Trabalhos realizados por mulheres rurais no Rio Grande do Sul concorrem a prêmio em Brasília

22.02.2013 | 20:59 (UTC -3)
Fonte: Assessoria de Imprensa

Sete trabalhos desenvolvidos por grupos de mulheres rurais do Rio Grande do Sul estão concorrendo ao Prêmio Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável, promovido pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres. A iniciativa tem por objetivo dar visibilidade ao trabalho das mulheres no campo, por meio de suas organizações produtivas, no fortalecimento da sustentabilidade econômica, social e ambiental e geradoras de segurança e soberania alimentar no país. As experiências vencedoras serão divulgadas na próxima semana, ainda sem dia definido, no portal

. A cerimônia de entrega da premiação ocorrerá no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em Brasília. Os 10 melhores trabalhos serão premiados com R$ 20 mil, e outros 20 receberão homenagens.

Todas as sete experiências que estão concorrendo ao prêmio recebem assistência técnica da Emater/RS-Ascar. “Trabalhamos com, aproximadamente, 165 mil mulheres rurais em todo o Estado. Um dos nossos desafios é fazer com que as políticas públicas - historicamente direcionadas à família ou à produção da unidade familiar, tendo o homem como interlocutor -, passem a considerar a contribuição da mulher rural como protagonista na propriedade e geradora de renda”, explica a assistente técnica estadual em Gênero da Emater/RS-Ascar, Magda Limberger Tonial.

Além de ampliar o acesso das mulheres rurais às políticas públicas, o serviço de assistência técnica e extensão rural atua também na formação e na qualificação nas atividades produtivas e, no fortalecimento da organização coletiva econômica desse público. “Ao potencializarmos ações que qualifiquem os empreendimentos das mulheres rurais, estamos contribuindo para a emancipação e autonomia delas”, afirma Magda.

As mulheres rurais vêm ocupando espaço significativo nas atividades do turismo, artesanato, agroindústria, segurança e soberania alimentar e da qualificação profissional, o que têm contribuído, segundo Magda, para a inclusão social e produtiva.

Conheça as sete experiências que estão concorrendo ao Prêmio Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável, que tem como parceiros o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Social (Seppir) e o Banco do Brasil.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Soledade, no município de Passo do Sobrado, a Instituição, através de assistência técnica e extensão rural, contribuiu com a organização das atividades produtivas das mulheres rurais, que culminou na criação da Associação de Agricultoras Mulheres Guerreiras. Em 2009, após as integrantes participarem de capacitações no Centro de Formação da Emater/RS-Ascar, foi fundada a Agroindústria Mulheres Guerreiras, cuja atividade principal é o beneficiamento de frutas e hortaliças. A criação da agroindústria teve como objetivos emancipar financeiramente as mulheres, através da geração de renda, inseri-las no mercado de trabalho e valorizar o resgate e os hábitos da cultura local, além de ser uma alternativa à produção de tabaco predominante em diversas propriedades do município. Atualmente, a organização das mulheres e o trabalho da associação é referência para toda a região.

A região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa está duplamente representada no Prêmio Mulheres Rurais que Produzem o Brasil Sustentável. Uma das experiências modificou a vida de famílias do interior de Santo Ângelo, a partir da criação, em 2009, do Clube de Mães Nova Esperança, que se desafiou a constituir uma agroindústria de laticínios voltada à produção de queijo colonial e doce de leite. No ano seguinte, quatro mulheres deram continuidade à proposta, elaborando um projeto de produção, processamento do leite e comercialização de seus derivados, com o auxílio de entidades como a Emater/RS-Ascar e a Secretaria Municipal da Agricultura.

Fazendo uso de mão de obra familiar, produção de leite a pasto e pastoreio rotativo - fatores que reduzem significativamente os custos de produção -, atualmente, quatro famílias produzem em torno de nove mil litros de leite por mês, resultando em um volume mensal correspondente a uma tonelada de produtos destinados à comercialização, distribuídos a 12 supermercados e para os programas de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar e de Alimentação Escolar, do Governo federal.

