UFSCar e Fundecitrus desenvolvem estudos na área de repelentes naturais para controle do inseto transmissor do greening

Compostos que repelem o psilídeo devem ser testados em um ano

31.01.2018 | 21:59 (UTC -3)
Comunicação UFSCar

O greening (huanglongbing/HLB) é uma das mais, senão a mais destrutiva doença da citricultura brasileira. Os últimos dados indicam que 16,73% dos pomares de citros do Estado de São Paulo e do Triângulo Mineiro foram atingidos pela doença no último ano. Em números: são 32 milhões de árvores infectadas. Pensando nisso, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estão desenvolvendo conjuntamente inseticidas naturais que possam combater a doença.


O greening é causado pelas bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus, transmitidas para os pomares pelo psilídeo Diaphorina citri. O inseto é comumente encontrado na planta ornamental Murraya spp., popularmente conhecida como murta ou dama da noite. Quando as plantas estão infectadas, a solução é eliminar as árvores, evitando, assim, que o psilídeo transmita a bactéria para as plantas sadias.


Rodrigo Facchini Magnani, pesquisador do Fundecitrus, explica que a pesquisa em parceria entre a UFSCar e o Fundo objetiva desenvolver compostos voláteis (aromas) com propriedades repelentes e atraentes ao psilídeo, ou seja, capazes de repelir os insetos dos pomares de citros e atraí-los para outros locais. Uma medida eficaz já que o inseto não afeta outros tipos de planta, nem causa riscos à saúde humana. 
Como parte desta cooperação, foi adquirido um equipamento pelo Fundecitrus e instalado no Laboratório de Bioquímica Micromolecular de Microorganismos (LaBioMMi), coordenado por Edson Rodrigues-Filho, docente do Departamento de Química (DQ) da UFSCar e que está atuando no projeto. Em 2007, o Laboratório adquiriu, com recursos advindos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), um cromatógrafo a gás acoplado com espectrometria de massas (GC-MS). Esse aparelho já vem sendo utilizado para o estudo de compostos voláteis que possivelmente estariam envolvidos com o transmissor do greening. As pesquisas focam as moléculas produzidas por plantas que são repelentes ao psilídeo.


O equipamento adquirido pelo Fundecitrus, o Dessorvedor Térmico, é conectado ao GC-MS e permite investigar melhor as moléculas estudadas, além de ter papel fundamental na maneira de coletar as amostras, já que a coleta tem que ser feita no estado natural da planta, sem interferências. O equipamento possui tubos com adsorventes, onde são concentradas as moléculas que formam os odores coletados da planta. Em seguida, é passado um gás aquecido nos tubos, conduzindo as moléculas para o cromatógrafo e espectrômetro de massas, podendo assim serem identificadas e quantificadas. "Além do estudo em parceria com o Fundecitrus, o equipamento irá auxiliar nas outras linhas de pesquisa desenvolvidas no laboratório", explica Rodrigues-Filho. A previsão é que os compostos sejam testados em um período de um ano.


A cooperação entre a UFSCar e o Fundecitrus também abrange a área de ensino. "O acordo permite que os alunos do mestrado desenvolvido no Fundecitrus façam disciplinas na UFSCar e vice-versa, além de utilizar da infraestrutura de pesquisa", afirma Magnani.

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