Simpósio de Agronegócios discute manejo de pragas das lavouras Bt e ameaça da <i>Helicoverpa</i>

12.06.2013 | 20:59 (UTC -3)
Gabriel Faria

As boas práticas para o manejo de pragas nas lavouras geneticamente modificadas e o surgimento de novas ameaças, como a Helicoverpa armigera foram alguns dos temas discutidos durante o 7º Simpósio Regional de Agronegócios. O evento promovido pela Acrinorte, em parceria com a Embrapa, terminou nesta terça-feira, no auditório da Embrapa Agrossilvipastoril, e faz parte da programação da 29ª Exponop.

Mais de 200 pessoas participaram dos dois dias de Simpósio, que contou com uma programação diversificada, com temas de interesse dos agricultores familiares, dos pecuaristas e dos lavoureiros.

A preocupação com a ocorrência em Mato Grosso da lagarta Helicoverpa armigera, causadora de grande prejuízo nas lavouras da Bahia, foi abordada pela pesquisadora da Fundação MT, Lúcia Vivan. Segundo ela, os danos foram potencializados pela seca, que propiciou o desenvolvimento da praga e reduziu a eficiência dos produtos utilizados.

Em Mato Grosso, as populações identificadas ainda são pequenas. Mesmo assim, é preciso ter cuidado.

“Precisamos realizar o manejo de forma correta, ter mapeamento dela, observar onde estar ocorrendo e trabalhar com monitoramento para detectar esta população”, afirma.

A identificação da Helicoeverpa armigera é difícil de ser feita na lavoura, sendo necessária avaliação em laboratório. Por isso, a pesquisadora alerta para que os produtores que suspeitem que determinada população do inseto seja da espécie armigera enviem amostras para as instituições de pesquisas e universidades do estado para que os taxonomistas possam fazer a confirmação.

Ainda segundo Vivan, instituições de pesquisa e de classe se reunirão nesta quinta-feira (13), na sede da Famato, em Cuiabá, para formar um programa de manejo e controle da lagarta.

Os danos causados pela Helicoverpa podem ser reduzidos com a adoção de práticas como o manejo integrado de pragas nas propriedades. Esta forma de controle é importante também para evitar a quebra da resistência de pragas às culturas geneticamente modificadas, como as cultivares Bt.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Rafael Pitta, que fez uma apresentação sobre o tema durante o Simpósio, o manejo integrado de pragas é fundamental para que se evite a perda da tecnologia.

“Manejo são formas diferentes de controle feitas de maneira integrada e adotando o critério do monitoramento, que é o de sempre utilizar só quando atingir o nível necessário”, explica.

Segundo o pesquisador, é preciso que o produtor utilize diferentes ferramentas de controle, sendo a cultivar Bt apenas uma delas. Assim evita-se a seleção de organismos resistentes ao controle.

“Você pode ter indivíduos que selecionam resistência para uma determinada tática de controle, por exemplo o Bt. Mas, se você utilizar junto o feromônio, que é uma outra ferramenta, a chance de ter problema de resistência às duas formas de controle é menor”, exemplifica.

Outro aspecto importante para evitar a seleção de organismos resistentes é a manutenção das áreas de refúgio, onde ocorre a multiplicação de indivíduos suscetíveis.

Para o técnico agrícola Júlio Dutra, as palestras do Simpósio aumentaram suas informações sobre temas recorrentes no trabalho desenvolvido no campo.

“Estas informações possibilitarão que a gente leve para campo e vai enriquecer nosso trabalho no dia-a-dia”, disse.

O 7º Simpósio Regional de Agronegócios contou também com palestras sobre cultivo de hortaliças na região Norte de Mato Grosso, boas práticas para a qualidade do leite, cultivo de soja em áreas de pastagens, nutrição de bovinos de corte em confinamento, gestão na pecuária de corte e mercado de commodities.

Segundo o coordenador do evento, Agenor Pelissa, a edição deste ano do Simpósio teve como maior êxito a maior participação de produtores.

“Tivemos um bom número de produtores presentes. Com destaque para a programação destinada à agricultura familiar, em que tivemos a participação de um grupo grande de assentados”, afirma.

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