O trator agrícola de
rodas é conceituado por norma ISO, como uma máquina agrícola, com no mínimo
dois eixos, em que o meio de propulsão consiste de rodas, geralmente providas
de pneus. Este resumido conceito não é justo com esta máquina, que tantas funções
executa nas atividades agrícolas. O trator pode ser utilizado em culturas
agrícolas anuais de porte herbáceo, geralmente dispostas em filas, como a soja,
o milho, o trigo, o arroz, entre tantas, mas também pode ser utilizado em
cultivos semiperenes de porte arbustivo, de ciclo vegetativo e reprodutivo
superior a um ano, como é o caso das atividades de fruticultura de clima
temperado e tropical (citros, maçã, uva, etc.) e do café. Mas também se exige a
adaptação dos tratores para trabalhar em espaços condicionados por canteiros,
sob teto, como as operações de horticultura e pecuária, respectivamente.

Não servirá para estas
operações não tradicionais do nosso agronegócio uma solução básica e
convencional, exigindo-se um trator especial, com atributos, dimensões e
capacidade de adaptação peculiares àquelas condições particulares das culturas.

A solução tradicional
da indústria para enfrentar este problema foi o uso de tratores estreitos ou
estreitados. A norma define como trator estreito, diferente do trator standard,
aquele que tem a bitola reduzida, para uma medida inferior a 1.150mm nas rodas
traseiras, recebendo, no Brasil, a denominação de estreito, ou narrow, como
designados em língua inglesa. No entanto, alguns tratores standard têm a bitola
diminuída, sem alcançar este valor mínimo, sendo denominados de estreitados.
Isto se faz geralmente pela troca dos semieixos e das trombetas. Lembrando
sempre que bitola não é sinônimo de largura do trator e sim a distância entre
centro a centro dos pneus traseiros.

Mas esta vaga solução
de estreitar os tratores para uso em cultivos especiais como a fruticultura e a
horticultura, por exemplo, atualmente não é suficiente para atender à demanda
de produtores destas atividades especiais. Além desta capacidade de adaptação em
dimensão lateral se exigem outros atributos dimensionais e ponderais para a sua
adequação ao trabalho em espaço reduzido. Hoje em dia, o produtor quer mais,
pede e exige um produto adaptado, mas com outras características que somente se
dispunha nos grandes equipamentos, como conforto, ergonomia, segurança,
facilidade de manutenção e, inclusive, desempenho econômico e operacional.

Depois de vários anos
de testes de campo com máquinas agrícolas para a Revista Cultivar Máquinas, em
vários estados do Brasil e em quase todas as atividades econômicas relacionadas
ao agronegócio e à agricultura familiar, pudemos traçar um perfil das
exigências e das características que deve ter um trator para alcançar as
expectativas dos produtores brasileiros de culturas que não sejam as
tradicionais commodities.

Atualmente, vários
clientes apresentam demandas especiais diretamente aos fabricantes ou mesmo por
meio dos concessionários e revendedores das marcas que abastecem o nosso País.
Com base nestas demandas específicas surgem versões adaptadas, que nem sempre
constituem-se modelos comerciais. São máquinas projetadas para um uso
específico.

Exigências especiais para a fruticultura

Na atividade de
fruticultura, pela variedade de operações em cada tipo de cultura, os requerimentos
são diferentes em cada caso. Em geral, nesta atividade os tratores são muito
usados no transporte interno de insumos, nas etapas de implantação dos pomares
e mesmo na fase de colheita, inclusive tendo que transitar dentro de pavilhões,
em ambiente fechado. Durante o ciclo, as maiores utilizações ocorrem nas
operações de proteção dos cultivos, tanto quando se trata de acionar os
turboatomizadores, como para os equipamentos que utilizam pistola e mangueiras
e nas roçadas de limpeza. 

A maior dificuldade que
impõe esta atividade para a mecanização é a restrição de espaço, tanto no plano
vertical, pois algumas culturas, como a videira no sistema de latada, oferecem
um teto baixo, como no plano horizontal, pois algumas culturas espalham ramos
para os lados e, em sua maioria, são agrupadas em fileiras. 

Naquelas culturas
frutíferas em que há um claro enfileiramento, as dimensões que restringem a
mecanização são as das ruas internas, a distância entre linhas de plantas e o
espaçamento entre plantas nas fileiras.

R65 no cultivo de caju no interior
paulista

Para exemplificar, o
cultivo da macieira no RS tem distância entre filas de 4,10m e distância entre
plantas na fila de 1,60m, visto que as plantas se desenvolvem na direção da
fileira e entre as fileiras. Os galhos, em crescimento lateral, chegam a se
encostar a uma altura média de 2,80m, permitindo a passagem dos tratores,
inclusive com o arco de segurança colocado na posição vertical. Mesmo assim,
principalmente na florada não se admite que o equipamento se choque contra as
flores, exigindo uma largura total inferior a 1,50m.

Outras culturas, como
ameixa e pêssego, pelo seu crescimento, exigem que a altura total seja inferior
a 1,60m, porque os ramos em crescimento lateral se encostam e o ambiente livre
fica entre este limite vertical e 1,50m na largura.

Mas quando analisamos o
ambiente da videira, na condução em latada, a dificuldade se agrava e não é
qualquer trator que pode ser utilizado. Um teto formado por arames, atilhos e
vegetação se forma a uma distância vertical de 1,60m a 1,80m do nível do solo,
e dificulta muito o deslocamento e a utilização de máquinas agrícolas. Na
horizontal também há restrição de espaço, visto que na maioria das situações as
linhas de postes e plantas estão distanciadas entre 2m e 2,10m.

Concluindo, para
culturas como café, citrus e macieira, reduções de bitolas a aproximadamente
1.400mm já permitem a execução do trabalho sem maiores problemas. Para videira,
pêssego e ameixa há a necessidade de se trabalhar com larguras úteis mínimas
próximas a 1.200mm.

Exigências especiais para a horticultura

Na atividade de
horticultura o trator é exigido para o preparo do solo e a formação de
canteiros, na semeadura e transplantio de sementes e mudas, mas também para
arrastrar o rolo com o material que fará recobrimento com plástico nos
canteiros. 

Além disso, para os
tratamentos fitossanitários, os tratores são cada vez mais importantes e
necessários, tanto para elevar a qualidade da produção como para o acionamento
dos pulverizadores, quando não é possível fazer a operação de pulverização com
pulverizadores de mochila.

Finalmente, são usados
intensamente para o transporte dos insumos e dos produtos, que geralmente são
colhidos manualmente e colocados em caixas e vão para um reboque que os
transporta, geralmente a um local de armazenamento.