A outra experiência que concorrerá ao prêmio vem de São Miguel das Missões e trata da trajetória do artesanato em lã na região. A técnica, que perpassa três gerações, iniciou-se com “Vó Angelina”, há mais de 60 anos, quando as peças artesanais produzidas eram trocadas por tecidos e alimentos para a família. Hoje, o grupo de artesanato Vó Angelina, formado por cinco mulheres rurais, produz, através do sistema cooperativo, peças que são comercializadas para diversos municípios da região.

Conforme a extensionista de Bem-Estar Social de São Miguel das Missões, Fátima Zink Primaz, o artesanato veio agregar valor à propriedade, valorizar a criatividade e outras formas de expressão da mulher rural, criando uma nova visão de grupo e uma alternativa de renda.

Da região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim vêm duas experiências. Uma delas é o roteiro turístico “Caminho das Flores, Cores e Sabores”, desenvolvido no município de Ipiranga do Sul e que envolve nove famílias de agricultores familiares de origem italiana, cujas mulheres estão à frente da atividade. A faixa etária das empreendedoras varia entre 35 e 76 anos.

Fruto da parceria entre as famílias, a Emater/RS-Ascar e a Prefeitura de Ipiranga do Sul, o roteiro nasceu em 2008 e teve como objetivo inicial divulgar a beleza e a organização das propriedades rurais. Entretanto, com o passar do tempo, muitas outras ações foram integrando a atividade, como, por exemplo, a comercialização de mudas de flores, de artesanato e de produtos coloniais.

A outra experiência vem de Severiano de Almeida, onde extensionistas da Emater/RS-Ascar, em parceria com outras instituições municipais, desenvolvem um trabalho com grupos de “Horto Plantas”, formados principalmente por mulheres rurais. Os 13 grupos constituídos no município atuam no resgate da cultura e dos conhecimentos acerca das plantas medicinais, reduzindo o volume de medicamentos químicos consumidos pela população.

A construção dos hortos de plantas medicinais é baseada na metodologia do “Relógio do Corpo Humano”, que estabelece uma relação entre as plantas medicinais com os principais órgãos do corpo humano, informando os horários de maior atividade de cada órgão e quais as plantas recomendadas para auxiliar o bom funcionamento do mesmo.

O Grupo de Panificados de Bozano, constituído por agricultoras familiares, de diferentes comunidades rurais de Bozano, município pertencente à região administrativa da Emater/RS-Ascar de Ijuí, iniciou suas atividades a partir da participação em uma feira no município de Ijuí, chamada Feira de Maio, no ano de 2003, com a participação de apenas duas agricultoras familiares.

Atualmente, o grupo é constituído por nove famílias rurais, sendo as mulheres as protagonistas em todo o processo de organização, produção e comercialização, tendo como carro-chefe a produção da cuca sovada italiana. Foram as mulheres que tomaram a iniciativa, primeiro por dominarem a técnica de fabricação dos produtos e, segundo, por sentirem a necessidade de buscar uma renda extra, pensando principalmente no aprimoramento da educação dos filhos. A demanda por mão de obra no Grupo de Panificados proporcionou, também, a inserção de membros familiares que estavam afastados das propriedades rurais, favorecendo a permanência do homem no campo.

Do município de Joia, localizado na região Noroeste do Rio Grande do Sul, vem a outra experiência que está concorrendo ao prêmio em Brasília. Trata-se do Coletivo Mãe Terra, um grupo de mulheres residentes no Assentamento Rondinha que, diante das dificuldades encontradas na chegada ao assentamento, em 1995, principalmente nas áreas de educação e saúde, organizou-se para encontrar as soluções aos problemas enfrentados. Temas de interesse da coletividade eram discutidos em reuniões mensais. Do arranjo organizativo surgiu a primeira iniciativa concreta, a elaboração de remédios caseiros para ajudar a comunidade nos problemas de saúde.

Hoje, o grupo é formado por 24 mulheres e atua em três áreas: fitoterápicos, artesanato e a agroindústria, alcançando mercados institucionais (escolas da rede estadual/municipal) e privado (feiras municipais/regionais, eventos e venda direta).

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