Tecendo Cidadania vai qualificar e formar tecelãs no Oeste da Bahia

15.04.2010 | 20:59 (UTC -3)

Oferecer oportunidade de emprego e renda a mulheres da comunidade local através do artesanato que utiliza o algodão como matéria-prima é um dos objetivos centrais do Projeto Tecendo Cidadania, da Associação Baiana dos Produtores de Algodão - Abapa.

Idealizado pela produtora rural Zirlene Pinheiro, que, juntamente com o marido, Célio Zuttion, cedeu o espaço para a instalação da oficina, o Tecendo Cidadania já treinou a primeira turma de mulheres, com faixa etária entre 35 e 70 anos, e inaugura hoje, às 17h, a Oficina de Tecelagem, instalada na localidade de Roda Velha de Baixo, distrito de São Desidério, a cerca de 180km de Barreiras.

A casa onde funcionará a oficina tem aproximadamente 100 m2 e foi adaptada e equipada com recursos do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão- Fundeagro, que investiu nesta primeira etapa R$ 40 mil na aquisição de instrumentos como teares, rocas, urdideiras, meadeiras, cardas, descaroçadores, e espuladeira. O Fundo já aprovou mais R$50 mil para serem investidos nos cursos de capacitação, viagens de promoção do artesanato do Tecendo Cidadania, além de divulgação da iniciativa e de seus produtos.

“A importância deste projeto para o Fundeagro é o fato de que ele representa um investimento dos produtores de algodão da Bahia em melhoria da qualidade de vida das pessoas que estão ao nosso redor. É um investimento em qualificação profissional que possibilita o trabalho e a conseqüente melhoria na renda das famílias”, afirma o presidente do Fundeagro, Ezelino Carvalho.

Entre os dias 15 e 19 de março últimos, foi treinada a primeira turma. As alunas já traziam alguma noção de tecelagem em teares artesanais. Com o curso, além de reciclarem os conhecimentos, aprenderam sobre o processo de transformação do algodão em capulho em fio. Segundo a Abapa, estas primeiras mulheres treinadas serão multiplicadoras de conhecimento na comunidade. A Abapa e o Fundeagro promoverão ainda o acesso das tecedeiras a eventos, como feiras e exposições e a divulgação dos trabalhos realizados por elas.

Além das técnicas de artesanato em algodão, haverá temas como cooperativismo, e outros, que permitirão a estas mulheres encontrar o caminho da sustentabilidade econômica. O objetivo, segundo o presidente da Abapa, João Carlos Jacobsen, é que elas constituam uma marca própria, que permitirá agregar valor à produção e facilitará a divulgação da sua arte. “Esta é mais uma importante iniciativa de Responsabilidade Social da Abapa, que traz benefícios diretos à região, através da instrumentalização da comunidade para a garantia de renda”, afirma Jacobsen.

A capacitação foi executada por uma equipe técnica da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), coordenada pelo Chefe do Centro de Formação de Agricultores Familiares do Vale do Iuiú, Fábio Silveira Lima.

Valor social

Roda Velha, no cerrado baiano, concentra as lavouras de algodão do município de São Desidério, maior produtor brasileiro de algodão, que, conforme dados da Secretaria Municipal de Agricultura, colheu 148 mil toneladas de algodão em pluma em 2009 e deve alcançar 196 mil toneladas este ano. A comunidade de Roda Velha de Baixo é antiga e está localizada fora do núcleo onde se concentra a cotonicultura. A população masculina em geral trabalha nas fazendas. Já as mulheres em sua maioria são donas de casa, sem renda para contribuir com a família. “Percebemos que elas passam a vida inteira nesta condição e que sua vida poderia ser melhor se desenvolvessem um talento, ou aperfeiçoassem os que já possuem”, explica a produtora rural Zirlene Pinheiro, que idealizou o projeto, inspirada em uma iniciativa parecida no Mato Grosso.

A meta de Dona Zirlene, como é conhecida, é inserir as mulheres no comércio regional, a princípio. Já o sonho é mais audacioso. “Penso que com a capacitação, a profissionalização e o cooperativismo, as peças confeccionadas poderão ser exportadas, porque há um considerável mercado para artigos artesanais que, além de belos, trazem consigo o valor social”, diz a produtora.

Fonte: Imprensa Abapa - (71) 3379-1777

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