Em razão disso, os
fabricantes são motivados a projetar seus produtos que vão ao mercado para
condições normais e criar versões especiais para estes requerimentos
particulares. Alguns modelos são construídos especificamente para uma
utilização, podem receber a designação de fruteiros, cafeeiros, etc. e têm
certa dificuldade em se tornar tratores úteis a todo o processo, principalmente
nos casos onde se tenha apenas um trator para uma série de tarefas. Outros
sofrem adaptações no projeto que os permitem trabalhar em uma ampla gama de
operações, sem perder a capacidade de executar as tarefas que exigem
características especiais, como são as de fruticultura e horticultura.

Na nossa experiência
com os tests drives da Revista Cultivar Máquinas, principalmente com produtos
da marca LS Tractor, em especial os modelos R50, R65 e U60, vimos que por meio
de seus concessionários e clientes, foram recebidas demandas para adequar um
trator, principalmente para a cultura da videira, conduzida predominantemente
no sistema de condução latada na região Sul do Brasil. No entanto, ao
desenvolver o seu sistema de informação com os requisitos apresentados pelos
clientes, verificou que estas adaptações poderiam servir a outras culturas,
como a ameixa, o caqui, a maçã e o pêssego, e para cultivos hortícolas, além de
outros usos especiais.

Para ser um trator
especial, adaptado para atividades específicas, é necessário reunir algumas
características mínimas, como veremos a seguir.

Motor - Pela variedade
de utilização, é necessário que o motor tenha potência e torque, porém ao mesmo
tempo seja leve e econômico, podendo trabalhar com um consumo compatível com as
operações que utilizam a tomada de potência. No modelo R50, a LS utiliza um
motor da sua marca, com quatro cilindros, 50cv de potência máxima e 147Nm de
torque. Nos modelos U60 e R65 são utilizados também motores de quatro
cilindros, porém com maior volume e turbocompressor, que proporcionam 65cv de
potência e 203Nm de torque máximo.

Transmissão de potência
- No mínimo, deve ser sincronizada, com um número grande de velocidades para
ser útil em várias operações. Se for possível, deve dispor de uma transmissão
de câmbio em carga, do tipo powershift. Também é importante a presença de um
eixo dianteiro motriz, para a tração dianteira assistida (TDA). Os três modelos
da LS que testamos utilizam uma transmissão sincronizada, denominada Synchro
Shuttle.

Creeper - É
imprescindível a presença, nos tratores para hortifruticultura, de um
multirredutor de velocidade, conhecido pelo termo em inglês como creeper, que
proporcione em torno de 500m a 800m por hora, para atividades que exijam estas
baixas velocidades, como a formação de canteiros, o envaletamento, entre
outras. Nos três tratores da LS, o creeper é equipamento standard, com
possibilidade de dobrar o número de marchas e iniciando com velocidades
bastante reduzidas.

Reversor da direção de
deslocamento - Este mecanismo facilita ao operador inverter o movimento para
frente e para trás, favorecendo as manobras dentro do espaço restrito. Se for
mecânico, exigirá a parada do trator, se for hidráulico, poderá ser feito com o
trator ainda em movimento. Todos os modelos da LS que testamos possuem reversor
com acionamento eletro-hidráulico, possibilitando que o operador utilize uma
alavanca posicionada na coluna do volante em conjunto com a embreagem.

Tomada de potência
(TDP) - É muito importante que ela seja independente e que tenha pelo menos
duas rotações de funcionamento, uma pelo menos econômica, para uso com
pulverizadores. Nesses três modelos a LS trouxe uma inovação importante para o
mercado brasileiro, que é a TDP em três velocidades, sendo os padrões de 540rpm
e 1.000rpm, e uma terceira de 750rpm, que pode servir como TDP econômica nas
utilizações de baixo requerimento de potência e quando se deseja economia de
combustível.

Sistema hidráulico - É
importante que tenha uma vazão mínima de 40 litros por minuto, que possua pelo
menos duas válvulas de controle Remoto (VCR) e que a capacidade de levante nos
braços do sistema hidráulico seja superior a 1.000kgf, principalmente para
suportar o peso dos equipamentos de pulverização, montados nos três pontos do
sistema hidráulico. Nos modelos da LS, a vazão do sistema hidráulico é de 62
litros por minuto no modelo R50 e de 72 litros por minuto nos demais modelos,
com duas válvulas de controle remoto na versão standard e capacidade de levante
que vai de 1.250kgf no R50 e 1.655kgf nos demais modelos testados pela equipe.

Eixo dianteiro motriz -
Também é interessante que o eixo dianteiro tenha boa vedação contra umidade e
entrada de pós e que seja construído de modo a diminuir o raio de giro nas
manobras. Os tratores da LS também trouxeram ao mercado brasileiro esta inovação,
com um eixo dianteiro sem cruzetas e com ótima vedação.

Mas as dimensões do
trator também são características importantes e que se transformam em
exigências quando se trabalha com espaço reduzido.

Raio de giro - É
fundamental para as manobras e depende de características do projeto do trator,
como as dimensões do próprio eixo dianteiro, sua posição e geometria em relação
ao chassi e a dimensão dos pneus. Durante os testes não foi medido o raio de
giro dos tratores, mas em diversas ocasiões verificou-se ser possível entrar
entre filas contíguas, nas diferentes culturas, mesmo com equipamentos presos à
barra de tração do trator.

Altura máxima do trator
- Também é um fator determinante para a escolha de um trator recomendado para
trabalhar em ambientes restritos em espaço, como são aqueles dos cultivos
especiais que viemos tratando. Neste sentido, o arco de segurança, obrigatório
pela legislação brasileira e mundial, deve ser do tipo rebatível, para que
possa reduzir a altura total, como é necessário, por exemplo, na produção de
uva.

Distância entre eixos -
O trator deve ser compacto e, portanto, com um comprimento máximo reduzido, a
ponto de melhorar o espaço de manobras, sem perder a estabilidade longitudinal.
A distância entre eixos implica diretamente a estabilidade longitudinal, e a
redução da bitola e altura do centro de gravidade relacionam-se diretamente com
a estabilidade lateral. Um trator com maior distância entre eixos é mais
estável em termos longitudinais. A bitola reduzida e uma posição elevada do
centro de gravidade diminuem a estabilidade lateral. A distância entre eixos
reduzida pode ser compensada pela colocação de pesos frontais.

Vão livre - Esta
dimensão representa o espaço entre a parte mais baixa do trator e o nível do
terreno e deve ser o menor possível para incrementar a segurança, rebaixando a
posição do centro de gravidade, porém alto o suficiente para transitar em
terrenos onde haja depressão da superfície, pelo rastro provocado pelo trânsito
dos veículos. Também, o vão livre é importante quando se trabalha em atividades
em que o solo foi condicionado em forma de canteiros, onde a máquina trabalha
tanto na formação destas estruturas, como nas operações de condução das
culturas, com a estrutura já montada.

Largura máxima do
trator - Muitas vezes a bitola é confundida com largura máxima do trator, o que
não é a mesma coisa. Porém, essa dimensão (largura máxima) pode, em alguns
casos, ser mais útil para o agricultor, principalmente para o trabalho em
fruticultura.

