Tomógrafo analisa elementos do solo

02.10.2009 | 20:59 (UTC -3)

Pela primeira vez, a tecnologia desenvolvida pelo Prêmio Nobel de Física de 1927, Arthur Holly Compton, teve uma aplicação direta no estudo de solos. Em sua pesquisa, realizada em 1923, Compton observou que ao expor determinado objeto a um raio, a onda ganhava dois picos de intensidade em um único comprimento.

A pesquisa desenvolvida pelo pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, de São Carlos (SP) e coordenador-executivo da Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio (RIPA), Paulo Estevão Cruvinel, e seu orientando, Fatai Akintunde Balogun, da Nigéria, vale-se dos estudos do físico norte-americano tem como característica ser um método não-invasivo.

Através da tomografia desenvolvida pela observação de Compton é possível criar um mapa espacial de densidades eletrônicas das amostras. Cruvinel explica que durante o trabalho vários tipos de solo foram estudados em porções de 20 centímetros cúbicos. Em cada uma foram observadas características como a densidade, a umidade e a porosidade.

No entanto, essa não é a primeira vez que pesquisas envolvendo um tomógrafo tem aplicação no campo. O pioneirismo nesse segmento teve início na década de 1980, quando Silvio Crestana, também pesquisador da Embrapa Instrumentação Agropecuária, começou a desenvolver trabalhos nessa área, sobretudo para a realização de seu Doutorado. Cruvinel destaca que para o desenvolvimento do trabalho envolvendo a observação de Compton, foram fundamentais esses estudos anteriores. A tomografia é uma tecnologia que ilumina um objeto com luz radiativa. A partir disso, ele é reconstruído e, posteriormente, analisado.

Segundo Cruvinel, o estudo foi feito, em um primeiro momento, apenas em laboratórios. “A tecnologia tem a vantagem de não ser invasiva”, comenta. O pesquisador ainda acrescenta que por esse motivo, as amostras de solos coletadas e estudadas não passaram por nenhum tipo de interferência. A observação do fenômeno leva em consideração fatores que as credenciem como aceitáveis. Uma delas é o número incerto de fótons, que é atenuado pelo feixe incidente ou espelhado. A participação de Balogun também é ressaltada por ele. “Esse trabalho é uma cooperação entre Brasil e África. São povos irmãos e trazem também a questão do solo tropical, comum aos países”, afirma.

Michel Lacombe

Portal RIPA

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