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Terminou nessa terça-feira (22), no centro de eventos Dante de Oliveira em Sinop (MT), o workshop “Mortalidade de pastagem no estado de Mato Grosso” promovido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e pela Universidade Federal de Mato Grosso. O evento reuniu 270 pessoas entre pesquisadores, estudantes, técnicos da assistência técnica e extensão rural e produtores.
Durante dois dias, pesquisadores da Embrapa, UFMT e Unemat apresentaram o cenário da pecuária de corte no estado e questões relativas à mortalidade de pastagens, problema que afetou 8,6% dos pastos de Mato Grosso somente em 2011, segundo dados do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).
“A mortalidade de pastagem é um grande problema não só para Mato Grosso, mas para todos os locais onde tem ocorrido. Chegou o momento de discutirmos efetivamente e tecnicamente o que fazer para resolver este problema”, disse o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
Segundo Vacari, o custo para recuperação das pastagens degradadas em Mato Grosso ultrapassa os R$ 3 bilhões.
Durante o workshop, o público presente pôde conhecer, entender e discutir as principais causas da morte das pastagens, como o ataque de pragas, o manejo inadequado e o encharcamento do solo, causador da síndrome da morte do capim Marandu.
As alternativas técnicas para solucionar o problema da mortalidade das pastagens foram apresentadas por pesquisadores da Embrapa Acre e Embrapa Gado de Corte. No caso do Acre, boa parte das áreas de pastagem teve de ser recuperada na década de 1990 devido aos mesmos problemas que acometem Mato Grosso.
Segundo o pesquisador Judson Valentim, de acordo com as experiências acreanas, uma das possíveis alternativas para os produtores seria a diversificação das cultivares de forrageiras utilizadas em seus pastos, diferentemente da monocultura do capim Marandu, como ocorre em muitas propriedades mato-grossenses.
“No Acre dizemos que o produtor nunca pode ter mais de 40% da área total da fazenda com o mesmo capim. De preferência ter dois, três, quatro tipos de capim diferentes, porque no caso de uma praga, uma doença, ou de uma seca muito grande, estes diferentes tipos de capim vão ser afetados de forma diversa. Então o produtor terá um escape para não ter uma crise, uma perda total de seus pastos”, afirmou o pesquisador da Embrapa Acre.
Durante o workshop também foi apresentada a integração de sistemas, seja lavoura-pecuária ou lavoura-pecuária-floresta, como alternativa para a recuperação das pastagens degradadas.
“É interessante porque você reduz o seu custo de recuperação de pastagem e passa a ter mais uma produção. Assim você tem um equilíbrio. O que a gente tem observado é que a renda da pecuária e a renda da agricultura são complementares. O custo por unidade produzida tanto de grãos como de carne é menor do que com as atividades feitas de maneira isolada”, explica o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Ademir Zimmer que ressalta a necessidade de procura, por parte do produtor, de assistência técnica para definir a melhor alternativa para a recuperação de sua área.
“O produtor precisa buscar orientação técnica e ver outros produtores que já fazem. Não é uma coisa tão simples assim. É um processo relativamente complexo, pois existem variáveis que devem ser consideradas”, alerta.
Produtor de leite em Terra Nova do Norte (MT), Sérgio Bartasão, tem encontrado pontos de ocorrência da morte de braquiária em sua propriedade. Preocupado, procurou a Embrapa e terá, em sua propriedade, a instalação de uma unidade de referência tecnológica para monitoramento do problema e experimento de possíveis soluções. Ainda sem entender bem o problema, ficou entusiasmado com o conteúdo visto durante o workshop.
“O evento tem ajudado entender melhor o problema, saber por que o pasto está morrendo e ver as variedades de pastagens que se adaptam às áreas de morte súbita”, disse o produtor que lamentou o fato de poucos colegas pecuaristas terem participado do workshop.
“A participação dos produtores é essencial. Devemos nos precaver deste mau antes que ele se alastre”, afirma.
Ao fim do workshop, trabalhos como o que será desenvolvido na propriedade de Sérgio Bartasão foram apresentados por pesquisadores da Unemat e Embrapa Agrossilvipastoril. De acordo com Bruno Pedreira, um dos coordenadores do evento, este foi um momento de discussão para melhor planejar as pesquisas.
“A intensão era ouvir o que já existe sobre esta questão e ouvir quais são as demandas do estado, apesar da pequena presença de produtores. A ideia é juntar tudo isto e daqui para frente passar a ter ações no estado. Projetos de pesquisa, unidades de referência tecnológicas, trabalhos em parceria com os produtores que aqui estiveram e com isso a gente espera que aos poucos possamos conquistar o pecuarista mato-grossense”, disse o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril.
129 milhões de ha é a área de pastagem no Brasil (FAO)
22 milhões de ha é a área de pastagem em Mato Grosso (IBGE)
2,23 milhões de ha morreram no último ano em Mato Grosso, o que representa 8,6% da área de pastagem (Imea/Acrimat)
R$ 3 bilhões é o custo estimado para recuperar as pastagens degradadas no estado (Imea/Acrimat)
26 milhões de cabeças é o rebanho bovino de MT (Seplan-MT)
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