Bitola - Para a alteração
da bitola do trator é necessário avaliar, em primeiro lugar, se há a
necessidade real de modificá-la. Em segundo, se a operação poderá ser feita
pelo próprio usuário, e, em terceiro lugar, estimar em que limites essa poderá
ser alterada.

Segurança e ergonomia -
O quesito conforto e segurança deve ser pensado quando se trata de estudar um
trator nessas atividades que estamos analisando. Atualmente, os clientes de
todas as marcas exigem certa qualidade ergonômica nos produtos que escolhem. O
conforto passou a ser um item vital na escolha de um trator moderno. Uma cabine
ou posto de operação aberto é foco da análise na hora da compra, pois se sabe
que nas jornadas de trabalho estendidas esse fator é de suma importância e
determinante. Nos últimos anos, vários fabricantes passaram a equipar seus
modelos com itens, como os acionamentos eletro-hidráulicos, assentos de
qualidade e com maior número de regulagens de adaptação, posicionamento de
alavancas, de modo a permitir uma amplitude de movimentos dos membros
inferiores na plataforma, condicionamento de ar, etc.

Manutenção - E se não
for exigir demasiadamente dos projetos de um trator moderno para esses cultivos
especiais, o cliente também quer que a máquina tenha uma manutenção simples e
barata e que se benfeita, provoque uma durabilidade da vida útil do trator.

No teste que fizemos
com o R50 na Serra gaúcha e cultura da videira, verificamos que a demanda dos
produtores por um trator adequado para a atividade foi atendida plenamente pela
redução substancial da altura total do trator. Para isso, foi feita uma redução
da altura dos pneus, um reprojeto da estrutura-base do assento, abaixando-o no
posto de operação, e um consequente rebaixamento da plataforma no plano em que
o operador apoia os pés. Outras modificações se sucederam, como o redesenho dos
pedais de freio e da parte superior da escada de acesso do operador. Também
teve que ser retirado o arco de proteção, que era montado na versão original. O
tanque de Diesel foi realocado para a parte de trás do assento. Com isso, a
operação do trator pode ser possível mesmo em um ambiente de drástica redução
da altura total. Como dissemos, estas modificações, que foram projetadas para
uma condição especial, acabam por ser solução a outros problemas enfrentados em
outras culturas especiais.

Os produtores de
hortaliças e frutas já utilizam técnicas modernas de produção e contam com
bancos genéticos que garantem cultivares mais produtivas e adaptadas às
diferentes condições de clima e agroquímicos mais eficientes e seguros. As
empresas de máquinas também, aos poucos, vão oferecendo produtos mais adequados
para as diferentes aplicações, fazendo com que os clientes realizem o seu
trabalho com mais produtividade, conforto e segurança.

Com produtores
mais modernos e exigentes, as empresas também passaram a oferecer tratores mais
completos e adequados às diferentes operações que o trabalho no cultivo de
hortaliças, frutas e flores exige.

Características de tratores para o cultivo de hortaliças, frutas e flores

As válvulas de controle remoto, comumente
denominadas VCR, são componentes fundamentais nas máquinas agrícolas e
industriais, pois têm como função direcionar óleo em alta pressão, através de
conexões hidráulicas, para cilindros, bombas, motores e outros atuadores,
movimentando pás mecânicas, lâminas, caçambas e outros atuadores e partes de máquinas,
além de acionar vários implementos agrícolas.

Na maioria das máquinas agrícolas e industriais, o
acionamento de uma série de componentes é feito por meio do sistema hidráulico.
E para que as máquinas executem suas tarefas através do sistema hidráulico,
possuem, então, sistema de direção hidráulica ou hidrostática, sistema
hidráulico de três pontos, sistema de acionamento da transmissão, sistema de
acionamento da Tomada de Potência (TDP), sistema de acionamento do bloqueio do
diferencial, sistema de acionamento da Tração Dianteira Auxiliar (TDA) e
sistema de controle remoto (VCR), sistema que trataremos neste artigo.

Para que os atuadores funcionem corretamente, é
fundamental que se usem sempre fluidos hidráulicos recomendados pelo fabricante
da máquina. Os principais fluidos utilizados no sistema hidráulico de uma
máquina são os óleos minerais, os óleos solúveis e os fluidos sintéticos e não
inflamáveis. Os óleos minerais representam mais de 90% dos fluidos hidráulicos
usados.

As máquinas modernas são equipadas com sistemas
hidráulicos ou eletro-hidráulicos que controlam os mais diversos atuadores.
Atendendo às exigências de cada modelo de máquina, os fabricantes desenvolveram
soluções específicas que levam em conta as inúmeras necessidades técnicas, tanto
de economia de energia quanto de custo.

As válvulas de controle remoto (VCRs) para
tratores estão disponíveis em configuração para bombas fixas e sensor de carga
e podem ser equipadas com controle de engate integrado, regulador de fluxo,
válvula efeito simples, duplo, triplo, válvula de bloqueio e expulsor.

Para que esse sistema funcione corretamente e
tenha vida útil ampliada, faz-se necessária uma série de cuidados, manutenções
e manejos, principalmente quando se tratam de válvulas de conexão, que devem
estar sempre funcionando corretamente, como é possível ver no box ao lado.

Com a modernização das máquinas agrícolas e
industriais, seus sistemas evoluíram junto, embora tenham trazido algumas
preocupações. Sendo uma delas, a contaminação do fluido hidráulico e o que
provoca negativamente essa contaminação em seus componentes.

Um dos problemas mais comuns é o desgaste
prematuro dos componentes internos que formam o sistema hidráulico, provocando
grandes prejuízos materiais, sem contar com o tempo de máquina parada para
reparos, nos momentos em que elas são mais utilizadas.

Outro problema é a cavitação, que ocorre quando o
fluxo do fluido é obstruído e obrigado a seguir numa outra direção, provocando
a produção de bolhas de vapor, o que causa mau funcionamento e desgaste do
sistema e danos ao rotor da bomba. Quando isso acontece, o fluido é desviado de
sua direção inicial, ou quando um volume de fluido se desprende da ponta das
pás, gerando um ponto localizado de baixa pressão. 

Os tipos de válvulas de controle remoto que
acoplam os tratores agrícolas variam conforme a potência disponível, a vazão e
pressão necessária, o tipo de bomba (centro aberto ou fechado) e a tecnologia
embarcada na máquina.

Na condição de bomba hidráulica de centro aberto,
é permitido ao atuador um movimento livre enquanto o fluxo da bomba é devolvido
ao tanque em baixa pressão; ao contrário do sistema de centro fechado, em que o
fluido não é devolvido ao tanque enquanto permanece sem atuar. São
classificadas, ainda, pelo tipo e medida de conexão, pelo tamanho e pela faixa
de operação. Entram em operação de acordo com a pressão oferecida e a força da
mola de retorno, podendo assumir várias posições entre os limites de totalmente
abertas e totalmente fechadas.

