Participação do sebo na produção de biodiesel
A preocupação com a liquidez do trigo para a próxima safra na Região Sul foi discutida no V Fórum Nacional do Trigo, realizado em Erechim/RS, quarta-feira (12/05).
O evento reuniu cerca de 600 pessoas, representando diferentes setores da cadeia produtiva do trigo no Brasil.
A redução da área semeada com trigo na Região Sul está estimada em 16% no PR (Deral/PR) e 8% no RS (Emater/RS). Na última safra, a produção nos estados do Sul foi de 4,6 milhões t, cerca de 92% da produção nacional. Para o representante da OCEPAR, Robson Mafioleti, o limite de produção seria de 3,5 milhões t, já que a região consome apenas 30% do trigo produzido. “O excedente de produção que estamos acompanhando agora se deve a dois fatores: geograficamente pela logística, e temporalmente em função da safra ocorrer quando os moinhos já estão abastecidos”, explica Mafioleti.
Segundo a CONAB, o Governo adquiriu 101% do trigo gaúcho da safra 2009 através de AGF (300 mil t), PEP (1,1 milhão t) e Agricultura Familiar (400 mil t). Contudo, representantes do setor produtivo argumentam que ainda existem 500 mil t de trigo estocados nos armazéns de cooperativas e iniciativa privada no Rio Grande do Sul e outras 500 mil t esperando comercialização no Paraná. Com a CONAB, estariam outras 980 mil t em estoques públicos. Para o superintendente da CONAB no RS, Carlos Manoel Farias, o trigo que não foi comercializado seria sobra da safra de 2008: “Não temos como saber o que foi comercializado como trigo de 2008 ou trigo de 2009, mas o Governo pode garantir apenas a safra atual, com base em estimativas que definem o montante de recursos para a aquisição”.
Preço mínimo x mercado
Outro tema muito aguardado pelo produtor é a definição do preço mínimo. Atualmente, o preço mínimo de R$ 530/t é considerado o maior valor praticado no mercado interno entre todos os países produtores de trigo no mundo. A divulgação do preço mínimo para próxima safra deverá acontecer até o final deste mês. De acordo com a CONAB, a formação do preço mínimo segue o critério do quanto o produtor gastou para produzir naquela safra, sem considerar itens como depreciação e uso da terra.
Para o analista de mercado da Serra Morena Corretora, Walter von Muhlen Filho, a maioria dos países que são grandes produtores de trigo recebem incentivos do governo. Na França, o produtor recebe US$ 300/ha (euros por hectare) para cultivar trigo; na Grécia o subsídio chega a US$ 500/ha. No montante total do orçamento da Comunidade Européia, 40% são destinados a subsídio agrícola.
Custo de produção
O coordenador técnico da Cotrijal, Robson Sandri, apresentou uma avaliação desenvolvida durante sete anos no programa de Gestão das Propriedades desenvolvido pela cooperativa. “Em todos os anos, o custo de produção no quesito insumos foi coberto com a venda do trigo produzido, mas não cobriu custos operacionais e de depreciação”, afirma Sandri. Segundo ele, o custo de produção ficou em média de 15 sc/ha (sacos por hectare) e o custo operacional subiu para 35 sc/ha. “Mesmo com bom rendimento, dificilmente o produtor chega a 50 sacos por hectare para viabilizar somente o trigo. Sem pensar no sistema do ano inteiro é preciso manter altas produtividades para viabilizar a cultura”, diz Robson Sandri. No Paraná, um estudo da Embrapa Soja também aponta que rendimentos abaixo de 50 sc/ha (cerca de 3 mil kg/ha) podem inviabilizar economicamente o trigo, com custo de produção que varia de R$ 1.089,49/ha a R$ 1.287,43/ha. Contudo, Sandri lembra que o acompanhamento das propriedades mostrou que o trigo reduz em 6,72% o custo da lavoura de verão, além de incrementar em 18% a renda que circula na economia local. O técnico da OCEPAR também confirma a importância do trigo no sistema para controle de invasoras, além de movimentar maquinário e mão-de-obra. “Ninguém vai aumentar a área de trigo num ano como este, mas separar parte da área para utilizar insumos que o produtor já tem ou fazer um baixo investimento é um negócio interessante”, afirma Robson Mafioleti.
O V Fórum Nacional do Trigo foi promoção da Emater/RS, Embrapa Trigo, Cotrel, Prefeitura de Erechim, URI e Sindicato Rural.
Joseani M. Antunes
Embrapa Trigo
(54)3316.5800 /
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