V CBSOJA apresenta panorama da soja precoce no Brasil

22.05.2009 | 20:59 (UTC -3)

O uso de cultivares precoces de soja e os possíveis riscos para a estabilidade da produção no Paraná e no Mato Grosso, os dois maiores produtores brasileiros de soja, foi um dos temas debatidos durante o Congresso de Soja, que terminou sexta-feira (22/05), em Goiânia.

O engenheiro agrônomo da C.Vale Cooperativa Agroindustrial, Enoir Pellizzaro apresentou a realidade do uso de soja precoce no Paraná. Segundo ele, o fato de possuírem um ciclo bastante reduzido as torna muito sensíveis a eventuais adversidades climáticas, pois têm menos tempo para se recuperar. “Por isso o produtor precisa administrar a propriedade dentro de um sistema de produção que minimize ao máximo os riscos, principalmente na região. No sul do país, onde a instabilidade climática é histórica”, comenta.

Enoir Pellizzaro relata que a C.Vale possui em sua unidade experimental um trabalho comparativo entre um sistema de produção com soja bastante precoce e milho safrinha e outros sistemas que envolvem rotação de culturas. “Os resultados econômicos comparativos de 14 anos mostram que a sucessão soja-milho safrinha passa a ser interessante quando utilizada como componente de um sistema de produção”.

Na safra 2008/2009 a estiagem causou grandes perdas aos agricultores paranaenses. De acordo com o pesquisador da Embrapa Soja, Carlos Arrabal Arias, moderador do painel, as cultivares super-precoces apresentam melhores resultados em regiões frias, mas em regiões quentes elas não crescem e apresentam menor produção. Segundo ele, foi isso o que ocorreu na última safra paranaense, quando a seca prejudicou o rendimento das lavouras.

“O produtor deve buscar o equilíbrio entre as vantagens e os riscos do uso de cultivares precoces”, afirma Arias. Para isso, o agricultor precisa ter conhecimento de quais cultivares são adaptadas para cada região, clima e época de plantio.

A soja precoce vem sendo cada vez mais procurada por produtores do Mato Grosso. Atualmente cerca de 50% das cultivares plantadas no Mato Grosso são de ciclo precoce. A afirmação é Clayton Bortoloni, presidente e diretor de pesquisas da Fundação Rio Verde.

Segundo ele, as cultivares iniciais possuíam um ciclo de 130 a 140 dias e hoje os materiais possuem ciclo de 110 a 118 dias, com potencial de produtividade igual às cultivares de ciclo longo. “Sem dúvida nenhuma, teremos cada vez mais necessidade de cultivares com maior potencial produtivo, maior tolerância a pragas e doenças e que sejam de ciclo precoce”, salienta.

O presidente da Fundação Rio Verde também comenta sobre a maior suscetibilidade das cultivares precoces aos estresses climáticos, mas afirma que atualmente os materiais desenvolvidos estão muito bem adaptados.

Segundo ele, no Mato Grosso há 29 anos não há ocorrência de veranicos com período superior a 12 dias entre os meses de dezembro, janeiro e fevereiro. Pelo contrário, o que tem ocorrido são períodos com excesso de chuva. Portanto, Bortoloni afirma que, na média dos últimos anos, quem mais tem perdido são as cultivares tardias. “Quem adotar um sistema de plantio direto bem feito, não vai perder a produção com um veranico de 15 dias, mesmo usando material precoce. Além disso, é mais fácil escapar de ferrugem e de pragas de final de ciclo utilizando soja precoce do que com cultivares tardias”.

Mariana Fabre

Embrapa Soja

(43) 3371-6078 / (62) 3219-3450 /

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