As bombas podem ser acionadas por meio de um
comando elétrico a um solenoide, por força muscular, mecânica, pneumática ou
hidráulica. Quando utilizadas em motores hidráulicos, por exemplo, estas devem
ter um retorno livre ao reservatório, para promover fluxo livre de fluido, evitando,
assim, superaquecimento do sistema.

O sistema de levante hidráulico de controle remoto
funciona muito bem quando as manutenções, como troca de óleo, mangueiras,
bombas, conexões, válvulas, cilindros, motores hidráulicos e demais
componentes, são feitas por uma equipe capacitada para isso e em local
apropriado, pois o mínimo de impurezas que ficar contaminará o óleo e,
consequentemente, ocorrerá o carcaceamento da bomba e dos componentes internos
dos atuadores.

Por isso, para prevenir as avarias, deve-se
conhecer o sistema hidráulico, seu funcionamento, efetuar as manutenções
corrigindo vazamentos e utilizar os óleos conforme recomendações dos
fabricantes.

A maioria dos problemas com o sistema hidráulico
ocorre pela falta de mão de obra qualificada e até mesmo por descuidos
cometidos pela equipe de manutenção.

É claro que o uso contínuo dos componentes que
trabalham sob alta pressão causa seu desgaste natural, mas as manutenções
corretamente praticadas promoverão o bom funcionamento, garantindo a vida útil
do sistema.

Box - Dicas para o bom funcionamento do sistema hidráulico

- Trocar o fluido hidráulico e o elemento filtrante conforme
recomendação do fabricante do equipamento ou quando se fizer necessário.

- Limpar e manter limpas as conexões do implemento e do trator.

- Não misturar fluidos de marcas diferentes.

- Retirar a pressão do sistema antes de desacoplar as conexões.

- Drenar o sistema hidráulico do implemento ao trocar de máquina que
usa outra marca de fluido hidráulico.

- Usar o retorno livre quando acoplar a motores hidráulicos.

- Identificar a via de pressão e de retorno para não acoplar ao
contrário.

- Proteger os engates rápidos para não acumular impurezas.

Alguns cuidados
básicos ajudam a manter o bom funcionamento do sistema hidráulico de tratores,
além de evitar desgastes prematuros e quebras indesejadas.

Cuidados para manter o bom funcionamento do sistema hidráulico de tratores

A
“janela da semeadura” é um momento muito aguardado pelos produtores
rurais. Ela é caracterizada como o período destinado à semeadura das culturas,
ou seja, tem uma data para iniciar e outra para acabar. No entanto, a previsão
da data de início, assim como de término, nem sempre ocorre como planejado, em
consequência de algumas variáveis que podem interferir no processo da
semeadura.

São vários os parâmetros
operacionais que podem interferir no desempenho das semeadoras, antes, durante
e depois de realizado o processo. Neste artigo destacaremos quais são os
principais, e também demonstraremos pequenos detalhes que podem tornar as
operações mais eficientes.

O conhecimento da
capacidade operacional de uma semeadora permite compreender a quantidade de
área que é possível semear em um determinado tempo. Esse cálculo é obtido pela
multiplicação da largura útil da semeadora (m) e da velocidade do trabalho
(km/h), sendo o resultado da multiplicação dividido por 10 para obtermos a
resposta na unidade de ha/h, ou seja, quantos hectares aquela semeadora
consegue semear em uma hora. Assim, se multiplicado esse valor pela jornada de
trabalho (h/dia), teremos a quantidade de hectares semeados em um dia. 

No entanto, uma
semeadora não consegue semear durante todo o tempo em que está no campo, devido
a outras atividades como as manobras da cabeceira, reabastecimento das sementes
e fertilizantes, manutenção corretiva, mudança do talhão,
troca/descanso/alimentação do operador, dentre outras atividades comuns durante
o processo. Essas atividades reduzem o tempo real de trabalho e, para isso,
denominamos como eficiência operacional a porcentagem de tempo real trabalhada
sobre o tempo total transcorrido, sendo que esse valor é incorporado na
equação.

Conhecendo esses
parâmetros, fica claro que a tentativa de aumento da velocidade para elevar o
número de hectares semeados por hora ou por dia tem limitações, devido à perda
da qualidade no processo, provocada por inúmeros fatores bem conhecidos, como
falhas na distribuição horizontal e vertical das sementes, grande revolvimento
do solo, retirada da camada de palha, dentre outros.

Outro parâmetro possível
de alteração é a largura do trabalho, porém o aumento desse valor implica
aquisição de outras semeadoras ou de máquinas maiores e de maior potência,
acarretando dispendiosos investimentos.

Sem dúvida, trabalhar
com o aumento da eficiência operacional é mais vantajoso em termos de maior
quantidade/qualidade de trabalho realizado e com menor custo. Atualmente,
existem várias possibilidades para aumentar a capacidade operacional da
semeadora.

AÇÕES
PARA AUMENTAR A CAPACIDADE OPERACIONAL

A manutenção preventiva
do conjunto trator-semeadora, a correta lubrificação e o uso adequado das peças
e dos equipamentos, as limpezas preventivas dos dosadores e condutores de fertilizantes
e sementes e a regulagem adequada dos discos de corte (para evitar obstrução
das entre linhas pelos restos culturais) podem aumentar o tempo em semeadura.
Isso ocorre pela redução das paradas para manutenções imprevistas e limpezas,
devido a fatores adversos, ou seja, substituição de peças danificadas em
consequência de uma manutenção preventiva falha. Esses cuidados podem elevar
consideravelmente a eficiência operacional, em virtude de a semeadora
permanecer mais tempo em operação e não em manutenção.

Organizar previamente o
início da semeadura, os trajetos do conjunto trator-semeadora, ou seja,
planejar por qual local da área iniciar a operação e os caminhos a seguir até a
conclusão do talhão, também trará melhores resultados. Esse processo, sem o uso
da tecnologia, pode ser realizado pelo conhecimento prévio da área por parte do
operador, cuidando sempre o desnível da área. O ideal é iniciar no sentido do
maior comprimento da linha para o de menor comprimento, deixando um espaço para
as manobras das cabeceiras que vão depender do tamanho do conjunto
trator-semeadora, que geralmente são duas passadas da bordadura. 

De forma mais
tecnificada, essa programação antecipada pode ser realizada com o auxílio de um
software, de acesso livre ou pago, no qual, por meio de um levantamento prévio
da declividade e dos limites da área, é possível organizar todas as linhas de
tráfego por onde o conjunto trator-semeadora irá trafegar, incluindo a
bordadura.

