Vale do Caí (RS) deverá colher mais de 180 mil toneladas de citros

22.05.2014 | 20:59 (UTC -3)

O Vale do Caí deverá ter uma safra de citros semelhante a do ano passado, quando foram colhidas mais de 180 mil toneladas de laranjas, bergamotas e limões. Esta foi a resposta do presidente da Emater/RS e superintendente geral da Ascar, Lino De David, à principal pergunta feita pela imprensa, durante a XV Abertura da Safra de Citros, realizada na tarde de quarta-feira (21/05), na propriedade da família do produtor Clóvis Roberto Ulrich, da localidade de Lajeadinho, em Montenegro.

Para De David, o clima favorável, com chuvas abundantes e regulares, aliada às boas condições do outono, com temperaturas diurnas amenas e noturnas mais frias, tem sido fundamental para o bom desenvolvimento dos frutos. “E uma nova safra positiva, como foi a de 2013, é fundamental não apenas do ponto de vista social, mas também do financeiro, já que permite ao agricultor familiar pensar em novos investimentos, com vistas a qualificar ainda mais a sua produção”, enfatizou.

De David também valorizou o trabalho realizado pelos citricultores do Vale do Caí, já que a região comporta toda a cadeia produtiva, indo desde a produção de mudas e insumos, passando pelo manejo, até chegar à industrialização, ao beneficiamento de frutas frescas e à comercialização. “É uma cadeia muito bem estruturada, composta por vários elos, com instrumentalização tecnológica, trabalho no sistema cooperativo e apoio da assistência técnica, o que garante uma produção de qualidade”, analisou.

Sobre a comercialização, o diretor do Departamento de Agroindústria Familiar, Comercialização e Abastecimento (Daca), da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR/RS), Ricardo Fritsch, valorizou o espírito empreendedor das famílias citricultoras da região, ao lembrar o trabalho de extração do óleo essencial da bergamotinha durante o processo de raleio. “Um produto que antes era desperdiçado, hoje é valioso, representando uma importante fatia da renda da família”, ressaltou.

O deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, Gilmar Sossella, lembrou a importância da citricultura como alternativa para a continuidade do trabalho dos jovens no campo. “Hoje é importante que o jovem estude e se qualifique, mas não para sair da propriedade e, sim, para aplicar os seus conhecimentos nesse trabalho, que é importante fonte de renda para tantas famílias gaúchas”, afirmou. Já o secretário adjunto de Agricultura no Estado, Áurio Mesquita, mostrou preocupação com a cadeia produtiva, colocando a pasta à disposição para o desenvolvimento de políticas públicas para o setor.

O evento contou ainda com a presença de outras autoridades, como o prefeito de Montenegro Paulo Azeredo, o delegado regional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Pedro Dutra – na ocasião representando o superintendente federal, Francisco Natal Signor – e o representante da Câmara Setorial de Citricultura no Vale do Caí, Sandro da Mota, além de integrantes de cooperativas, associações, instituições bancárias e agricultores familiares.

Trinta anos de história

Como forma de dar as boas-vindas aos presentes, o agricultor Janquiel Ulrich, de 22 anos, falou do orgulho de receber tanta gente na propriedade da família. Durante o evento, apresentou um pouco da história da família, que há mais de trinta anos trabalha com a citricultura. Apesar das dificuldades enfrentadas, considera o trabalho com laranjas e bergamotas uma excelente opção de trabalho, com grandes chances de crescimento. “No Brasil, são 10 milhões de agricultores produzindo alimentos para 200 milhões de pessoas. Só aí a gente vê a importância da agricultura”, observou.

Na propriedade, o jovem agricultor mora com outros dois irmãos e os seus pais. Com cerca de nove mil árvores, distribuídas em 18 hectares, os Ulrich produziram, na última safra, cerca de 150 toneladas de frutas. Integrantes da Associação Montenegrina de Fruticultores, a família hoje tem 100% de sua produção comercializada para outros estados, como São Paulo e Santa Catarina. “É um mercado ainda mais garantido, com a expectativa de uma boa safra”, enfatizou.

Sem deixar de lado as obrigações, Janquiel encontra tempo para estudar – é postulante a um diploma no curso técnico em química – e para o lazer, fazendo parte do grupo Vibração Sertaneja. “O colono de hoje mudou, sendo fundamental estar atento às novas tecnologias e a tudo que o envolve”, diz. Para o jovem, o agricultor tem sim de trabalhar, mas sem deixar de lado os aspectos sociais e culturais. “São escolhas que fazemos, assim como escolhi permanecer no campo”, pondera.

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