daivid Vieira Lima, Instituto Federal Goiano Campus Rio Verde; Daniel Arisawa Capelari, Renovar Agrícola; Orlando Homero Ribeiro Neto, Comnagro; Agnaldo Eleuterio Silva, Monsanto; Ludmilla Ribeiro da Rocha Gomes, Universidade de Rio Verde
Artigo publicado na edição 204 da Cultivar Grandes Culturas.
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