Essa organização prévia,
juntamente com o uso da direção assistida (piloto automático), permite menor
desperdício de tempo e insumos com sobreposição ou falhas na semeadura, redução
no tempo das manobras e maior atenção do operador para outras atividades
simultâneas à operação, não necessitando de sua atenção total à condução do
trator para manter o espaçamento entre as passadas. Essa programação prévia do
deslocamento aumenta consideravelmente a capacidade operacional.

O conjunto mecanizado
trator-semeadora bem dimensionado pode, também, garantir melhor eficiência
operacional, por meio de redução do patinamento das rodas motrizes, facilidade
e diminuição do tempo das manobras, além de menores custos com o desgaste dos
componentes, depreciação e consumo de combustível, por exemplo. 

Com a manutenção em dia,
velocidade adequada, programação antecipada do trajeto no campo, correto
dimensionamento do conjunto mecanizado, quais seriam os outros gargalos de
tempo que ainda poderiam ser melhorados para elevar a eficiência operacional e,
por consequência, a capacidade operacional e o desempenho das semeadoras?

O tempo despendido para
o reabastecimento da semeadora, seja de sementes, fertilizantes ou ambos, é
grande durante a operação da semeadura. Observa-se uma tendência do mercado em
projetar reservatórios maiores para aumentar a autonomia, no entanto, durante a
jornada de trabalho, essas paradas para reabastecimento acontecem e demandam
tempo, mesmo existindo equipamentos para auxiliar no processo.

Muito utilizado na
operação da colheita com a descarga dos grãos da colhedora no reboque e que
pode ser implementado na operação da semeadura, uma boa alternativa é o
acompanhamento da semeadora pelo reboque de reabastecimento para que essa
operação seja realizada em movimento. Essa operação pode envolver maior número
de máquinas e pessoas, por outro lado, reduz significativamente o tempo em que
a semeadora permanece parada, sem semear, durante uma jornada, devido à
necessidade de reposição dos insumos.

Atentando para esses
parâmetros operacionais e adaptando as tecnologias conforme a demanda e a
necessidade, o desempenho da semeadora pode ser melhorado sem comprometer a
qualidade da semeadura ou exigir aumento do número de linhas da semeadura para
atender a área, e com isso possibilitar maior chance de semear de acordo com a programação.

Capacidade Operacional (ha/h) = (Largura (m) *
Velocidade (km/h) * Eficiência operacional (decimal))/10

Vários parâmetros operacionais podem interferir no desempenho das semeadoras antes, durante e depois do processo de semeadura, que devem ser conhecidos e trabalhados para aumentar a eficiência da operação.

A “janela da semeadura” é um momento muito aguardado pelos produtores rurais. Ela é caracterizada como o período destinado à semeadura das culturas, ou seja, tem uma data para iniciar e outra para acabar. No entanto, a previsão da data de início, assim como de término, nem sempre ocorre como planejado, em consequência de algumas variáveis que podem interferir no processo da semeadura.

Desempenho de semeadoras antes, durante e depois do processo de semeadura

Combinar tratores e implementos em um
dimensionamento adequado é uma importante decisão de gestão que muitos
agricultores enfrentam e que pode minimizar os requisitos de tempo e mão de
obra, mantendo as operações de campo eficientes. Há uma tendência em superdimensionar
a demanda de potência para as tarefas que os tratores tipicamente executam. Ao
adquiri-los, uma abordagem ultrapassada seria optar por modelos que oferecessem
maior potência por real investido, o que significa uma falsa economia. 

Dependendo da propriedade, modelos menores podem
realizar as principais tarefas, evitando aqueles que consomem consideráveis
quantidades de combustível. Por outro lado, considerando a perspectiva de
aumento da produção, tratores maiores (ou adequados) poderiam liberar a mão de
obra para outras atividades, sobretudo quando ela é escassa ou não qualificada.
Pode também melhorar as expectativas dos empregados, o que contribui para sua
retenção e engajamento na propriedade. 

Essas grandes máquinas estão associadas a maiores
custos de aquisição e de operação, que podem ser diluídos devido à maior escala
de produção que essas máquinas proporcionam (economia de escala). Quando em
frota reduzida, eles resultam em menor número de operadores, o que, por outro
lado, reduz a folga em períodos críticos do sistema. Nesse caso, o tempo
dispendido em reparos e manutenção nesses períodos é proporcionalmente maior.

Por isso é necessário que o produtor analise o
negócio quanto aos aspectos produtivos e financeiros, dentro da política de aquisição
da propriedade. A atual situação inflacionária, por exemplo, na qual os preços
dos insumos são mais expressivos quando comparados aos benefícios que o
produtor teria com a maior cotação de seus produtos no mercado, exige maior
controle de custos. Nos diferentes cenários, o produtor deve estabelecer os
custos por área dentro dos limites economicamente aceitáveis.

Diante disso, é imprescindível uma orientação
adicional com especialistas ou representantes da indústria para que se possam
fazer melhorias nessa política de aquisição de máquinas para situações e
necessidades específicas da propriedade. Afinal, pequenos aumentos na potência
do trator podem fazer a diferença entre trabalhar e não trabalhar, não
acha?&nbsp; 

São nessas decisões que as dimensões do trator, o
tipo de solo, a velocidade de operação e as características do equipamento não
podem ser deixados de lado. Assim, a potência que viabilizará a produção e sua
relação com o tempo está ligada às particularidades da propriedade, tanto em
termos do empreendimento quanto das condições de operação.

Uma maneira de estimar a potência requerida de
máquinas e implementos agrícolas é utilizar o quadro de relação de potência
para tratores agrícolas, conforme o fluxograma da Sociedade Americana de
Engenheiros Agrícolas e Biológicos (Asabe). Segundo a norma, é possível
conhecer a potência disponível na tomada de potência (TDP) e na barra de tração
(BT) a partir da potência nominal do motor do trator, considerando somente a
tração de pneu e as condições de superfície.

Esse quadro leva em consideração as perdas de
potência desenvolvida pelo motor relativa a seus órgãos internos, como no
atrito envolvendo os elementos de acoplamento entre eixos, além de mancais e
rolamento. De particular interesse, a utilização usual da potência bruta pela
barra de tração, apesar da sua versatilidade, é a menos eficiente devido à
patinagem e à resistência ao rolamento. 

O resultado dessa conta é uma menor potência
disponível na barra de tração, no sistema hidráulico e na TDP. Por exemplo, em
tratores 4 x 2 com tração dianteira auxiliar, essa potência pode corresponder a
59% (0,65 x 0,90) e a 78% (0,87 x 0,90) da potência líquida do motor quando a
máquina se deslocar sobre solo solto e sobre concreto, respectivamente, segundo
o método da Asabe.

Assim, conhecendo a potência disponível na barra
de tração do trator, o produtor deve estimar a potência requerida pelo
equipamento a ser tracionado, considerando-o como o produto do esforço de
tração pela velocidade do conjunto mecanizado. A norma técnica da Asabe
estabelece uma equação que, substituindo os respectivos parâmetros da máquina,
oferece uma estimativa da demanda de tração em condições gerais de solo e
configurações básicas de operação.

