Tecnologia amplia valorização da soja brasileira no mercado

Startup aposta em análise de proteína, óleo e umidade para garantir preço mais justo ao produtor

19.12.2025 | 14:32 (UTC -3)
Ceci Anett

A soja brasileira, peça central do agronegócio e reconhecida mundialmente, carrega um potencial de valorização ainda subexplorado. A qualidade intrínseca do grão, especialmente seu teor de proteína e de óleo, tem peso crescente nas negociações internacionais. Mas apesar do alto teor proteico e do potencial superior de extração de óleo do grão nacional, boa parte dessa vantagem competitiva se perde por falta de análises precisas no momento da negociação.

A startup FIT (Fine Instrument Technology) aposta que tecnologia e cultura de análise podem mudar esse cenário. Daniel Consalter, CEO da FIT, lembra que a soja brasileira apresenta, em média, 2% a mais de proteína do que a norte-americana, segundo estudos da Embrapa. A diferença, que pode representar de 33% a 38% do valor no grão destinado ao processamento, é reconhecida e remunerada em diversos mercados externos, onde a análise de proteína é mandatória. “No Brasil, porém, a maior parte dos produtores ainda comercializa sem conhecer o real potencial do produto. Essa é uma qualidade que já existe, mas não é capturada. O produtor perde valor simplesmente por não medir”, afirma Consalter.

A diretora de inovação da empresa, Silvia Azevedo, reforça a urgência de difundir a cultura de análise dentro da porteira. “Há produtores comercializando soja superior sem saber. Criar o hábito de medir é o que permite transformar qualidade em receita”, diz ela.

Além da proteína, o teor de óleo e a umidade são outros indicadores centrais na formação de valor. O debate que vem pautando as negociações comerciais internacionais sobre a revisão do padrão de umidade - de 14% para 13% - recoloca em evidência a necessidade de controle fino desses parâmetros. Pesquisas reconhecidas globalmente mostram que umidade elevada acelera perdas de óleo e proteína, favorece fermentação e proliferação de insetos e microrganismos, elevando custos de armazenagem e comprometendo a qualidade. Controlar esses parâmetros se tornou requisito para disputar mercados globais cada vez mais exigentes.

A tecnologia de Ressonância Magnética Nuclear (RMN), neste novo cenário, tem ganhado tração no agro. A técnica permite mensurar rapidamente proteína, óleo e umidade sem destruir a amostra, sem reagentes químicos e sem gerar resíduos. Em parceria com a Embrapa Instrumentação, a FIT desenvolveu o equipamento SpecFIT, que realiza análises rápidas e assertivas utilizando ressonância magnética, para o setor agrícola e industrial.

A ferramenta tem trazido objetividade às negociações, evitando perdas por secagem inadequada e reduzindo a subvalorização do grão. A adoção da RMN tende a alinhar o mercado doméstico aos padrões internacionais e fortalece a competitividade da soja brasileira em um ambiente global cada vez mais exigente. “A tecnologia pode colocar o produtor no centro da negociação, munido de dados concretos. É um passo para tornar a cadeia mais eficiente e mais lucrativa”, completa Consalter.

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