Controversa economia arrozeira
Por Henrique Dornelles, Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz)
O PIB negativo de 3,6% de 2016 confirmou a pior recessão da história do Brasil desde a série histórica de medição na década de 1940. O que mais chamou atenção nos resultados foi a queda na produção agropecuária. O resultado surpreende porque, ao longo das duas últimas décadas, o setor se destacou pelo robusto crescimento – e, mais recentemente, enquanto outros setores (serviços, indústria e setor público) registravam queda, manteve um desempenho positivo, sendo fundamental na manutenção dos empregos.
A fotografia do PIB tirada em 2016 demonstrou uma retração da agropecuária (-6,6%) superior à ocorrida na indústria (-3,8%) e nos serviços (-2,7%). O mau resultado pode ser justificado por uma série de fatores econômicos, além de condições climáticas desfavoráveis à produção.
A despeito do resultado ruim, a agropecuária é, de longe, o setor econômico que mais prospera no país. Ao longo dos últimos 20 anos, o PIB do setor cresceu 93%, enquanto o PIB nacional avançou 62% e o, da indústria e serviços de 32% e 70%, respectivamente.
Fonte: adaptação do autor da taxa acumulada do ano publicada pelo IBGE. Taxa de crescimento por índice composto ano a ano.
O ótimo desempenho da agropecuária é, basicamente, resultado de investimento em tecnologia de produção. O produtor rural é altamente capacitado, dotado de criatividade e pensamentos inovadores que garantiram atravessar as adversidades climáticas, políticas e econômicas ao longo de todos esses anos. Cada vez mais temos visto a implementação de normas e procedimentos que garantem um crescimento sustentável no campo, com melhores condições de trabalho e respeito ao meio ambiente.
Nesse percurso, que podemos classificar como heroico, o setor passou por graves crises econômicas, no Brasil e no mundo, além de sofrer com a falta de políticas consistentes, pouco investimento em infraestrutura para o escoamento e armazenamento da produção, restrições ambientais importantes e, não podemos esquecer, uma complexa cadeia de tributação, que onera em demasiado a produção.
O heroísmo também residiu no cumprimento de sua função social. A despeito de ter registrado a maior queda no PIB em 2016, a agropecuária foi o setor que menos demitiu, minimizando os efeitos da recessão no desemprego. Em 2015, quando o país estava em recessão, o setor foi o único a manter saldo positivo na relação contratações/demissões segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Podemos inferir que o mau resultado de 2016 se repetirá em 2017? Não. A expectativa é que o crescimento retome em 2017. Os primeiros meses do ano já trouxeram notícias que confirmam essa previsão. É esperada uma safra de maior rentabilidade em produção com manutenção dos preços das principais commodities agrícolas em bons níveis para o produtor. Percebe-se o interesse de novos investidores, nacionais e estrangeiros, no segmento. Com a recente promessa de ruptura das restrições para aquisição de terras por estrangeiros, o Brasil pode vivenciar uma aceleração ainda maior no desenvolvimento do agronegócio.
A jornada nos últimos 20 anos não foi fácil e esperamos novos desafios pela frente. Mas o agronegócio é um grande aliado para superarmos a recessão. Para isso, a sociedade e o governo devem ampliar a agenda de debates com os produtores rurais e indústrias alimentares criando oportunidades para garantir a sustentabilidade da economia setorial com políticas públicas eficazes e novos investimentos públicos ou privados. A recuperação da economia depende do agronegócio.
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Por Henrique Dornelles, Presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz)
Por Prof. Dr. Sylvio Henrique Bidel Dornelles – Pesquisador Chefe do Dept. de Biologia - GIPHE/UFSM, Prof. Dr. Danie Martini Sanchotene – Curso de Agronomia - URI, o Acadêmico Andrei Beck Goergen – Curso de Agronomia/UFSM e o Eng.