No entanto, um estudo conduzido por pesquisadores
Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) analisou dados de inúmeros ensaios conduzidos em campo
com diferentes conjuntos mecanizados em diversas condições experimentais,
oriundas de artigos, periódicos indexados, dissertações, teses e relatórios
técnicos de órgãos de pesquisa nacionais publicados. 

Eles utilizaram uma metodologia conhecida como
meta-análise, na qual agregaram os resultados desses estudos para se obter
cálculos mais realistas sobre a demanda energética e compatíveis com as
caraterísticas de solo no Brasil. 

Como se sabe, a norma da Asabe é um estudo
americano que não considera nossa realidade e muita das vezes é composto por
apenas uma ou duas variáveis, no caso das semeadoras-adubadoras: um parâmetro
de solo e o número de linhas. 

Por outro lado, os pesquisadores levaram em
consideração atributos do solo como frações granulométricas, densidade do solo,
massa de resíduos culturais de superfície, além de regulagens como velocidade e
profundidade de atuação dos mecanismos sulcadores. Com isso, foi possível
encontrar modelos mais precisos para estimar a demanda de potência na barra de
tração.

Para se ter uma ideia, o erro padrão dessa nova
proposta foi de 2,93, ao passo que, para a norma técnica da Asabe, segundo o
estudo, esse erro foi de 63,51. Essa menor variabilidade pode levar a um melhor
dimensionamento de máquinas e implementos de uma propriedade rural. Para
calcular a demanda de potência na barra de tração de um conjunto trator e semeadora-adubadora,
é só seguir os seguintes passos do box ao lado.

O estudo concluiu que o número de linhas e a
densidade do solo são as variáveis que mais afetam a demanda de potência por
semeadoras-adubadoras, seguidas da quantidade de resíduos culturais de
superfície, profundidade de adubação e velocidade do conjunto mecanizado. 

Box - Como calcular a demanda de potência na barra de tração do conjunto trator
e semeadora-adubadora

1 - Calcular a força requerida em cada linha de uma
semeadora-adubadora

R = massa de resíduos culturais de superfície por área (t.ha-1);

P = profundidade de atuação do mecanismo sulcador (cm); 

V = velocidade do conjunto mecanizado (km/h-1).

2&nbsp;- Calcular a força total requerida

3 - Calcular a demanda de potência na barra de tração

O dimensionamento adequado do conjunto trator e implemento é um desafio para grande parte dos produtores que enfrentam dificuldade para encontrar a relação perfeita do conjunto.

Combinar tratores e implementos em um dimensionamento adequado é uma importante decisão de gestão que muitos agricultores enfrentam e que pode minimizar os requisitos de tempo e mão de obra, mantendo as operações de campo eficientes. Há uma tendência em superdimensionar a demanda de potência para as tarefas que os tratores tipicamente executam. Ao adquiri-los, uma abordagem ultrapassada seria optar por modelos que oferecessem maior potência por real investido, o que significa uma falsa economia. 

Como dimensionar adequadamente o conjunto trator e implemento

A ocorrência de geadas
sempre aterroriza os agricultores pela possibilidade de, em apenas uma noite
com baixas temperaturas, determinar a perda total de sua cultura ou constatar
suas árvores frutíferas seriamente mutiladas e improdutivas, requerendo muitos meses
para uma adequada recuperação. Muitas vezes, as temperaturas congelantes
ocorrem após o período de dormência, quando as novas brotações e as
inflorescências já estão desenvolvidas, com enormes prejuízos ao produtor. Com
certeza, os efeitos prejudiciais decorrentes desse fenômeno climático têm
estimulado o desenvolvimento de várias culturas agrícolas em ambientes
protegidos. Culturas rasteiras, como muitas hortaliças, podem ser cultivadas em
linhas abrigadas por filmes plásticos. Infelizmente, porém, existem poucas e
onerosas soluções efetivas para esse controle em ambientes abertos,
destacando-se três técnicas.

Uma dessas técnicas é o
aquecimento do ar no ambiente cultivado por meio da queima de combustíveis
fósseis (em geral óleo diesel) disponibilizados em frascos metálicos
criteriosamente distribuídos na área cultivada. A outra solução é a operação de
grandes ventiladores na interface de camadas de ar com significativa inversão
térmica no perfil atmosférico, promovendo a mistura do ar mais aquecido acima
da vegetação com o ar congelante próximo à superfície. A terceira opção é a
irrigação por aspersão convencional, aplicada simultaneamente em toda a área
cultivada durante o período com temperaturas congelantes. O sistema fixo por
aspersão tem sido considerado o mais efetivo e econômico no controle de geadas
em cultivos extensivos desenvolvidos em ambientes abertos, desde que o
dimensionamento tenha previsto essa condição operacional crítica.

O processo de
transformação da água da fase líquida para a sólida ocorre quando a temperatura
do ar atinge valores negativos a partir do zero grau centígrado. Ao ocorrer o
congelamento da água, há a liberação do calor latente de solidificação, com a
mesma grandeza do fornecimento de calor latente no processo de fusão do gelo,
ou seja, 80cal/g. Ocorrendo na superfície de folhas e ramos das plantas, essa
liberação de energia é transmitida à superfície dos tecidos vegetais que, mesmo
após estarem cobertos por camadas de gelo, ficam poupados de um congelamento de
suas células, evitando sua ruptura e o consequente colapso. A formação de gelo
nos espaços intercelulares, e não no interior das células, é a causa da
desidratação e do colapso das células que compõem os tecidos vegetais. Enquanto
houver continuidade do processo de aplicação de água durante o período de
temperaturas congelantes, a existência de uma interface líquida-sólida na
superfície de folhas e ramos assegura sua preservação.

A dificuldade em
utilizar a aspersão convencional nesse controle reside no fato dos sistemas de
irrigação serem dimensionados para irrigar, simultaneamente, apenas um setor da
área irrigada. Entretanto, nessa aplicação, toda a área cultivada que será
protegida deve abrigar aspersores pequenos, preferencialmente com bocal único
em torno de 3mm de diâmetro, espaçados cerca de 12m, operando à pressão próxima
a 200kPa (20,4m de carga manométrica). Além disso, para viabilizar essa
aplicação, os aspersores devem estar dimensionados para uma precipitação média
em torno de 3mm/h e apresentar uma uniformidade de distribuição de água
satisfatória na área irrigada. Essas condições permitem assegurar uma proteção
efetiva com uma vazão de bombeamento satisfatória. Em consequência, o agricultor
deve estar preparado para acionar uma unidade de bombeamento auxiliar, capaz de
promover a aplicação de água em toda a área cultivada, durante o período de
temperaturas congelantes, conforme será demonstrado com um exemplo ilustrativo
no box.

Esse cálculo revela que
a unidade de bombeamento para irrigação pouco irá contribuir para o controle de
geadas. Evidentemente, o conjunto motor e bomba hidráulica para o controle de
geadas requer uma capacidade operacional muito superior à utilizada para a irrigação,
uma vez que ativará a operação de todos os aspersores instalados na área
cultivada a ser protegida. O recurso hídrico disponível deve ser previamente
avaliado para viabilizar esta aplicação. Provavelmente, o diâmetro da adutora e
das tubulações que conduzem a água para vários setores da área irrigada deverá
ser redimensionado, em função desta eventual condição operacional crítica.

Deve-se destacar que
intensidades médias de precipitação inferiores a cerca de 3mm/h podem não ser
suficientes para assegurar a proteção total da área cultivada, em função de
eventuais desuniformidades que podem ocorrer durante o período de aplicação.
Por outro lado, valores superiores a 3mm/h aumentam significativamente a vazão
e, em consequência, os custos fixos e variáveis da aplicação.

Em experiências
bem-sucedidas com essa operação, pode-se constatar que, para não haver um
comprometimento das instalações elétricas dimensionadas apenas para a
irrigação, foram utilizadas unidades auxiliares para bombeamento acionadas a
óleo diesel. Entretanto, recomenda-se considerar a dificuldade no acionamento
desses motores em baixas temperaturas. Assim, torna-se oportuna a verificação
da possibilidade de acionamento antes de uma ocorrência com temperaturas congelantes.
A operação deve ser iniciada quando a temperatura do ar na área cultivada
aproxima-se do zero grau centígrado e prosseguir até que a temperatura
ultrapasse o ponto de congelamento da água.

Considerando a
dependência que a efetividade da aplicação apresenta à uniformidade de
distribuição de água dos aspersores, recomenda-se avaliar preliminarmente esta
condição em ensaios no campo, bem como evitar a operação em condições de ventos
que possam prejudicar a uniformidade.

É importante observar
que, apesar da aparência da vegetação coberta por água congelada, os tecidos
vegetais estarão preservados. Em condições mais severas, pode ocorrer a quebra
de ramos tenros causada pelo peso da camada de gelo. Como em outros
investimentos aplicados na agricultura, deve-se contabilizar os custos fixos e
operacionais dessa proteção, em função do risco da ocorrência de geadas na
região. Também, o sucesso desse recurso em geadas provocadas por ventos
congelantes (geadas negras) pode não ocorrer devido à interferência na
uniformidade de distribuição de água dos aspersores. Considerar, ainda, que a
literatura especializada recomenda essa alternativa de proteção desde que a
temperatura do ar atmosférico não seja reduzida abaixo de 4°C negativos.
Algumas referências, entretanto, relatam controle até 7°C negativos. Culturas
mais tolerantes a baixas temperaturas e com bom desenvolvimento respondem mais
favoravelmente a este controle.

Supondo uma área irrigada de dez hectares e demanda hídrica da cultura
de 4mm/dia, operando 20h/dia, a vazão do sistema de irrigação será calculada
por:

Q = 10 × 10ha ×
4mm/dia/20h/dia = 20m³/h

Para irrigar
simultaneamente a área total de 10ha, com
uma intensidade média de precipitação de 3mm/h, a vazão requerida será:

O controle de geadas por meio da irrigação dos pomares por aspersão convencional e congelamento das plantas é um método um tanto inusitado, mas que ajuda a salvar pomares inteiros da queima provocada pelo frio.

A ocorrência de geadas sempre aterroriza os agricultores pela possibilidade de, em apenas uma noite com baixas temperaturas, determinar a perda total de sua cultura ou constatar suas árvores frutíferas seriamente mutiladas e improdutivas, requerendo muitos meses para uma adequada recuperação. Muitas vezes, as temperaturas congelantes ocorrem após o período de dormência, quando as novas brotações e as inflorescências já estão desenvolvidas, com enormes prejuízos ao produtor. Com certeza, os efeitos prejudiciais decorrentes desse fenômeno climático têm estimulado o desenvolvimento de várias culturas agrícolas em ambientes protegidos. Culturas rasteiras, como muitas hortaliças, podem ser cultivadas em linhas abrigadas por filmes plásticos. Infelizmente, porém, existem poucas e onerosas soluções efetivas para esse controle em ambientes abertos, destacando-se três técnicas.

Saiba como controlar as geadas utilizando irrigação por aspersão 

Com possibilidade de espaçamentos de 45, 50 e 76 centímetros, a Maestro Duo, da HORSCH, é uma semeadora-adubadora de precisão, com grande autonomia e que facilita o deslocamento entre talhões com 3,10 metros de largura no modo transporte.

Depois da excelente oportunidade de testar no campo a semeadora HORSCH, modelo Maestro Evolution 36.50 para a edição de maio de 2021 da Revista Cultivar Máquinas, em Barreiras (BA), agora foi a vez de conhecer e testar o modelo Maestro Duo 36.50, em Terenos, no Mato Grosso do Sul. Ao contrário do modelo Maestro Evolution, que deposita apenas sementes, o modelo Duo, como indica seu nome, é uma máquina que realiza simultaneamente a deposição de sementes e de fertilizantes. 

A Maestro Duo é uma semeadora-adubadora produzida no Brasil desde 2020, quando foi lançada e apresentada ao público em versões de 24, 30 e 36 linhas. A versão de 24 linhas pode ser adquirida pelos clientes da HORSCH com espaçamentos entre linhas de 45cm, 50cm ou 76cm. A oferta no espaçamento de 76cm é recente, atendendo às necessidades dos produtores de algodão e milho. Já as versões 30 e 36 linhas somente são oferecidas aos produtores nos espaçamentos de 45cm e 50cm, comumente adotados nas culturas de soja e milho. Desta forma, no momento da aquisição o cliente deve informar o espaçamento desejado, não sendo mais possível realizar alterações na máquina.

Continue a leitura <a href="https://revistacultivar.com.br/artigos/testamos-a-semeadora-adubadora-maestro-duo-36.50-da-horsch" target="_blank">aqui</a>.

Confira o Test Drive com a semeadora Maestro Duo 36.50 da HORSCH

A partir de setembro, chegarão às lavouras
brasileiras as primeiras unidades da inédita plataforma robótica voltada para
produção de alimentos em larga escala no agronegócio: Solix Ag Robotics.
Lançado comercialmente pela Solinftec no fim de abril, durante a Agrishow 2022,
o robô está disponível inicialmente para culturas de grãos e algodão no Brasil,
Estados Unidos e Canadá. A novidade promove o uso racional de agroquímicos,
assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono.

Movido a energia solar, o Solix integra o
portfólio de soluções da Agtech Global, com sede em Araçatuba (SP), que
pretende contribuir para elevar a produção de alimentos, mas reduzindo o
impacto ambiental e social dessa atividade. Algo que vem sendo cobrado em
encontros com líderes mundiais e representantes do setor econômico, a exemplo
da 51ª edição presencial do Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça,
realizado em maio.

O Solix Ag Robotics trabalha em conjunto com a
plataforma de inteligência artificial para o campo da Solinftec, a Alice AI,
que conta com uma biblioteca agro atualizada por mais de dez bilhões de
informações do campo por dia. A partir desse volume de dados, a Alice, pelo
processo de machinelearning, deduz qual o melhor caminho, a melhor prática, o que
está dando certo, e mostra ao produtor rural quando e como agir, do pré-plantio
à pós-colheita, auxiliando na tomada de decisões em logística, gestão,
rastreabilidade, agronomia e robótica.

Atualmente, a companhia gera, em tempo real, mais
de 11 milhões de hectares, o que representa algo acima de 3,7 trilhões de data
points (unidades de informação) coletados todos os anos pela Alice AI. São 250
mil usuários interagindo o tempo todo com a plataforma, que se integra a todos
os processos da lavoura.

A Alice AI sabe dizer, por exemplo, qual o melhor
momento para realizar cada operação, direcionando insumos, equipamentos,
maquinários e mão de obra com total autonomia. E todo esse sistema de
inteligência artificial tem disponível antenas próprias para operar, o
Solinfnet.

É também baseado em inteligência artificial que
nasce o Solix, uma “extensão” da Alice AI, sendo uma espécie de “olhos” da
plataforma dentro das lavouras. O robô, desenvolvido em pouco mais de três
anos, é inteiramente autônomo, ou seja, ele consegue andar por toda a fazenda,
sem precisar de controle humano.

Para isso, a plataforma utiliza dois métodos de
condução: um GPS de altíssima precisão (RTK), que o permite seguir linhas
previamente programadas, e o outro de câmeras e visão computacional, que
identifica onde está a cultura e direciona o Solix para andar sem pisotear as
linhas de plantio. Essa condução é direcionada pela Alice AI, que identifica o
trajeto mais eficiente e o momento ideal, fazendo com que o Solix vá apenas
onde é necessário. Um robô é recomendado para cada 200 hectares e tem
capacidade de monitorar 14 milhões de plantas por semana.

A plataforma robótica possui 2,5 metros por dois
metros e permite o monitoramento planta a planta, o que favorece a descoberta
de pragas ainda em seu estágio inicial e, consequentemente, o controle mais
rápido e com menor utilização de defensivos.

O robô captura imagens do cultivo agrícola por
meio de câmeras e sensores multiespectrais. A partir daí, tem condições de
identificar pragas, doenças, qualidade do cultivo, analisar a nutrição e a
saúde da planta e entregar essas informações para a Alice AI, que faz uma
análise e dá uma recomendação de manejo para o produtor. E, em um ciclo
contínuo, após o manejo, o robô escaneia novamente a área e informa se a
operação foi bem-sucedida e se trouxe os resultados esperados.

A previsão é que, por meio do novo ecossistema, a
redução do uso de insumos químicos nas lavouras possa chegar a 30%, no caso de
defensivos e fertilizantes, e a até 70%, quanto aos inseticidas, caso a praga
seja identificada no estágio inicial. Além disso, o Solix favorece uma
aplicação mais precisa, sem eliminar inimigos naturais de algumas pragas, o que
contribui para o equilíbrio do ambiente.

A plataforma ainda evita a compactação do solo.
Isso porque ela traça mapas de ação com base nas condições de cada planta, o
que viabiliza o uso de máquinas menores para pulverizar apenas as áreas
necessárias. Além disso, entre outros dispositivos, o robô será dotado de um
sensor de compactação do solo para fazer as recomendações necessárias e evitar
o agravamento do problema.

Movido a energia solar, o Solix carrega durante o
dia e trabalha à noite. Possui baterias que são suficientes para ele rodar até
três dias sem recarregar, na ausência de incidência de luz solar. E a promessa
é de constante evolução também nesse quesito. Um time da empresa na China
estuda fontes de energia para que a tecnologia oferecida seja cada dia mais
eficiente. 

O Solix é produzido em empresas de eletrônicos
locais licenciadas pela Solinftec. O centro de inteligência artificial da
plataforma robótica fica na sede da Agtech, em Araçatuba. 

A expectativa é que o robô receba novas funções
constantemente. No centro de tecnologia da Solinftec, em Shenzen, na China,
entre projetos já em desenvolvimento há um em conjunto com pesquisadores da
Universidade de Pequim que deverá agregar novas habilidades ao Solix.

O lançamento comercial do produto primeiramente
para lavouras de grãos se deve à demanda mundial por alimentos. A expectativa é
que entre um milhão e 1,5 milhão de hectares de grãos poderão ser monitorados
com o robô da Solinftec em um ano. 

Até o fim de 2022, a previsão é que ocorra a
pré-venda do Solix também para cana-de-açúcar. A Solinftec ainda espera lançar
versões do robô para atender outras culturas, a exemplo de laranja e café,
adaptando a plataforma de acordo com as especificidades de cada variedade e/ou
aos diferentes relevos.

O Solix custa o equivalente a um carro popular e
a sua mensalidade estará diretamente correlacionada à viabilidade econômica
proporcionada. O modelo de negócio será composto por um investimento one time
para aquisição do Solix, mais software como serviço (SaaS), mensurado em
R$/ha/ano.

As outras soluções atuais da Solinftec têm esse
mesmo formato, com intuito de facilitar a aquisição de tecnologia por todos os
produtores. Isso porque o produtor pode escolher e customizar o pacote de
serviço contratado de acordo com sua necessidade e iniciar pelos principais
gargalos. Essa flexibilidade permite um payback do investimento de forma
instantânea.

Além disso, a plataforma robótica contará com
financiamento do Banco do Brasil. A formalização da parceria, que inclui os
produtos da Solinftec nas linhas de crédito rural do BB, foi anunciada durante
a Agrishow 2022. 

Lançado comercialmente no fim de abril, o Solix Ag Robotic, primeiro robô brasileiro para monitoramento integral da lavoura, propõe aumento da produção com menor impacto ambiental.

A partir de setembro, chegarão às lavouras brasileiras as primeiras unidades da inédita plataforma robótica voltada para produção de alimentos em larga escala no agronegócio: Solix Ag Robotics. Lançado comercialmente pela Solinftec no fim de abril, durante a Agrishow 2022, o robô está disponível inicialmente para culturas de grãos e algodão no Brasil, Estados Unidos e Canadá. A novidade promove o uso racional de agroquímicos, assegura a saúde do solo e viabiliza a agricultura de baixo carbono.

Solix Ag Robotic, o primeiro robô brasiliero para monitoramento integral da lavoura

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Test Drive Maestro Duo 36.50 da Horsch

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Test Drive Maestro Kompass da Horsch

Test Drive Pulverizador Leeb 5.280 VL da Horsch

Test Drive Maestro Duo 36.50 da Horsch

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